segunda-feira, 31 de março de 2008

Viajar

Pont Aven, Bretanha


Viajar é também uma questão de gosto. Há formas de viajar diferentes e com diferentes perspectivas. Gosto de ver as coisas a partir de fora, do meu país, e de dentro, quando possível, isto é a partir da cultura local, embora saiba que são muitas as dificuldades em compreender os outros.
Cada vez que viajo compreendo melhor o meu país, valorizo as coisas que acho positivas em Portugal, sinto, por vezes, nostalgia de outras que perdemos por motivos vários, pela pressa em imitarmos o que há em outros, pelo desprezo que temos por algumas coisas boas e pelo que poderíamos ter se utilizássemos algumas forças que temos para incorporar empréstimos de outras partes. Quando chego descubro também coisas por onde passei tantas vezes sem olhar.

Por defeito, como se diz nas Matemáticas, por hábito e cultura, não me tirem o nosso clima, apesar de não ser assim tão ameno, com estas amplitudes térmicas diárias e sazonais. O céu azul e límpido e este calor de Primavera que faz rebentar as primícias, são um privilégio que os países do Norte não têm. O passear pelas ruas e praças encontrando gentes a desoras são coisas em que os países latinos, ou melhor, mediterrâneos, ainda têm vantagens, enquanto outros têm as suas chuvas e neves e consequentes dispêndios de energia que os levam a meter-se em casa.
Mas precisamos aprender com os outros, coisas que não seriam difíceis. Respeitar regras de trânsito, por exemplo, perceber que um automóvel é apenas, e só isso, um meio de transporte e não um prolongamento da habitação privada e de um ego em expansão individualista. E permitir andar a pé ou de bicicleta sem medo de mudar de estatuto e apreciar o ambiente que gerações anteriores preservaram. Ou que nada custa ser simpático quando se entra num café, e dizer bom dia, seja-se cliente ou empregado. O que até tem vantagens económicas: quem se sente bem tratado deseja voltar ou passa a mensagem a outros.

Alinhamento em Carnac

Não foram homens primitivos que fizeram estes alinhamentos. Foi necessário ter conhecimentos técnicos e uma organização social que levasse estas populações a erguer alinhamentos de menhires, de largas toneladas, ao longo de quilómetros, na direcção leste/oeste, nascente/ocidente, de acordo com os solstícios de Inverno e Verão e com o rumo das águas superficiais e subterrâneas.
Civilização, civilizações, que deixaram monumentos na pequena Bretanha (França), na Grã-Bretanha e Irlanda, Galiza e Portugal ..., nas chamadas Finis Terrae, em que um dos traços de união são as comunicações marítimas

quarta-feira, 19 de março de 2008

A dama pé- de-cabra.

A dama pé-de-cabra
(adaptação ao português mais ou menos actual)

Dom Diego Lopes era mui bom monteiro (caçador), e estando um dia na sua armada e esperando quando veria o porco (javali), ouviu cantar em muito alta voz uma mulher em cima de uma penha; e ele foi para lá e viu-a ser muito formosa e muito bem vestida, e enamorou-se logo dela muito fortemente e perguntou-lhe quem era; e ela lhe disse que era uma mulher de alta linhagem, e ele lhe disse que pois era mulher de alta linhagem que casaria com ela se ela quisesse, porque ele era senhor daquela terra toda; e ela lhe disse que o faria, se prometesse que nunca se santificasse, e ele lhe outorgou, e ela foi-se logo com ele. E esta dona era muito formosa e mui bem feita em todo o seu corpo salvando que havia um pé forcado, como pé de cabra. E vieram grande tempo e tiveram dois filhos (…)
E quando comiam juntos, Dom Diego Lopez e sua mulher assentava ele a par de si o seu filho, e ela assentava a par de si a filha de outra parte. E um dia foi ele ao monte e matou um porco muito grande e trouxe-o para a sua casa e pô-lo ao pé de si onde estava comendo com a sua mulher e os seus filhos, e lançaram um osso da mesa e vieram a pelejar um alão e uma podenga sobre ele, de tal maneira que a podenga filou o alão na garganta e matou-o. E D. Diego Lopez quando viu isto, teve-o por milagre e benzeu-se e disse: Valha-me Santa Maria, quem nunca viu tal coisa! E a sua mulher, quando o viu benzer-se, lançou mão da filha e do filho, e D. Diego Lopez segurou o filho e não o quis deixar levar; e ela fugiu por uma janela do paço e foi-se para as montanhas de tal modo que nunca mais a viram nem a filha.
In Livro de Linhagens do Conde de D. Pedro, (adaptação )

