terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ruas de Tavira






A toponímia antiga revela quase sempre qualquer coisa sobre o local, quem ali vivia, o que se fazia.
A rua Borda D'Água da Asseca é bem explícita: junto ao rio que até aqui se chama Gilão e depois passa a ser Asseca ou Séqua, sendo asseca ou acéquia um curso de água.
A história dos fumeiros não a conheço; o que sei é que havia (e há)uma técnica de conservar a carne ou o peixe através do fumo. E Tavira era uma cidade portuária e exportadora.
Sobre a Corujeira é que não conheço a história nem adianto palpites.




segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Mausoléu em Mértola






Foi recentemente descoberto, durante obras na rua, em Mértola, o que parece ser um mausoléu do séc. VI. Disseram-me também que foram encontradas inscrições em grego, o que não admira, dado que em lápide junto à antiga basílica paleo-cristã também já tinha aparecido outra na mesma língua. Além disso o grego era uma das mais importantes línguas francas do Mediterrâneo e o Império Bizantino continuava a ser uma grande potência.
E era do Oriente que vinha a luz.

Qualidades da língua portuguesa: "língua perfeita e uma das melhores do mundo"


“ser copiosa, boa de pronunciar, breve no dizer, que escreva o que fala e que seja apta para todos os estilos.”
in Manoel Severim de Faria, Discursos Varios Politicos, Evora, Universidade de Evora, 1624
(sem acentos, porque na época não se usavam nas esdrúxulas)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Mina de S. Domingos (Achada do Gamo)










Assim ficou a Mina após o abandono nos anos 60.
A Mason and Barry explorou o subsolo. A La Sabina ainda é proprietária.

Os mineiros foram para a Margem Sul do Tejo, para França e Canadá e outras partes; alguns só ganharam o direito a ter passaporte como indemnização de tantos trabalhos e problemas pulmonares. A poluição e as ruínas por cá ficaram.

Athenae Athenarum


A Atenas actual talvez só tenha alguma relação com a Atenas do século V a.C. por causa das ruínas e do porto do Pireu. Do porto, porque a Grécia continua a ser uma potência naval, no que diz respeito a estaleiros, navios matriculados e turismo. E ruínas porque lá tem ainda as ruínas gregas e romanas (que turcos ou ingleses não levaram) e as ruínas de uma especulação imobiliária demente.
As ruínas do Parthenón, as Cariátides (na imagem) são sublimes; o resto é a concentração de mais de um terço da população numa Península-Cidade, poluída visualmente, poluída pelos gases e pelo ruído, poluída pela corrupção.

Não seriam necessários muitos pretextos para haver revoltas urbanas.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Santana de Cambas e a Mina







Santana de Cambas





Sinalética em Santana de Cambas, terra de antigos mineiros e de gente que sabe cantar:
"Moreanes é meu Povo
Minha Aldeia é Santana ..."
A drogaria tem o nome do dono, o mini-mercado o da proprietária, os Sapos é uma povoação, a Mina era dos ingleses, a barragem dos espanhóis e o cemitério de toda a gente.
O café já abriu.
Também uma homenagem ao presidente da Junta. Não o conheci; mas o que sei é que a actividade política das juntas de freguesia é das mais nobres, em que se participa quase anonimamente sem quase nada receber em troca, nem direito a promoções na carreira.
As casas continuam alvamente brancas e asseadas

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

FALAVAM-ME DE AMOR

Deus Mitra, nascido a 25 de Dezembro
FALAVAM-ME DE AMOR

Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.

Natália Correia, O Dilúvio e a Pomba, Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979

Canção tão simples

Quem poderá domar os cavalos do vento
quem poderá domar este tropel
do pensamento
à flor da pele?

Quem poderá calar a voz do sino triste
que diz por dentro do que não se diz
a fúria em riste
do meu país?

Quem poderá proibir estas letras de chuva
que gota a gota escrevem nas vidraças
pátria viúva
a dor que passa?

Quem poderá prender os dedos farpas
que dentro da canção fazem das brisas
as armas harpas
que são precisas?

Manuel Alegre Portugal

Em manutenção

Estive alguns dias com uma gripe, ou, à falta de outra explicação, com uma virose e bronquite sucedânea. O que sei é que tinha febre e tosse, o que parece que até é bom. Embora não sendo mau não tinha disposição para mais nada.
Mal comecei a estar quase em condições levei com os testes, as avaliações, trabalhos atrasados, tudo em cima e ao mesmo tempo.
Agora espero pelo Natal.

O assalto capitalista ao solstício de Inverno

Imagem do filme "Ivan o Terrível", de Eisenstein, o mesmo realizador que fez a famosa cena do assalto ao Palácio de Inverno, em "Outubro".

