domingo, 24 de janeiro de 2010

O rio e os homens


Em 2007 foi publicado este livro pela Câmara Municipal de Mértola, fruto de um trabalho que fiz até 2000.
Como já existem poucos exemplares, resolvi colocá-lo também aqui. O pdf não é de grande qualidade e foi o último que me mandaram antes da revisão final, com algumas gralhas. Por isso também as imagens (no final) têm uma qualidade menos boa.
Quem quiser ler ou fazer um download, basta carregar em:
http://www.scribd.com/doc/25722704/O-rio-e-os-homens-a-comunidade-ribeirinha-de-Mertola

Igrejas gótico-mudéjares

Ermida de S. André, Beja
Ermida de S. Sebastião, Alvito
Igreja de S. Maria em Beja


Igrejas gótico-mudéjares ou manuelino-mudéjares: a influência mourisca ou islâmica ainda presente nos séculos XV e XVI no Alentejo.

Eleições para a Universidade de Évora



Num jantar de antigos residentes da Monte Olivete, em Évora, alguns anos depois da juventude.

   Conheço alguns dos candidatos a reitor da Universidade de Évora. Mas há um amigo especial: o Heitor. Conheço-o desde finais de 1974, estava ele na Faculdade de Ciências de Lisboa, onde estudava e onde tinha sobrevivido, sem vergar, a encerramentos da faculdade e da cantina, essenciais a estudantes que não tinham pais ricos. Eu tinha-me candidatado a uma residência universitária, a Monte Olivete, onde ele estava também, como membro da Comissão (após o 25 de Abril eram os estudantes que geriam as residências universitárias). Nesse ano não houve aulas de 1º ano e eu apareci lá, sem avisar e sem conhecer ninguém, imagine-se, para um congresso da CDE, que se transformou em partido. Depois vivi lá cinco anos. Fui recebido à chegada pelo Heitor, sempre com aquele sorriso e vontade de resolver problemas. Sempre à frente e sempre com uma grande capacidade de diálogo e de trabalho. Depois ele saiu, porque trabalhava e estudava, mas continuava a frequentar a residência ali em frente à Faculdade de Ciências.
   Nesses tempos em que se queria mudar o mundo, em que participávamos naquilo que podíamos, sem dinheiro, que também não havia, geraram-se solidariedades que perduram. Alguns dos melhores amigos que tenho foram e são esses companheiros da residência. Todos os anos nos encontramos, em variadas partes do país. Nem sempre todos vão, mas nem por isso deixamos de estar presentes em momentos significativos, nem que seja apenas por algumas palavras.
   O Heitor continua como sempre, activo, solidário, simples, um dia está numa universidade em qualquer país, no dia seguinte aqui em Évora, na universidade, em aulas, em projectos, como vice-reitor, no dia seguinte a organizar viagens a pé nas zonas mais variadas e bonitas do país.
   É essencial discutir a Universidade de Évora (aliás como outras), neste país e nesta região, numa época em que há dificuldades.
   No programa há quatro pontos que são fundamentais e que são prioridades para a região, para a qualidade e internacionalização, que tanta falta faz neste país:
Promoção da Qualidade Institucional
Inserção Regional
Internacionalização
Sustentabilidade

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Citações e in(coerências).

Entre 8 e 11 de Janeiro Vital Moreira e Ana Gomes, ambos deputados europeus pelo PS,escreveram isto no mesmo blogue:

mas os sindicatos tiveram de aceitar aquilo que antes sempre recusaram, designadamente uma avaliação com consequências na carreira e quotas para as classificações mais elevadas. Nunca o teriam feito antes. Nem agora o fariam, se a alternativa não fosse a manutenção do sistema que Maria de Lurdes Rodrigues tenazmente impôs. Não se perdeu tudo...
[…]
Não acompanho a congratulação geral pelo acordo entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores. Quando se cede em quase tudo, como sucedeu do lado governamental, é fácil concluir acordos. Quando se busca "a outrance" a concordância dos interessados, é sempre a parte pública que perde.
[…]
Passa pouco da uma da manhã e acabo de ouvir as notícias de que, ao fim de uma maratona de 15 horas de negociação, a Ministra da Educação e a maioria dos Sindicatos dos professores terão chegado a acordo.
Se assim é, estamos todos de parabéns: a Ministra Isabel Alçada e os Sindicatos, antes de mais. Mas também os professores, os pais e, sobretudo, os alunos.
[…]Mas sobre o que pretendia Mário Nogueira para os professores não restam dúvidas: não era carreira; era circuito de aviário.