A mulher é o diabo. Um diabo maior, porque diabo em forma de mulher. Diabo tem a mesma raiz que Deus. É um Deus antigo que foi vencido pelo novo Deus, o Deus bom. Mas que encanta, atrai. A mulher canta, o homem não, é caçador de animais selvagens, de servos quase indómitos da Mãe Natureza. Ela é formosa, ele não precisa de o ser. Ela é sedutora, orgulhosa de viver nas montanhas e nos bosques, lugares não habitados pelos homens que têm receio do que não é humanizado, civilizado. É “rainha”, de linhagem antiga, dum mundo onde os impulsos da natureza são mais fortes, corporizados na beleza insidiosa e na fealdade do pé de cabra, símbolo da liberdade de andar pelas penhas, e dos instintos não domados. O contrato é aparentemente feito de igual para igual, mas o mundo da Natureza impõe que não haja rituais cristãos, civilizados, portanto.
O inimaginável acontece, o caos da natureza irrompe na ordem: a cadela, fêmea, mata o cão, macho, contra a ordem conhecida pois que no mundo dos animais o macho não mata a fêmea muito menos a fêmea o faz. É uma provocação que põe à prova o juramento feito por amor contra os preceitos estabelecidos. Reage D. Diego, que afinal não conseguiu ser eternamente fiel à Deusa da Natureza com quem tinha feito o pacto, pede a protecção de Santa Maria, a sua mãe simbólica.
A dama foge, desaparece sem retorno, em direcção ao bosque, onde ficará encantada com a sua filha que há-de continuar como a mãe, nos bosques. O filho herdará o poder do pai, o castelo e as montarias, a faculdade de tentar dominar a Natureza indomável, a contradição das origens diferentes e refundação de uma linhagem meio humana meio sagrada, algo diabólica e ao mesmo tempo em luta pela fé.
Mas a mãe não há-de ser esquecida e a irmã voltará a aparecer. Como? E a quem?
E D. Diego o que escolherá?

terça-feira, 18 de março de 2008

Saint Sernin


O meu amigo Hélio recordou-me que a bailia era também cantada por José Afonso.
José Afonso que cantou e recriou poesias e músicas de raiz popular de Portugal, Angola ou Brasil, do cancioneiro medieval e outros mais tardios, Camões, Brecht etc.
Um professor de História que foi afastado do ensino antes do 25 de Abril por ter ideias.
Outra imagem de um capitel românico em Saint Sernin, entre o medo e o desejo do fulgor da natureza, incarnado em figuras como o bode, desde sempre símbolo de pujança sexual e, a partir da cultura cristã, uma representação do diabo. Mas atenção, o diabo em algumas culturas é também uma figura divertida e, por isso, até chamamos às crianças diabinhos.
Dizia Camilo José Cela, salvo erro, que o diabo galego era bem disposto, enquanto o castelhano era negro.
Podia também ser mulher, como na lenda medieval da dama pé de cabra, mulher sedutora e com pés de bode.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Igreja de Saint Sernin. Toulouse, França


Em Toulouse, no caminho para Santiago
Nos capitéis esculpiam-se os monstros e os medos da Idade Média.
Depois bailava-se profanamente, como nesta cantiga de amigo (bailia) de Ayras Nunes de Santiago:

Bailemos nós já todas três, ai amigas,
so aquestas avelaneiras frolidas
e quem for velida como nós, velidas
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá bailar.