O Natal, antes de ser a data marcada postumamente para o nascimento de Jesus, o Deus Menino, que sucedeu a Mitra, como sua mãe a Ísis e às “Vénus” do Neolítico, era a festa pagã do Solstício de Inverno, o dia mais pequeno do ano, quando a falta de luz solar levava os homens a acender fogueiras como contraponto e homenagem à Natureza. Tal como pelo S. João das moças, que elegeram esse ascético semi-nu do deserto ou em alternativa o S. António do menino ao colo, intelectual franciscano e pregador milagroso contra os albigenses, se acendem também fogueiras no solstício de Verão, tempo de festas e outros mais prazenteiros afazeres. Os acertos do calendário, que afinal o ano não é de 365 dias, levaram até a que o Natal já não seja bem o solstício e a que os cristãos orientais por teimosia ou tradição festejem o Natal em Janeiro, tal como os espanhóis com os Reis Magos, tradição que se perdeu por cá, não fossem ainda alguns cantar as janeiras.

A Igreja Católica, uma religião ainda rural, apropriou-se da festa do solstício e este continuou com a sua festa e os homens com o seu culto agrário, durante quase dois milénios.
A revolução industrial foi destruindo toda esta ligação telúrica e o capitalismo achou por bem aproveitar a oportunidade, reconstruindo o mito, reaproveitando e reconstruindo a história em favor do consumo que enriquece as empresas.

E vá de transformar o Natal e o Solstício, fim e princípio de outro ciclo de vida e esperança. Ainda há uns anos eram as crianças, algumas, quem recebia a prenda em nome da renovação da vida. À noite, e as noites eram longas, deixava-se um sapatinho à chaminé, ao calor desse outro sol que era a fogueira da família, o lar. De manhã, bem cedo, levantavam-se as crianças, estremunhadas e sempre surpreendidas com a prenda do Menino Jesus, criança também em crescimento, como o sol que todos os dias se transfigurava num dia maior que o outro.

O Pai Natal era um mito mais nórdico, até associado aos protestantes tal como a árvore com a neve que raramente caía no Sul da Europa. A Coca-Cola deu-lhe ainda outra cor, mais apelativa, ao velho santo, ao santo do ano velho que acabava. Quem tinha imagens juntava musgo, sementes de trigo já germinadas e fazia um presépio. Pinheiros nem sequer se usavam em terras de carrascos, azinheiras, sobreiros e oliveiras. A vaca era o sinal da vida, do leite materno, o burro manso o trabalho em que quase todos se consumiam, os pastores, o retrato do homens, os reis magos do Oriente, a esperança em melhores dias que se iniciavam com o crescer do Sol.

O Natal era para as crianças e com prendas simples. Contaram-me até a alegria de uma criança na Beira, na Terra Fria onde as poucas frutas são ácidas, que recebeu do Menino Jesus a maravilha de uma laranja doce da Baía.

A família juntava-se, era certo, mas os rapazes faziam as suas festas. Em alguns locais do Alentejo chamavam-lhe a Missadura, o que dava azo a pequenos escândalos quando estes já apareciam cantando, levados pelo deus Baco, que há-de haver sempre um culpado qualquer, e dizendo algumas asneiras e piropos às raparigas que estavam na Missa do Galo, meio oficial, meio pagã também.

Mas inventou-se o consumo, que não é mau de todo e dá jeito temporário a quem consome e sobretudo a quem lucra e deixa os outros dependentes. Inventou-se o subsídio de Natal que, em vez de se pagar durante o ano um salário mais justo, acumula-se nas empresas e no sistema financeiro com juros devidos e acumulados por quem o detém, para entregar apenas no final do ano, para que o consumo seja mais rápido e se faça um “potlach” ao agrado de todos em particular e da economia de alguns em geral.
E vá de dar prendas a todos e de encher as ruas de luzes, em vez de fogueiras, das mesmas músicas, de encher as salas de prendas para dar às crianças que desembrulham tudo, se enfastiam depressa com a excitação de exigir mais ainda. E vá de dar prendas às mulheres e homens adultos, à malfadada sogra, aos irmãos com quem alguns se zangam por causa das partilhas das recordações dos pais defuntos e ainda à prima e ao primo, ao amigo, ao conhecido de há tempos, ao outro e à outra que fica mal não dar prenda, até porque já se recebeu uma prendinha da loja do chinês.

E lá se vai o Natal, com as suas alegrias e zangas e o Janeiro que há-de vir para pagar as contas.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Assembleia da República

A ministra foi chamada à Assembleia da República. Nem uma palavra sobre a greve e a contestação nas escolas. Aliás, continua a dizer que os professores são retrógrados.
Todos. Sim todos. Certamente os do PS também. Só ela, os secretários de estado, algum ministro, um deputado e outra deputada é que não.
Diz que está aberta ao diálogo e que até pode haver outro modelo, mas este ano não.
Acusou os outros de não terem projectos. Agora que outros partidos estão a fazer propostas, o governo vai-se embora. É o respeito que tem pela Assembleia da República.

