Aqui seguem:
Rimas várias para um jantar
PRÓLOGO e INVOCAÇÃO
Entrem senhoras e senhores
Oiçam esta história de pasmar
A história das dezasseis mulheres
Que ao 12º haveriam de chegar
Até Cristo quando subiu aos Céus
Disse a todos os mortais
Aturem-nas agora vocês
Que eu já não as aturo mais
Também Sebastião, o das setas
Tremeu e levantou a mão
Ao ver tanta carta de condução
E o fazer das curvas rectas
E mesmo Maria Madalena
Com seus choros e alegrias
Quase se arrependeu, mas teve pena
De ver na turma tantas Marias
Mas ó Musa minha adorada
Inspira este teu fiel criado
Dá-lhe palavras e alguma pancada
Pois já devia estar deitado
e descansado
E vós ninfas do límpido Xarrama
Ajudai este pobre secretário
Que Neptuno e Vénus que outro ama
Soltem as mágoas do armário
Foram três anos de falatório
Centenas de horas de bichanar
Noventa vezes dois de Purgatório
Quinhentas horas a reclamar
Às duas por três estou mal disposta
Às três por quatro preciso de sair
Vinte faltas e a mesa posta
Três vezes trinta e três para cantar e rir.
Do décimo ao décimo segundo
Vieram atentas e esperançosas
Chegam com as incertezas do mundo
Partem crianças, chegam fermosas
(esta é para rir; também por causa das calorias e outras
manias)
Alguém disse que isto era as Doroteias
Desengane-se quem isso ouviu
Já ninguém aqui cose meias
São artistas como nunca se viu
Vamos à história e às personagens
O estimado público espera para ver
Alguma atenção e breves paragens
Abençoado seja este prazer
São horas de comer!
ANDANTE (e allegro ma non troppo)
De presidiárias está cheio o mundo
Peregrinemos aqui e além
Seja Sartre o mais profundo
Oito a catorze. Amen!
A verdade acima de tudo,
Alegria, trabalho e amizade.
A protectora do sortudo
Sabe o que é a solidariedade
É uma força da natureza
Sai a ela, à mãe e ao pai
Canta a vida e não tem a certeza
Quer a mudança social ... e vai!
Ribomba o trovão no momento
Desfaz-se no mesmo segundo
E nisto surge um encantamento
Um desejo de mudar profundo.
E espanta-se quando se sente
E o sentir é forma de estar
E é isso que faz a gente
E é esse sorriso que a faz voar
Não é de Tróia mas da terra dura
Sabe o que quer e luta por isso
Segue em frente e fura fura
É ainda uma flor em viço
De profundis levanta a neve
Racional, interroga o mundo
Ajuda os outros, ergue-se breve
O seu discurso é profundo
Olha a criança que já passou
E as contradições que mostra à gente
Será que percebe que já mudou?
E que tem pés para ir em frente?
Não é de Pavia mas vai
Não canta mas segue caminho
Às vezes pensa que cai
Segue em frente, com carinho.
Querem Direito, mas ela não quer
Ela fura, e corre segura
Adora a polémica e o malmequer
Vai fermosa e bem madura
Simplicidade é um dom
Diz tanta coisa sem falar
Tem um jeito simples e bom
Uma forma calma no tratar
Atenta, trabalhadora e simpática
Calma, vai além do que faz
Desde a História à Matemática
Também sabe do que é capaz
Ai essa vontade de dizer mais
Ai esse querer e não saber
Pergunta para onde vais
O caminho é não temer
Sorriso discreto e bem bonito
Simplicidade na forma de estar
Intuição e sentimento límpido
Vontade de ir além e voltar
É uma flor que há-de seguir
Continuam as dúvidas para onde vai
Descobriu algo para onde ir
Ou ainda faz o que não quer ouvir?
Anda a História a nove e tal
Mais uma actriz de carreira
O que pretende afinal?
Devagar sobe a ladeira
EPÍLOGO sem Cântico Final (e com exames à espera)
E sem esquecer os demais
Que no caminho ficaram por ir
Mais do que choros e ais
O melhor é começar por rir!