Bailemos nós já todas tres, ai irmanas,
So aqueste ramo destas avelanas,
E quem for louçana como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas avelanas
verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos,
So aquesto ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós parecemos,
se amigo amar,
so aquesto ramo sol que nos bailemos
verrá bailar.

Competência?

Infelizmente confirma-se. Começa a bandalhice que se previa. Primeiro eram para ser avaliados 15000 professores, dava-se 20 dias úteis para as escolas se prepararem etc.
Agora fica ao critério de cada um, sujeitos, muitos, a pequenos poderes locais.

Depois da intransigência vem a demissão.
O que virá a seguir? O Feudalismo?

E passaram-se meses a provocar a instabilidade nas pessoas! E continua a usar-se a palavra autonomia! Parece que voltamos à época (Idade Média até finais ao liberalismo, exclusive) em que cada localidade tinha as suas leis, os seus particularismos,os seus privilégios ou falta deles.

Um estado centralista que se mete nas coisas mais pequeninas e que, depois cada um, cada escola que se vire. Mas isso tem consequências sobre a vida de cada um e sobre o sistema educativo.

Negociar um decreto caso a caso, depois de publicado? Aplica-se nuns locais e noutros não? Num Estado de Direito? Num Estado em que se presume que este é uma pessoa de bem?
As leis não são universais?

Cita-se o Jornal de Notícias

Os sete mil professores que têm de ser classificados este ano lectivo podem negociar o seu modelo de avaliação com os Conselhos Executivos das suas escolas. O Ministério da Educação reforça a autonomia dos estabelecimentos e não vai dar indicações sobre um regime mínimo de análise comum. O secretário de Estado Adjunto da Educação reuniu-se, ontem, com a Fenprof e FNE. As negociações falharam com ambas as federações por culpa exclusiva dos sindicatos, afirmou Jorge Pedreira, considerando que "o Ministério fez tudo o que pode".Cada escola, consoante as condições de que dispõe para aplicar o decreto regulamentar nº2/2008, decidirá se avalia os professores de acordo com todos os parâmetros definidos na lei ou só alguns, como as fichas de auto-avaliação e "parâmetros de fácil registo" como a assiduidade. Os sindicatos recusaram a multiplicidade de modelos. Confrontado com a possibilidade de criação de desigualdades pelo facto de um professor ser sujeito a uma avaliação exaustiva e outro não, o secretário de Estado limitou-se a responder que a "desigualdade é o risco que existe de se dar a autonomia às escolas". No entanto, sublinhou, o Governo não deseja que docentes da mesma escola e nas mesmas condições (contratados ou em vias de progressão) sejam sujeitos a parâmetros distintos. Depois, argumentou, a possibilidade de acordos individuais de modelos pretende, precisamente, "acautelar os interesses e objectivos de cada docente avaliado".
in Jornal de Notícias, 15 de Março de 2008

Os partidos portugueses

Os partidos portugueses têm uma história diferente das mesmas famílias europeias, o que em si não é mau nem bom, nem as pseudo-questões morais interessam em política.

Comecemos pelo mais antigo. O Partido Comunista nasceu ainda durante a Primeira República em 1921. Foi formado a partir de elementos anarco-sindicalistas que começaram a divergir após a revolução soviética, com a Federação Maximalista Portuguesa.
Os outros partidos comunistas, entre os quais, os mais influentes na Europa Ocidental, o francês, o italiano, o espanhol, até o alemão, surgiram a partir das cisões da Segunda Internacional, em que uns, chamados “revisionistas”, optaram pelas reformas graduais, tendo dado origem aos partidos social-democratas ou socialistas e outros, agora chamados comunista, proclamaram a revolução como fundamental para atingir o socialismo.
Com o Estado Novo, o fascismo português, tradicionalista, integralista e autoritário, o Partido Comunista Português ficou durante muito tempo isolado do movimento comunista internacional e mais ainda após a guerra civil de Espanha, chegando a ser preterido no tempo de Estaline. Tem uma história de clandestinidade ao longo de décadas, durante a ditadura mais longa da História da Europa Ocidental do século XX que o marcou e ainda marca em parte. Por isso e pelos acontecimentos revolucionários de1974/75, também não acompanhou a tendência euro-comunista dos seus congéneres italiano ou espanhol e por fim do francês.