E os deputados do PS o que vão fazer?
E os deputados do PS que até são professores o que irão fazer?
Já saberemos daqui a alguns momentos. Espero que não saiam da sala antes das votações, para fingir que não viram.

E agora, Manuel?

Acabei de ouvir um jovem deputada socialista em defesa do TGV a dizer:
"é necessário que o progresso progrida para andar para a frente"

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

História e Cidadania

Discute-se muito a questão da avaliação dos professores, o estatuto do professor, do aluno etc.
Também se fala em escola pública e cidadania.
Mas estranhamente o ministério não mexe nos curricula e parece que poucos discutem o assunto, como se o único problema da Educação fosse a avaliação dos professores.
Ora, uma disciplina fundamental para o conhecimento das ideias políticas, religiosas, económicas etc., e uma introdução à noção de cidadania, é a História.

Apenas dois exemplos:
- Na maioria das escolas, no 7º ano, os alunos têm uma aula semanal de História, tanto como Área de Projecto ou Educação Moral e Religiosa (opção). Quem poderá exigir conhecimentos a estes alunos?

- No programa de História C, do ensino secundário ( ver http://www.dgidc.min-edu.pt/programs/prog_hom/historia_c_11_(59)homol.pdf e http://www.dgidc.min-edu.pt/programs/prog_hom/historia_c_10_(58)homol.pdf) não há sequer uma palavra sobre a Inquisição em Portugal, como se a repressão física e às ideias durante mais de trezentos anos fosse uma coisa menor. No mesmo programa, no 11º ano, não se estuda a 1ª República em Portugal, apenas aparecendo (quase à boa maneira do Estado Novo) a referência (e cito): 2. Portugal do Estado Novo: O fracasso da 1ª República e a Ditadura Militar.

Mensageiro errado

Cito texto de Vital Moreira
in http://causa-nossa.blogspot.com/

Mensagem errada
O apoio governamental ao resgate do BPP, salvando umas dezenas ou centenas de grandes fortunas nele investidas, só serve para alimentar a campanha comunista e esquerdista de "cumplicidade do Governo com o grande capital". Quando a recessão bate à porta e muita gente vai sofrer com ela, sobretudo por via do aumento do desemprego, não era essa propriamente a mensagem política que o Governo deveria emitir.
Recordo-me do tempo, em 1975/76, quando ia à Assembleia Constituinte, tinha eu 17/18 anos e ouvia aqueles discursos inflamados. Já nessa altura Vital Moreira era contra os esquerdistas mas defendia acerrimamente os comunistas.
Mas ainda concordo com algumas coisas. Tem algum sentido andarmos a apertar o cinto desde há uns anos, a sacrificar-nos pelo déficit e agora ver o governo, já sem reminiscências socialistas, a financiar com os nossos impostos, primeiro o BPN, dos sócios PSD e quejandos, agora o tal Banco Privado a que só acede quem tem centenas de milhares de euros ?
E as Caraíbas meus senhores, como estão?

APPACDM de ÉVORA e outras instituições.


Abriu uma exposição com trabalhos de alunos com algumas deficiências. Nunca é demais mostrar o que é possível fazer contra os preconceitos. Trata-se de cidadania. Conheço quem tenha paralisia cerebral e inteligência superior à de muitos ditos normais.
Quero aqui prestar homenagem à minha prima Isabel de Lemos Rebocho que foi fundadora da instituição sedeada na Quinta do Escurinho e durante dezenas de anos presidente desta instituição.
Mora a metros desta exposição e não foi convidada nem informada.

Em Agosto de 1637

Lápide comemorativa das Alterações de Évora de 1637. Fachada da igreja de S. Antão, Praça do Giraldo.

Foram estes que iniciaram o movimento que levaria à restauração da independência de Portugal. Revoltaram-se contra a prepotência do aumento dos impostos e da redução das liberdades.

Descaramento, insanidade, demagogia? Ridículo.

Apareceu na televisão um secretário de estado a dizer que a esmagadora maioria das escolas estão abertas.
Se este senhor não vê nada, será que ainda é legítimo sequer receber um vencimento do Estado?
Este país merece mais que a farsa do "orgulhosamente sós" (neste caso é até só um).

Praça do Giraldo em dia de greve




















sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Manifestação em Évora. Em 1637.

E, se não tivesse havido o 1º de Dezembro de 1640? Estaríamos a falar castelhano ou a contestar o poder de Madrid, como fazem tantos catalães, bascos e galegos?