 in
http://causa-nossa.blogspot.com/
(sublinhados nossos)

Resumindo: está tudo de parabéns, ganhou a ministra, perdeu a ministra, ganharam os sindicatos, perderam os sindicatos.
Resta esclarecer a definição do conceito de aviário.
Não foi por acaso que o PS sofreu uma grande derrota nas eleições para o Parlamento Europeu.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O acordo entre o Ministério da Educação e os Sindicatos


O problema da Educação não diz apenas respeito aos professores. Mas dizer ou fazer, como a anterior ministra (agora presidente da fundação Luso-Americana, sabe-se lá porquê), que os professores se devem submeter a tudo, é uma falta de respeito e um desprezo pelos direitos dos profissionais, em especial pela liberdade de ensino, sem a qual não há liberdade de pensamento. Os professores são parte da solução.
Outros, que malharam, fugiram para Bruxelas e deixaram de falar no assunto. Ninguém lhes reconheceu a especialidade, mas arrogaram-se no direito de vilipendiar toda uma classe, confundindo propositadamente e em detrimento das qualidades intelectuais que deveriam ter, os conceitos de classe e corporação. Fantasmas de percursos mal digeridos!
A opinião pública que demagogicamente tinha sido manipulada, numa primeira fase ficou atordoada, depois começou alguma solidariedade e compreensão. Ultimamente os principais problemas teriam que começar a ser resolvidos, até porque todos começavam a estar cansados.
Até os próprios professores. Se em 2009 houve manifestações de mais de 120 000, houve também muitos que entregaram os objectivos, contemporizando com o sistema, por vezes pressionados directamente. Algumas dezenas de milhares resistiram, mas espero que não sejam os que acalmaram antes que venham agora criticar quem negociou.
Houve cedências de parte a parte, mas também se provou que os professores não recusavam a avaliação.
Está tudo resolvido? Não.
Recomecemos a discutir. É do interesse do país.

Água, Saúde, Economia e Responsabilidade.

Tivemos, já há longos anos, a garantia de que a água de Évora iria ser potável.
Foi assim que enfatica e agressivamente se ganharam eleições.

Eu, como outros, soube da falta de água em Évora, cerca das 8.00 horas da passada terça-feira, através de uma torneira que não deitava pinga e pela SIC Notícias. E foi através da televisão e rumores que fui acompanhando a situação.

Esperava eu que as entidades locais responsáveis a quem pago o serviço me tivessem avisado de qualquer coisa. Mas não! Desligaram a água, que demora muitas horas até se esgotar e (talvez) esperaram que a população fosse sabendo, como nas aldeias em que uma notícia se espalha depressa através dos canais da vizinhança.

Que ninguém tem confiança na água de Évora há muito é um facto. Longos anos de nova gerência "renovadora" (ou caquética, já deveriam ter feito alguma coisa e, pelo menos, ter a humildade de explicar e avisar dos problemas.

Mas não, a culpa é sempre dos outros. Assumir responsabilidades não é apanágio de quem gosta de assumir o poder de qualquer forma. Hoje até vi no Diário do Sul um comunicado do PS que, para defender a câmara até atribuí culpas à gestão de há 9 anos, mistura o problema da hemodiálise no Hospital, em franco desrespeito pelos resultados científicos e decisões dos tribunais há tanto tempo, e diz que Montemor-o-Novo está cheio de alumínio. Como se todos fossem obrigados a ser analfabetos ou pior, estúpidos! Nem sequer têm em conta as palavras do presidente que disse que o alumínio era dos sais de alumínio do tratamento!

Seria interessante, e não apenas interessante mas necessário, contabilizar os prejuízos.
Quanto custou o fecho de empresas, de escolas, de serviços vários pela falta de água. Quanto custa esta falta de confiança, os boatos pela falta de esclarecimento?

No Inverno costuma chover. Que se saiba não houve nenhuma catástrofe.

Outras empresas, por exemplo a EDP (a custo), quando não fornecem um serviço ou por causa da falta dele ou de prejuízos relacionados, são obrigadas a indemnizações.
Eu, como toda a população, que até é obrigada a ter água canalizada, não assinei um contrato que me obrigue a beber água de garrafões ou a ter surpresas indesejadas.
Um contrato envolve sempre mais que uma parte. Devemos pagar o fornecimento de água; temos direito a água potável, a esclarecimentos sérios e a indemnizações por incumprimento.
E aqui porque não? Pagamos, temos direito a ser ressarcidos.