Nos outros países, continuaram as diferentes formas de propor o socialismo e, durante décadas, comunistas e social-democratas continuaram a reclamar-se do marxismo. Só após a segunda guerra mundial alguns partidos social-democratas começam a proclamar-se interclassistas e novamente a rever o marxismo e por fim, já recentemente, a abandoná-lo a favor de um certo pragmatismo.

O caso inglês, como sempre com a Grã-Bretanha, é diferente. A corrente marxista e até mesmo a tendência trotsquista continuaram presentes no Partido Trabalhista, pelo menos até aos anos 70. No entanto, não houve uma cisão assinalável que desse origem a um partido comunista forte. Tal como os outros, mas mais fortemente ainda no caso inglês, havia uma ligação estreita entre o movimento sindical, com origem nas trade-unions e o próprio Partido Trabalhista era financiado pelos sindicatos. Releve-se que na Inglaterra era muito mal visto alguém que não fosse sindicalizado. Tony Blair acabou com isso mas ainda lá estão as raízes.

O Partido Socialista Português nasceu na Alemanha em 1973, com o apoio de Willy Brandt, ele próprio um resistente ao nazismo e combatente na Guerra Civil de Espanha. Os fundadores eram ex-comunistas ou resistentes republicanos. Em 1973 proclamava-se claramente marxista mas o seu crescimento fez-se em 1974 e 1975 num contexto de ruptura contra o Partido Comunista. O engrossamento de militantes fez-se neste contexto (Nacionalizações, Reforma Agrária ...). Fez-se sobretudo contra um projecto e a favor de outro projecto vago, sem a história longa dos outros partidos social-democratas. Um aspecto “estranho” no Partido Socialista Português, em comparação com os outros da Internacional Socialista foi (e é) a presença de católicos que conseguiram formar um grupo de influência importante, sobretudo durante o governo de António Guterres. Isso seria impossível em França, onde a par de toda a luta secular em torno do socialismo há a tradição republicana de separação entre o Estado e a Igreja que vem da Revolução Francesa de 1789 e da corrente anti-clerical jacobina. Também em Espanha onde a guerra civil marcou uma forte oposição entre de um lado, monárquicos, nacionalistas espanhóis, fascistas e católicos integralistas e, do outro, republicanos, socialistas, comunistas, anarquistas e nacionalistas catalães, bascos, galegos e outros autonomistas. Zapatero ainda é a expressão dessa história. Em Itália onde o Papa só reconheceu o Estado Italiano com Mussolini, o anti-clericalismo e o ateísmo têm também origens antigas.

O PPD, nasceu da Ala Liberal do fim do Estado Novo, com Sá Carneiro e outros, acusados por uns como colaboradores, por outros elogiados como inovadores sem serem revolucionários. Nasceu após o 25 de Abril e construiu-se num ambiente em que, por um lado havia gente que queria a renovação do país de uma forma democrática e por outro, de pessoas que entravam recentemente na política, muitos anti-políticos que não queriam a hegemonia nem do Partido Comunista nem do Partido Socialista. A ideologia nunca foi muito clara.
Ao contrário do PS, do PC e mesmo dos grupos de extrema-esquerda, o PPD poucas ligações tinha com movimentos internacionais. Quis apresentar-se como social-democrata mas ninguém o reconheceu. O CDS tem sido também fruto de equívocos e evoluções, desde o tempo em que ninguém se queria assumir de direita até aos tempos actuais em que oscila entre as colagens e o populismo.