Neste dia, o rei de Portugal era o mesmo de Espanha. Em 1580, Filipe II de Espanha e primeiro de Portugal, tinha prometido conservar as leis, a língua e os costumes de Portugal. Mas, no século XVII já estava em curso uma maior integração e um projecto de transformar o nosso país numa província.Em 1640, meses antes de Dezembro, tinha rebentado uma revolta em Barcelona, conhecida por ser a revolta de “els segadors” (à letra, os ceifeiros), descrita pelo português, mas em língua castelhana, D. Francisco Manuel de Mello que ainda teve problemas por defender a nacionalidade portuguesa.Com a revolta da Catalunha, os portugueses conseguiram consolidar a resistência, formar um exército, construir muralhas, visto que as forças espanholas estavam concentradas aí. Évora também sofreu com a ocupação pelo exército de D. João de Áustria.

Mas já em 1637 tinha havido uma revolta popular em Évora, que Severim de Faria tão bem descreve. Repare-se no que se passou, a partir da Praça Grande, hoje Praça do Giraldo:

Choveram no mesmo instante pedras nas janelas e casas do Corregedor, despedidas dos rapazes e pícaros da Praça, os quais, animados com a assistência do Povo, subiram acima e botaram na Praça, furiosa e confusamente, quanto acharam nas mesmas casas do Corregedor e, fazendo uma fogueira defronte delas, se pôs fogo a tudo.Escondeu-se o Corregedor em uns entre-solhos. E, sendo pouco depois achado pelos rapazes, passou aos telhados por uma fresta [...] se recolheu desairoso às casas do Cónego [...], que estão paredes meias com as suas. [...]Continuou a fúria do Povo amotinadamente pela Cidade e entrando em casa de Luís de Vila Lobos, logo na de Manuel de Macedo e de Agostinho de Moura, actuais vereadores, que já esta­vam escondidos, lançaram tudo o que havia nestas casas pelas janelas à rua, e grande parte se trouxe à fogueira que na Praça ardia. E ainda que estes vereadores não haviam entrado na nova diligência de inventariar as fazendas, tinham o ano passado dado consentimento a um novo tri­buto de um real por cada canada de vinho, e outro por cada arrátel de carne, que se vendessem pelo miúdo na Cidade, e porque logo então o Povo replicou, e não consentiu nestes novos reais, a que chamavam de água, executou agora nas casas dos ditos vereadores o ódio que desde aquele tempo havia concebido contra eles. E, querendo declarar mais como não consentira nunca aquele tributo do real de água, foi o mesmo Povo ao açougue e fez em rachas as balan­ças, porque as carnes se arrolavam para este tributo; e correndo às casas dos escrivães, trouxe a queimar na fogueira da Praça todos os livros e papéis que entendeu tocavam ao inventário das fazendas, ao tributo do real de água e também à quarta parte do Cabeção Geral, que o ano passado se havia imposto e em que o Povo do mesmo modo não consentia.Notou-se que em todos estes acontecimentos não houve ânimo nenhum de se furtar cousa alguma; tudo o que se achou nestas casas ou veio à fogueira da Praça ou saiu em pedaços pelas janelas, e tanto assim que até umas panelas de doces, que estavam em casa do Corregedor, vie­ram à mesma fogueira, sem haver quem lhes tocasse para outro efeito.
Foi este dia de grandíssima confusão nesta Cidade, e quase do mesmo modo os três ou qua­tro que se lhe seguiram, porque esta parte vil do Povo, que foi só que se moveu, amotinada em vários troços, andava furiosa de dia e de noite, corria e apedrejava as casas daqueles que nas ocasiões dos tributos se haviam mostrado menos zelosos do bem comum, e, como as justiças não apareciam e os nobres recearam que, se resistissem a este ímpeto, o poderiam acrescentar, acu­mulando-se de novo nos pícaros e maganos, a outra parte melhor do Povo, que não estava declarada, era tudo horror tudo confusão: o Povo se apelidava o Povo se ouvia e, sem ordem nem concerto, o Povo dispunha e executava.
Seguiu quase todo o Alentejo e o Reino do Algarve, e ainda alguns lugares da Beira, o exem­plo de Évora, e sucessivamente se foram levantando com os tributos do real de água e quarta parte do cabeção; e dos lugares maiores só Elvas, Moura e Estremoz ficaram quietos, e os demais foram os movimentos da mesma qualidade que em Evora, mais ou menos segundo a oca­sião do ímpeto, prudência das justiças e resistências dos nobres, que em toda a parte se opuse­ram a estes motins. Lugares houve em que vieram a fogueiras públicas os cartórios civis e cri­mes dos escrivães, em que não havia nada que pertencesse nem a tributos nem a inventários das fazendas.
Manuel Severim de Faria,«Relação do que sucedeu em Portugal, e nas mais províncias do Ocidente desde 1637 até Março de l638», in Alterações de Évora, int. e notas de Joel Serrão, Portugália, Lisboa, 1967, pp. 137-142.

