sábado, 1 de novembro de 2008

Visitas de estudo

Rua de Monsaraz
Visitas de estudo



Com todo este enredo destes “alumbrados” que mandam, estão cada vez mais em causa as visitas de estudo. E a contradição é evidente: os programas das disciplinas aconselham a fazer dezenas de visitas de estudo, o dinheiro para pagá-las só aparece do bolso de alguns, que não do Estado, e os professores são cada vez mais penalizados por fazê-las, por causa deste estatuto que foi decidido mas não discutido, por causa destas inúmeras regulamentações e interpretações a que estamos sujeitos e por causa destas mentalidades anteriores à segunda metade do século XVIII. E destas avaliações penalizadoras , sem eficácia e sem sentido.

Agora, se algum professor fizer uma visita de estudo, tem que deixar planos e repor aulas para os alunos de outras turmas. Imagine-se o que é fazer um intercâmbio com escolas estrangeiras, coisas normais em qualquer país europeu, coisas normais noutros países que assim vão aproveitando os subsídios europeus que nós, dirigidos por gente que se acha inteligente a si própria, desperdiçamos a favor dos outros. Ainda por cima num país que esteve tão isolado durante tanto tempo e que precisa desesperadamente de ter gente mais conhecedora e mais aberta.

É o provincianismo suburbano que manda em nós. Nem são rurais, que aliás desprezam, nem têm consciência do que é ter acesso a uma cidadania.

Há quem não faça, ou não queira fazer ideia, do que é organizar uma visita de estudo. A preparação necessária, a planificação (não a do papel para mostrar) dos tempos, dos lugares, das necessidades, dos objectivos, dos meios, transportes e outros, dos contactos, do conhecimento prévio do terreno, dos orçamentos, das imprevisibilidades, etc. E o estar naquele, ou naqueles dias, com uma atenção permanente e o resolver dificuldades inesperadas

Também não conhecem o gozo de verem gente nova espantada com as coisas que há no mundo!

Há quem não faça ideia da falta de oportunidades dos alunos de conhecerem isto ou aquilo. Não é só uma questão de dinheiro. Quantos alunos não dizem que já foram a Lisboa mas afinal só conhecem os hipermercados. Não terão direito a conhecer outras coisas? Ou será que conhecer arte, música, património etc. estará só destinado àqueles que já pertencem à elite?

Se perguntarmos a ex-alunos do que é que se lembram da escola, passados uns anos do que é que se lembram? Recordam-se de um ou outro professor que os influenciaram, têm saudades dos intervalos e dos colegas, lembram-se também de alguns maus momentos. E lembram-se das visitas de estudo em que aprenderam alguma coisa.

Por favor. Que haja algum bom senso, mesmo que não haja visão e, já agora, um pouco de cultura.

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