A partir dos anos sessenta e sobretudo após o Maio de 68, cresceram nas universidade os partidos de extrema-esquerda, uns mais libertários e, sobretudo, os chamados marxistas-leninistas, maoístas ou quando se provou a falência da doutrina chinesa, pró-albaneses. Eram grupos pequenos mas fortemente aguerridos. A maior parte foram-se dissolvendo mas , a sua experiência política e organizativa fez com que muitos se tornassem quadros do PPD/PSD e do PS que se tinham tornado partidos de massas mas tinham falta de gente experiente . Aproveitaram também estes partidos, outros que se tinham formado no Partido Comunista que durante décadas era das poucas formações que tinha uma estrutura organizada.

Entretanto, a longa e permanente propaganda do Estado Novo que inculcava insistente nas pessoas que “a política é o meu trabalho” levou a que muitos achassem que a política é só para os senhores que mandam ou dos que “estão contra a Nação”, os perigosos ou aldrabões. No final do Estado Novo era essencialmente essa a ideologia da ANP, que continua a dar frutos.

Se as origens não explicam tudo, até porque não há uma história teleológica, a história recente pode ajudar a compreender alguns aspectos da política actual.

"In taberna quando sumus ..." (Cancioneiro de Carmina Burana).

Ontem, fiquei "meio estarrecido" com uma pseudo-crónica na Rádio Diana. Não vou citar quem a fez para não promover esse tipo de pessoas. Mas, para quem quiser consultar basta ir ao sítio desta rádio e ouvir o "comentarista". É, por estas e por outras, que é preciso apostar num ensino de qualidade, para que daqui a alguns anos diminua o número de indivíduos que mandam palpites ofendendo tudo o que está à volta, na tentativa (vã) de se autopromoverem, sem fazerem o trabalho de casa.
Sou contra censuras. Mas a Rádio Diana poderia ter mais atenção em relação a estas coisas.

Extracto da mensagem que enviei à Rádio citada.

Exmos. senhores.

Gostaria de receber uma resposta sobre o assunto que passarei a referir.

Ouvi ontem uma crónica do senhor (...) que desconheço quem seja.
Fiquei impressionado com algumas afirmações feitas. Afirma que dantes é que havia professores com vocação etc. Como refere, no início, diz que tem mais de 50 anos. Presumo, portanto, que se está a referir à época anterior ao 25 de Abril, em que havia censura e prisões, em que os professores como todos os funcionários do estado tinham que assinar uma declaração em que se “repudiava activamente o comunismo”, na lata acepção que o regime dava a isso.
Uma época, em que os liceus referidos apenas recebiam uma percentagem mínima de jovens. Os outros iam trabalhar desde cedo.
O senhor (...) não gosta também de manifestações de professores. Felizmente que o direito à manifestação foi produto de uma longa conquista e que é um direito incontestável em democracia.
Como também tem o direito de ter saudades do antigamente. Até aqui cada um pode escolher e expressar as ideias de que mais gosta.
Como não o conheço, gostava de saber em que estudos se baseou e qual a sua experiência no ensino, bem como as suas habilitações relacionadas com o assunto em causa. Porque neste comentário não encontrei argumentos nem qualquer sustentação em relação à opinião emitida.
O que ouvi foi uma acusação generalizada em que diz que o Ensino “acolhe todo o tipo de pessoas incompetentes”. Diga-me senhor (...), quantos são os incompetentes e são incompetentes em que aspectos. Como prova isso? Diz também que se trata de uma “geração rasca”. Aqui parece-me que não há qualquer conceito minimamente definível. Deduzo então que não passa de uma ofensa generalizada a dezenas de milhares de profissionais.
E isso deve ser explicado sob pena de ser considerado como alguém que provoca e ofende sem qualquer consideração pela dignidade profissional e pessoal dos outros. Não explicando, as acusações que fez são-lhe muito naturalmente devolvidas.

Para que não haja desculpas nem críticas “no ar” aos anónimos, declaro que não o sou e aqui vão as referências:
Com os melhores cumprimentos.