Manifestação em Évora

Apesar da chuva intensa.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amanhã há mais

28 de Novembro - Sul:

Portalegre,18h, Praça da República

Évora, 17h30, Praça do Sertório (junto à Câmara Municipal)

Beja, 17h30, Largo de S.João (frente ao Teatro Pax Júlia)

Faro, 20h30, Coreto do Jardim Manuel Bívar (junto à Marina)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ciudad Rodrigo e os monstros


Ciudad Rodrigo, bem perto de Portugal, também tem os seus monstros na catedral.
Na Idade Média eram representados. Hoje, também alguns se representam.
É interessante este nome Rodrigo que, aliás, é nome de vários reis de Leão e, por sua vez dos visigodos. Do lado de cá, também temos Figueira de Castelo Rodrigo, Castelo Rodrigo. No fundo uma mesma região (de Riba-Côa), dividida entre dois estados.

Avaliadores

Enviei para o programa Prós e Contras uma mensagem. Infelizmente não foi recebida porque o correio desse programa já estava cheio. Pode ser bom sinal ou apenas um critério.
A mensagem era esta:

Um dos problemas deste modelo é o da forma como se escolheram os professores que vão avaliar os outros e a legitimidade destes, o que se relaciona directamente com o concurso de professores titulares.

Com efeito, este concurso apenas teve em conta os últimos sete anos de carreira nas escolas, impedindo que fossem pontuados os cargos de professores com dezenas de anos de carreira que, por uma ou outra razão, tiveram menos cargos nos últimos anos, embora no conjunto da carreira até tivessem participado muito mais que outros. Também, devido a inúmeras mudanças nos curricula, em muitas escolas, deram-se cargos a professores que não tinham suficiente horário lectivo, o que lhes permitiu agora subir mais rapidamente. Os professores que nos últimos anos estiveram destacados ou requisitados nas universidades, direcções regionais etc. (e supostamente essas instituições iriam escolher os experientes para desempenhar funções), foram penalizados nos critérios de concurso. Por exemplo, um professor que estivesse convidado por uma universidade para a formação de professores, foi agora penalizado por não estar na escola, sem aviso prévio.
A situação deu origem a situações estranhas, como na minha escola , em que os professores de Matemática iriam ou vão ser avaliados por um professor de Educação Tecnológica.


Outro problema é a não avaliação prévia dos avaliadores no que respeita, sobretudo, às aulas. Alguns vão ser dispensados mesmo, outros podem (agora) optar por não querer, mas podem avaliar os outros.

Acresce que, como existem quotas, avaliadores e avaliados competem para as classificações de Muito bom e Excelente.

Os próprios avaliadores, sabendo de tudo isto e convivendo com os colegas, sentem-se numa posição desconfortável, dado que até muitos nem sequer estariam interessados nesta função.

Posto isto, um dos problemas que está em causa é a própria legitimidade dos avaliadores que não são reconhecidos como mais experientes que os outros, o que contraria totalmente os pressupostos do próprio modelo de avaliação do ministério.


As "gaffes" de Manuela Ferreira Leite

Não são apenas gaffes, é uma certa falta de jeito e é estar num partido que anda à nora, que não sabe o que é ser coerente e ter uma ideologia, que anda ao sabor da oportunidade, que permite que personalidades burlescas, gastadoras do orçamento se mantenham na corrida à Câmara de Lisboa, que gente com negócios pouco recomendáveis se mantenha na ribalta.

Ao contrário de outros desse partido e do “bloco central”, não me parece que Manuela Ferreira Leite tenha alcançado ou queira alcançar algum benefício pessoal. Mas, se continuar com aquele estilo técnico-financeiro, aquela falta de humor e as reviravoltas entre a admiração pelas medidas do governo e a colagem a reivindicações, também não vai muito longe.

Mas afinal, o que é que se esperava de um partido sem ideologia que, logo depois da fundação se tentou mostrar como social-democrata, sem que ninguém, nem os próprios, reconhecessem qualquer ideologia ou tradição social-democrata?

É que, a social-democracia tem uma história. Vem de uma cisão do marxismo, de lutas e discussões sindicais, como na Alemanha, na Espanha ou na Suécia. Apesar das críticas e dos diálogos, havia uma tradição de luta pelo atenuar da exploração capitalista do mercado sem restrições.

O BPN e o PSD e sócios

Não é estranho o que tem acontecido com o BPN. Mas é estranho acontecer isso com um banco.
Não é estranho em Portugal que, apesar de tudo não é dos países mais corruptos, mas existe aquela cultura do enriquecimento rápido (para alguns), com a fuga às leis e aos impostos, o “jeitinho” como lhe chamam os brasileiros, o “desenrasca “, o “primeiro eu e depois os outros”, a ideia de que quem engana o Estado é o mais esperto, até porque lhes parece que o Estado é uma entidade que merece ser enganada, como se não fosse financiado pelos contribuintes.