Património e este estranho clima.


Vi há pouco no Diário do Sul estas informações sobre o Património construído em que a culpa da degradação se deve ao clima e aos tremores de terra, de acordo com entidades responsáveis e responsabilizáveis.
Cheias, quedas de árvores, derrocada de uma casa que estava a ser utilizada como restaurante na vila medieval de Monsaraz e as fissuras existentes no Paço dos Henriques, na vila de Alcáçovas, foram as principais consequências da forte precipitação que ocorreu durante as últimas semanas.
[…]Fernanda Ramos avançou que a Comissão de Protecção Civil foi informada de que na freguesia das Alcáçovas, mais precisamente no Paço dos Henriques, existem algumas fissuras. "A Câmara interpreta essa situação como resultante do recente tremor de terra, agora agravado pela chuva",
A Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) anunciou que vai prestar apoio técnico ao município de Campo Maior (Portalegre) relativamente à salvaguarda das muralhas do castelo que têm registado derrocadas.
"A câmara tem um plano de salvaguarda e a nossa missão passa por dar apoio técnico, acompanhar a autarquia nas suas decisões e efectuar as respectivas avaliações", disse a directora da DRCA, Aurora Carapinha.
As muralhas do castelo de Campo Maior têm registado várias derrocadas nos últimos anos, a última das quais ocorreu na madrugada de terça-feira. A situação está a colocar em risco dezenas de famílias que vivem em condições precárias junto ao monumento.
Embora sublinhe que o plano de salvaguarda que a autarquia de Campo Maior possui deverá ser revisto, para adequar-se ao actual enquadramento legal, Aurora Carapinha explicou que já foi entregue ao município um relatório que indica as "razões" que poderão estar na origem das derrocadas.
"Nós já estivemos no local logo após a última derrocada e estamos a acompanhar o caso e a dialogar com o presidente da câmara", sublinhou.
 Seria um pouco estranho um tremor de terra só afectar o Palácio das Alcáçovas e as chuvas afectarem mais o Património que outros lugares. Deus e a Natureza, conforme se escolha, não são assim tão selectivos.
O que se passa é que o Palácio dos Henriques está já abandonado há muitos anos, as muralhas de Campo Maior também e ainda por cima há uma sociedade e poderes políticos que não se resumem às câmaras (as que têm menos culpa) que consentem esta degradação.
No caso do Palácio dos Henriques, o abandono é tanto mais vergonhoso quando foi neste lugar, um palácio exemplar da arquitectura manuelino-mudéjar, que foi assinado um primeiro tratado em que se dividiu o mundo descoberto e a descobrir entre Portugal e Castela.
No caso de Campo Maior, muralhas que foram importantissimas para a defesa nacional, são agora ocupadas por pessoas que vivem num estado miserável num país da união Europeia.
Seguem imagens antes da chuva e solicita-se ao Estado e não simplesmente às câmaras que faça alguma coisa!


Palácio dos Henriques, Alcáçovas



 
 
Muralhas de Campo Maior

sábado, 9 de janeiro de 2010

O casamento

Esta semana foi tomada uma decisão pela Assembleia da República que constitui uma ruptura histórica.
Histórica como outras ao longo da História. A instituição do casamento mudou ao longo dos tempos. Em geral assumiu a forma pública e entre dois sexos. Actualmente é um contrato entre duas partes livres.Mas há sociedades em que é ou foi poligâmico (veja-se o casamento do presidente da África do Sul), em diversas formas, em que um homem pode casar com várias mulheres ou até em que uma mulher pode ter vários homens. Numas culturas o casamento é durável, noutras não. Na sociedade portuguesa actual já não é assim: o número de divórcios já é superior ao dos casamentos e cada vez se casam menos pessoas.

Na nossa sociedade foi sacralizado pela Igreja Católica, sobretudo a partir do século XVI. Mas também nem sempre foi assim. Na civilização romana não era preciso nenhuma religião para oficializar o casamento e mesmo na Idade Média nem sempre a Igreja se atrevia a meter-se em assuntos de família.