João Francisco Baeta Rebocho Simas
(...)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Corfu. Grécia. O negócio


Corfu. Grécia. Ócio


Não havia necessidade

Custo a perceber. Não sou estratega nem tenho jeito para tácticas e em negociações não sou dos bons na classificação ou talvez o seja na normalidade.
Mas pergunto-me. Porquê a intransigência e depois os recuos e o passar da bola para os outros? E o continuar da intransigência?
Pretendia-se, de repente, avaliar 150000 professores, a meio do ano, com horários inadequados. Os prazos eram curtos e os critérios inúmeros e sem estudos prévios. As escolas mergulharam num sem número de reuniões, de discussões, até de desconfianças e de alguns que gostam de aproveitar as migalhas.
Humilhou-se, provocou-se fizeram-se discursos prepotentes, demagógicos, libertaram-se fantasmas.
Agora parece que ..., ontem parecia que não, amanhã há-de parecer outra coisa ainda, afinal já não são 150000, são apenas 7000 contratados ou a passar de escalão, as recomendações hão-de vir, mas têm que fazer os instrumentos de avaliação, mas as escolas têm autonomia, se puderem fazem, se não, não fazem, afinal não é preciso assistir a aulas se não houver condições mas se já fizeram muito trabalho então têm que aproveitar e preencher todas essas fichas e ...

Mas o Estado tem que ser uma pessoa de bem!
Se não for uma pessoa de bem, se não acreditarmos num estado de boa fé onde é que vamos parar?

E os eleitos o que é que dizem em relação à inépcia?
No meu entender, o problema deveria ser resolvido pelos eleitos, isto é, os deputados da Assembleia da República e o Presidente da República.

Liceu Nacional de Évora. Ano lectivo de 1973/74

Finalistas do 7º ano do Liceu em 1973/74


Este foi o último ano lectivo do fim do velho Estado Novo. Marcello Caetano ainda sorria nas suas "Conversas em Família" e Américo Thomaz cortava fitas e fazia ora o discurso número um ora o número dois e quando não trazia papel dizia que "era a primeira vez que venho aqui depois da última vez ...".
Na fotografia as meninas ainda estão de bata, obrigatória. Além dos alunos, alguns professores e o reitor, e o senhor Francisco, chefe dos contínuos e "encarregado de educação" de muitos ao longo de várias gerações. Sempre educado e sempre pronto a ajudar, que na altura havia muitos que só iam a casa de vez em quando num tempo em que o telefone era um luxo.
Eramos os alunos 7º ano do liceu. Além do Liceu de Évora, havia no distrito a Secção do Liceu de Évora em Estremoz que começara três anos antes e alguns colégios que não iam além do 5º ano. Havia também as escolas técnicas em Évora e Estremoz e duas mais pequenas em Montemor-o-Novo e Reguengos de Monsaraz, além da Escola Agrícola em Valverde. A Universidade de Évora estava quase a nascer e os Jesuítas começavam a formar futuros sociólogos e economistas.
Hoje, no nosso país, o número de estudantes é cerca de 2o vezes maior do que em 1973.

quinta-feira, 13 de março de 2008

É tempo de reflectir e não parar

Costumo seguir estes conselhos para mim próprio

Antes de agir convém interrogarmo-nos sobre os nossos próprios princípios. Depois adequá-los à prática sem tergiversar nos pontos essenciais. Torna-se fundamental propor ideias e projectos mesmo antes de alguém no poder divulgar ou querer impor os seus. Conhecer a sociedade e os grupos em que vivemos é uma condição necessária, sem prescindir das utopias. Mas utopias desligadas das realidades não funcionam e, insistir nelas, desligadas daquelas, pode levar a efeitos perversos. O tudo ou nada leva quase sempre à perda de tudo o que já tínhamos. Podem até fazer bem aos nossos egos atitudes de rejeitar tudo o que não obedece ao nosso modelo, que frequentemente não é nenhum. Antecipar pode levar-nos a compreender melhor o que outros propõem e prever estratégias. Depois é preciso ver o ponto de vista dos outros, mesmo que sejam os nossos piores inimigos e compreender os diversos patamares onde se podem encontrar em momentos diferentes, aliados, adversários e inimigos de várias qualidades. E humildade intelectual recomenda-se; humilhação não. E neste caso, sem abdicar de princípios, usar as armas dos poderosos contra eles próprios e minar o poder que têm, até porque quem está no poder também tem fraquezas e medos. O processo é dialéctico, e a discussão e a luta dos contrários levam também à absorção e à modificação das posições de outros, e à geração de coisas que serão mais inesperadas se não estivermos predispostos à compreensão dos problemas.