É estranho acontecer com um banco. Faz parte da ética capitalista que um banco esteja acima de qualquer suspeita, porque a confiança deve ser inatacável. Mas talvez isso fosse mais nos tempos em que os puritanos respeitáveis dominavam o sistema financeiro.

Vem agora Dias Loureiro defender a sua honra. Os seus negócios passaram, segundo ele, por Espanha, Cabo Verde, Guiné, Marrocos, Angola, Moçambique, Emiratos Árabes, Porto Rico etc. etc. Esteve em todas, conhece o rei de Espanha, Bill Clinton, tanta gente, fala em milhões.
E não sabe de nada e, quando diz alguma coisa é desmentido pelo Banco de Portugal.

Mas não interessa a pessoa, que foi ministro e um dos principais do PPD, mas o que permite isso, e dá para entender que outros estão calados mas também sabem.

O Banco de Portugal é uma entidade que supervisiona. Se há crimes financeiros a responsabilidade é de quem os fez. Não venham agora dizer que a culpa é do Banco porque não descobriu. É o mesmo que dizer que a polícia é que é culpada dos assassinatos.
Até prova em contrário as pessoas são inocentes. E é muito mau que um suspeito seja tratado como se já estivesse condenado. Sabe-se também que vai ser muito difícil provar estes alegados crimes, até porque, quando se trata de muitos milhões e muitas redes, com advogados e contabilistas especialistas, pagos a peso de ouro, com interesses difusos ou claros, há muitas formas de protelar, esconder, insinuar, obstruir a justiça.

O que eu também acho muito estranho é que grande parte dos indivíduos com responsabilidades neste banco e empresas associadas tenham passado pelo governo e sobretudo com o PPD/PSD.
Passar pelo governo e logo dirigir empresas, ganhar muitos milhões com isso, passar de um ordenado de alguns (pouco) milhares de euros para sócio com muitos milhões é aproveitar um serviço que não deveria ser um capital.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Roer a corda?


Há apoiante fidelizados do ministério que dizem que os sindicatos "roeram a corda" em relação ao memorando de entendimento.

Ora estamos quase em Dezembro. Onde é que está esse novo escalão?
Que avaliação de desempenho é que conta? A partir de quando? Janeiro?

Já não existe

Se a avaliação é para a melhoria do sistema de ensino, e se era indispensável a assistência a aulas, então qual é o sentido de só ser avaliado pela prática lectiva quem quer?
O modelo que até ontem era inegociável, hoje acabou. Mal ou bem deixou de ter coerência e foi atingido nos fundamentos.

Iliteracia minha?

No estatuto dos professores, a avaliação de desempenho vem no capítulo da progressão na carreira. Várias vezes perguntei em diferentes reuniões se quem estava no último escalão, também tinha que se submeter à avaliação. Recebi sempre a resposta que a avaliação era para todos.
Quando assinei um documento não o fiz sem pensar nas consequências. E, as consequências, seriam um processo disciplinar por desobediência que, só não teria mais consequências, se fosse uma atitude colectiva. Mas é um compromisso e um risco. Não é um papel que se rasga de qualquer maneira, a não ser, e os próximos dias podem trazer mudanças, que haja uma alteração da situação.

Agora, o que era a semana passada, já não é. Quem não se submeter à avaliação não é penalizado, apenas não sobe de escalão. Ora, os que não têm para subir o que é que fazem? Há uns dias eram ameaçados, agora fazem o que lhes apetecer? Ficam com Bom como na Madeira?

Os avaliadores dos quatro departamentos impostos também não vão ser avaliados, porque seriam pela Inspecção e, afinal, esta não vai avaliar. Portanto, também ficam de fora.

Depois há outra questão que também não percebo.
Em muitas escolas foram assinados documentos em que se suspendia a avaliação; não se solicitava, suspendia-se mesmo. Agora vem a interpretação de que, afinal, as pessoas assinaram como avaliados e não como avaliadores. Isto é, não admitem ser avaliados mas podem ser avaliadores.

Mas o que é isto? Alguém pode conscientemente ser avaliador sem ser avaliado previamente? Quando se suspende, só se suspende uma parte de si mesmo?

É tudo relativo e tudo sujeito a interpretações do momento?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Castelo Mendo. Beira Alta




Os ovos de Fafe e as responsabilidades óbvias

Sigo aqui a ênfase de Vital Moreira em relação ao cumprimento da lei.
Atribuam-se as responsabilidades a quem de direito.