O facto de a moral católica enformar durante séculos, como poder também, não tem sentido em Portugal, uma República separada das religiões, com um interregno não muito claro mas com efeitos impositivos no dia dia totalitário do regime do Estado Novo. A Igreja Católica, as igrejas cristãs, muçulmanas ou outras não têm que interferir no Estado de direito. Ponham-se no seu lugar, que já houve quem abusasse muito. Felizmente o Cardeal Patriarca, que não é chefe da Igreja Católica em Portugal, tem tido até algum sentido pragmático e algum respeito pelas leis. E não deve passar disso porque não há nenhuma religião dos portugueses.

Há um grupo, com muitas assinaturas que quer um referendo. Ora isto põe duas questões: a necessidade ou não do referendo e os direitos.
Quanto aos referendos à partida não valorizo muito a sua necessidade e geralmente são objecto de grande manipulação de grupos não representativos dos cidadãos. Repare-se, por exemplo, na questão da interrupção voluntária da gravidez. Por que é que se tem que referendar as opções dos casais ou das mulheres em relação à gravidez? Que direito têm os outros de mandar na gravidez das mulheres? Ou pensarão que alguma aborta por prazer? Por vezes, referendos, como na Suíça, chegam até ao ponto de aprovar teses racistas, como a da proibição de minaretes. Democracia não é isso. Os direitos fundamentais, desde a revolução francesa, ou mesmo na tradição americana e inglesa, são considerados como inalienáveis e imprescritíveis. Mesmo os que atribuem os direitos a Deus, nessa lógica blasfemam quando se arrogam o direito de interpretar Deus, que para eles é omnisciente.

Mas nas regras da democracia portuguesa quem tem o poder legislativo é a Assembleia da República, com deputados eleitos, por voto universal e secreto, para não haver influências de terceiros. Não é um grupo de 70000 que manda neste país! Mau seria se minorias quisessem mandar nas maiorias para depois ostracizar outras minorias.

Se a questão é de direitos, os direitos não são referendáveis.

Deixem que cada um faça a sua vida, que se case ou que fique solteiro, que viva com uma mulher ou com um homem, que faça vida em comum ou não. Isso é problema pessoal.
É motivo de regozijo, de festa? Para alguns pode ser, para mim não, mas por que é que eu ou outros temos que intervir na vida de cada um?
Tratemos de outros problemas, que não são poucos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A água de Évora novamente


Hoje em Évora não há água na rede. Um dos problemas é o alumínio.
Há uns bons anos, um médico, portanto com alguma formação em Química também, fez declarações e uma campanha contra a CDU, de que ele tinha feito parte como presidente da Assembleia Municipal, acusando a Câmara de tudo. Com esta campanha, com que contou com apoios de muitos lados, e dinheiro a rodos, muita demagogia e muita falta de seriedade científica, conseguiu ser poder nesta cidade, através do aparelho de estado primeiro e depois como presidente.
Esperavam os incautos, os distraídos, e outros de boa vontade que a água de Évora iria tornar-se bebível.
Passaram-se tantos e tantos anos e afinal o rei vai nu, como estava. A água não presta e hoje nem sequer existe.
Hoje não há água em Évora e está quase tudo fechado e com problemas.
Hoje, o presidente da Câmara, que é o mesmo, falou. E até me parece que falou a sério. A água que vem parar à barragem vem inquinada, os remoinhos levantam o que está no fundo, o tratamento é feito com sais de alumínio.
Se é assim, e até creio que é, pergunta-se como é que é possível vir parar tanta porcaria às albufeiras e cursos de água? O que é que se tem feito a montante e a jusante?
Sabemos e vimos que, quando chove mais, aparecem televisões (aparelhos), máquinas, entulhos vários, águas de pocilgas … de tudo, nos regatos imprevisíveis (!), nos ribeiros e ribeiras, albufeiras, rios. O Estado que tanto se preocupa com o tabaco nas garagens é ineficiente com a água!
Sabemos da ineficiência, sabemos que não é fácil resolver os problemas.
Mas passados tantos anos, quem tem estado no poder e conquistou a câmara de Évora à custa do alumínio, apresentando canos na televisão e noutros sítios, com tanto tempo para actuar, por que é que ainda não resolveu o problema da miséria da água de Évora?
Evidentemente que isto não é um problema de uma pessoa que quis conquistar o poder pelo poder, mas de uma máquina com muitos apoios que se instalou aqui e no país.