Só as bruxas, os oráculos, os adivinhos e outros semelhantes é que adivinhavam o futuro e mesmo assim, como quando fazemos palpites sobre o tempo do dia seguinte: pode fazer chuva ou sol que teremos sempre 50% de probabilidades de acertar sem esforço. Mas podemos prever e sabemos que se nos mexermos teremos possibilidade de modificar alguma coisa, isto é, não convém que o poder fique totalmente na mão de alguns, sob pena de ficarmos ainda mais submissos àqueles que gostam de ultrapassar o poder que lhes deram.

Vem isto a propósito de todas estas questões relacionadas com o ensino nos últimos tempos.

O que é melhor: Ficar em casa? Rejeitar tudo? Oferecer pretextos e argumentos aos outros? Criticar participando? Participar criticando? Não aceitar princípios que ofendem os nossos e tolerar pormenores? Aceitar pormenores e claudicar perante os nossos princípios? Aceitar ideias contrariadas pelas práticas? Mudar de rumo por sentir uma pequena contrariedade, por uma crítica de alguém que acordou tarde? Desistir por ninharias e trocos ou por pequenas percalços? Indignar temporariamente ou ir até ao fim?

Ser radical não é fazer mais barulho. É ir à raiz dos problemas. E actuar.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Residência de estudantes e benefícios do ensino

Antigos residentes da Residência de Estudantes Monte Olivete em Lisboa

Estive numa residência em Lisboa na segunda metade dos anos 7o. Na época era dos mais novos. Até porque alguns tinham interrompido os estudos e passaram anos na guerra colonial. Durante algum tempo eu era o único que andava em Letras. A maior parte estudavam na Faculdade de Ciências, destes alguns passavam para o Técnico, outros estavam em Economia, Medicina, Direito ....
A maior parte eram de famílias com poucos recursos e pouca instrução. Hoje são engenheiros, professores do ensino secundário e da universidade, médicos, economistas, advogados, alguns políticos de áreas diferentes.
Vamos conseguindo juntar-nos quase todos os anos.
Aqui foi na Madeira. Também lá estou. Procuro não falhar porque se formaram amizades sólidas.

A bicharada

Cães à solta em Mértola à procura de parceira.

Aviso: dado o contexto refiro que a imagem nada tem a ver com a situação política.
Trata-se simplesmente da bicharada no despertar da Primavera. E também de terras onde ainda se podem ver animais à solta, sem trela e sem qualquer perigo.
Mas enfim, a sociedade actual exige trelas para os animais e cartões com chips para as pessoas.

Discussão e comentaristas

O importante é a discussão. Com o mínimo de regras.
Já tenho aqui publicado textos de amigos. Embora não seja muito importante, prefiro que sejam textos que não tenham ainda aparecido noutros lados para não andarmos sempre a ler o mesmo.
Em relação a certos comentários que aparecem em jornais, alguns prefiro ignorá-los. Respeito opiniões diferentes e, em muitos casos, contesto-as. Mas provocações parece-me que nem vale a pena tê-las em conta. Mesmo que seja de pessoas que se consideram importantes. Alguns apenas se expõem ao ridículo quando atacam com raiva sem o mínimo de argumentos.
PARA UMA REFORMA EDUCATIVA A SÉRIO: RANGEL A MINISTRO DA EDUCAÇÃO, JÁ!

Ele aí está, no seu melhor: o homem que disse poder vender um presidente, como venderia um detergente! O sábio doutrinário que proclamou não ser função da televisão educar, mas somente ganhar dinheiro, não importa como! O genial criador do lixo televisivo à portuguesa! O pioneiro dos reality shows, reconhecidamente uma das maiores contribuições pós 25 de Abril para a elevação do nível cultural do povo português!