Lei n.º 3/2008de 18 de Janeiro
Primeira alteração à Lei n.º 30/2002, de 20 de Dezembro, que aprova o Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário
[...]
Artigo 6.º
Papel especial dos pais e encarregados de educação
1 — Aos pais e encarregados de educação incumbe, para além das suas obrigações legais, uma especial responsabilidade, inerente ao seu poder -dever de dirigirem a educação dos seus filhos e educandos, no interesse destes, e de promoverem activamente o desenvolvimento físico, intelectual e moral dos mesmos.
2 — Nos termos da responsabilidade referida no número anterior, deve cada um dos pais e encarregados de educação, em especial:
a) Acompanhar activamente a vida escolar do seu educando
[…]
f) Contribuir para a preservação da disciplina da escola e para a harmonia da comunidade educativa, em especial quando para tal forem solicitados;

Artigo 7.º
Responsabilidade dos alunos
Os alunos são responsáveis, em termos adequados à sua idade e capacidade de discernimento, pela componente obrigacional inerente aos direitos que lhe são conferidos no âmbito do sistema educativo, bem como por contribuírem para garantir aos demais membros da comunidade educativa e da escola os mesmos direitos que a si próprio são conferidos, em especial respeitando activamente o exercício pelos demais alunos do direito à educação.

O conceito de literacia do ministério (?!!).

Afinal, as escolas enganaram-se e não souberam ler ou não percebem a metalinguagem inserida nas entrelinhas. Afinal o independentemente da natureza das faltas, não é bem independentemente da natureza das faltas.

A prova pode ser simplificada. Mas o que é isso de ser simplificada? Então vai ou não vai avaliar o correspondente às aulas a que faltou?. E é uma prova, ou serão provas? Se o aluno tem 13 disciplinas ou áreas disciplinares não tem que fazer treze provas? E se faltar mais duas ou três semanas terá que fazer mais essas múltiplas provas e terá que haver mais planos correspondentes. Em que horários, se os professores e os alunos têm os horários preenchidos?

Imagine-se só a multiplicação de provas mesmo “simples”.
E, para quê publicar um despacho mais? E, amanhã o que virá, mais um "atestado de iliteracia" às escolas que não compreendem que o "independentemente" afinal não é bem independentemente e outras coisas semelhantes?
E o regulamento interno é para ser mudado a toda a hora?
Recorde-se que a lei foi publicada no ano lectivo anterior, a meio deste, gerando na altura, uma complicação muito grande sobre a forma como se aplicava a lei se com ou sem efeitos retroactivos. Resolveu-se adiar para este ano, embora fosse para entrar em vigor dias depois.
Veja-se a linguagem utilizada.

Lei n.º 3/2008 de 18 de Janeiro
Primeira alteração à Lei n.º 30/2002, de 20 de Dezembro, que aprova o Estatuto do Aluno
dos Ensinos Básico e Secundário
Artigo 22.º
Efeitos das faltas
[…]
2 — Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino secundário e no ensino recorrente, ou, tratando -se, exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas no 1.º ciclo do ensino básico ou o dobro de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos e níveis de ensino, deve realizar, logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação, na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite, competindo ao conselho pedagógico fixar os termos dessa realização.
3 — Quando o aluno não obtém aprovação na prova referida no número anterior, o conselho de turma pondera a justificação ou injustificação das faltas dadas, o período lectivo e o momento em que a realização da prova ocorreu e, sendo o caso, os resultados obtidos nas restantes disciplinas, podendo determinar.
a) O cumprimento de um plano de acompanhamento especial e a consequente realização de uma nova prova;
b) A retenção do aluno inserido no âmbito da escolaridade obrigatória ou a frequentar o ensino básico, a qual consiste na sua manutenção, no ano lectivo seguinte, no mesmo ano de escolaridade que frequenta;
c) A exclusão do aluno que se encontre fora da escolaridade obrigatória, a qual consiste na impossibilidade de esse aluno frequentar, até ao final do ano lectivo em curso, a disciplina ou disciplinas em relação às quais não obteve aprovação na referida prova.


E agora o despacho a publicar:

1 – Das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória.
2 – A prova de recuperação a aplicar na sequência de faltas justificadas tem como objectivo exclusivamente diagnosticar as necessidades de apoio tendo em vista a recuperação de eventual défice das aprendizagens.
3 – Assim sendo, a prova de recuperação não pode ter a natureza de um exame, devendo ter um formato e um procedimento simplificado, podendo ter a forma escrita ou oral, prática ou de entrevista.
6 – As escolas devem adaptar de imediato os seus regulamentos internos ao disposto no presente despacho, competindo às Direcções Regionais de Educação a verificação deste procedimento.
7 – O presente despacho produz efeitos a partir do dia seguinte à data da sua assinatura.
Lisboa,
16 de Novembro de 2008
A Ministra da Educação
Maria de Lurdes Rodrigues

Conferência de imprensa

A ministra convocou uma conferência de imprensa para aparecer no Telejornal das oito, horas de jantar.
E o que disse?
Que continua a trabalhar.

Olhe, também nós!
Para vir dizer isto mais valia que fosse jantar.
E também nós.

Há que assumir

O direito à resistência existe, mas só deve ser usado em último caso, perante a prepotência, quando são violadas regras fundamentais.
Quando se assina um documento, como tem sido prática em muitas escolas, em que se recusa este modelo de avaliação, não se trata apenas de uma assinatura, mas de um documento público e de um compromisso perante a sociedade, que não pode ser rasgado de qualquer maneira.
E, ao assumir essa recusa, há que ser coerente e propor alternativas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Alternativas

Esta luta dos professores contra este modelo de avaliação, ao contrário do que acontecia há um ano, conseguiu despertar o interesse da opinião pública e da opinião publicada e encontrar algumas simpatias.

Distingo aqui opinião pública de opinião publicada, entendendo que a opinião pública é muito mais vasta e está directamente relacionada com uma massa de pessoas que se interessam e discutem problemas políticos e sociais, assumindo-se como cidadãos. Creio que em Portugal ainda é uma minoria, que vai crescendo. A maioria das pessoas nem sequer se interessa por muitas desta questões, uns porque estão preocupados com o seu dia a dia, os empregos precários, a saúde etc. , ou porque desconfiam sempre do Estado e dos que vivem melhor que eles ou porque se sentem ainda em piores condições, ou até porque confiam que alguém há-de resolver os assuntos. A opinião publicada depende de quem exerce o controlo nos media e, em Portugal, temos muitos comentaristas que enchem as páginas escrevendo sobre tudo e qualquer coisa, em estilo populista, a par de outros que põem problemas e contribuem para a solução.

Portanto, há que ter algum cuidado com o que se lê, até porque nem todos lêem o mesmo ou simplesmente nem lêem ou não se interessam, despertando alguns apenas quando há notícias sensacionalistas. Veja-se também os estudos sobre literacia em Portugal.

Repare-se também numa certa endogamia que existe entre os professores, não apenas a endogamia em sentido estrito (social, os casamentos inter pares), mas a convivência quotidiana, os sistemas de informação e comunicação comuns. Valeria a pena, por exemplo, estudar o impacto dos blogues na classe dos professores (aí creio que é evidente) e fora desses círculos (aí tenho algumas dúvidas e, por vezes, a linguagem muito técnica ou a excessiva adjectivação e estilo indignado em nada ajudam a que outros se interessem pela mensagem).

Nota-se, no entanto, que há uma inversão de posições em muita gente. Se é temporária ou não, veremos. O número de manifestantes impressionou todos, o dia a dia de muitos foi afectado, até porque os professores têm famílias e amigos, antigos colegas de estudo, algum peso até na Assembleia da República, nas autarquias e em outros centros de poder, até na imprensa e, sobretudo na blogosfera.

Mas há uma questão que é frequentemente posta por muitos. Que alternativas a este modelo de avaliação? É uma questão pertinente e necessária. Sem novas propostas pode parecer que toda esta luta foi apenas pela recusa de qualquer modelo.

Por isso, creio que todos os que intervieram neste processo devem propor vias diferentes. Não basta esperar pelos sindicatos, que também têm obrigação disso. E, como vimos, sobretudo nestas manifestações e nas tomadas de posição dentro das escolas, as propostas dos sindicatos são também alteradas pelos movimentos que se constroem .

domingo, 16 de novembro de 2008

Tolerância

«O deísta é um homem firmemente persuadido da existência dum ser surpremo tão bom como poderoso, que formou todos os seres extensos, vegetantes, sensíveis e reflexivos; que perpetua a sua espécie, que pune sem crueldade os crimes e recompensa com bondade as acções virtuosas. O deísta não sabe como Deus pune, como favorece, como perdoa; pois não é tão temerário que se gabe de conhecer como Deus actua; mas sabe que Deus actua e que é justo.[...] Reunido neste princípio com o resto do universo, não abraça nenhuma das seitas, que todas elas se contradizem. A sua religião é a mais antiga e a mais extensa; pois a simples adoração dum Deus precedeu todos os sistemas do mundo [...]. Crê que a religião não consiste nem nas opiniões duma metafísica ininteligível, nem em vãos aparatos ou solenidades, mas na adoração e na justiça [...]. O maometano grita-lhe: "Tem cuidado, se não fazes a peregrinação a Meca!" "Desgraçado de ti se não fazes uma viagem a Nossa Senhora do Loreto" – diz-lhe um franciscano. Ele ri-se de Loreto e de Meca; mas socorre o indigente e defende o oprimido.»

Voltaire, Dicionário Filosófico (1721)

16 de Novembro: Dia Internacional da Tolerância


Voltaire e Locke. Referências ainda necessárias.

Graça do Divor








Igreja do século XVI.
Era daqui que vinha a água para Évora. A "água da prata".