Ele aí está1 E na sua missão sagrada de educador das massas, de sentinela da ordem, de defensor implacável de uma escola de “cólidade”, insurge-se, muito justamente, contra 100 000 malandros que travestidos de professores, invadiram Lisboa no último sábado, guinchando mais alto que os figurantes dos seus programas televisivos, quando era líder de audiências.

Os malandros não querem trabalhar! Os malandros andam à boleia nos autocarros do Partido Comunista! Os malandros estão a soldo do Partido Comunista para instalar o caos neste país! Os malandros até devem ter tido lanche pago pelo Partido Comunista! Com garrafões de vinho tinto e tudo, o que explica aquele ar de operários da Lisnave!......

Um “hórrór”! E, ainda por cima, vestem mal (o preto nem sequer está na moda esta estação!), penteiam-se pior, não têm estilo, não fazem capa da “Caras”, decisivamente! Como é que as crianças e os jovens deste país poderão aprender alguma coisa de útil com tais criaturas?

Admirável visão política de Rangel! Ele compreendeu, em toda a sua dimensão, as razões profundas da crise do sistema educativo português: dantes é que era bom (dantes, mas muito dantes…mesmo dantes da reforma Veiga Simão….)! “In illo tempore” em que os professores que, com certeza, foram referência para Rangel, usavam pente, cheiravam a sabonete Rosa-Alface, iam regularmente à modista ou ao alfaiate, vestiam modelos da “Modas e Bordados”, enfim, eram verdadeiros senhores “dótores”, dignos professores dos filhos de outros senhores “dótores”!
Bons tempos esses! Excelentes métodos! Que deixaram muitas saudades! Como a “menina dos cinco olhos”, nome ternurento por que era conhecida a palmatória, e as pedagógicas “ orelhas de burro”……

Perante tamanha lucidez e sábio escrutínio políticos, reconheço que a exigência de demissão, por parte dos professores, da ministra da Educação, tem toda a razão de ser: que se demita e dê lugar a quem possa salvar a escola portuguesa!

Conjugando as suas inovadoras concepções pedagógicas, com a brilhante experiência no domínio do Audiovisual, Emílio Rangel saberá implementar as medidas que colocarão Portugal na vanguarda da Educação: um revolucionário paradigma que combine a palmatória com o “ Não se esqueça da escova de dentes”, uma Neo-Telescola hi-tech, bem dentro do espírito do plano tecnológico.

É, portanto, um dever patriótico, um desígnio nacional!

Todos juntos exijamos: EMÍLIO RANGEL P` RÁ 5 DE OUTUBRO, JÁ!!!!!!!

Maria Antónia Pereira
Évora

terça-feira, 11 de março de 2008

Salários dos professores. Dados da OCDE


Dados da OCDE
Chart D3.2. Teachers' salaries (minimum, after 15 years experience, and maximum) in lower secondary education (2005)
Annual statutory teachers' salaries in public institutions in lower secondary education, in equivalent USD converted using PPPs, and the ratio of salary after 15 years of experience to GDP per capita

Ora também sabemos que o PIB per capita em Portugal é menor do que a maior parte dos países considerados. Mas os livros, computadores etc. não são mais baratos em Portugal.

Além disso muita coisa foi congelada nos últimos anos

Eurostat 2. diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres

Diferença entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres.

2006

EU (25 countries) 4.8 (s)
EU (15 countries) 4.7 (s)
Euro area (13 countries) 4.6 (s)
Euro area (12 countries) 4.6 (s)
Belgium 4.2
Bulgaria 3.5 (i)
Czech Republic 3.5
Denmark 3.4
Germany 4.1
Estonia 5.5
Ireland 4.9
Greece 6.1
Spain 5.3
France 4
Italy 5.5
Cyprus 4.3
Latvia 7.9
Lithuania 6.3
Luxembourg 4.2
Hungary 5.5
Malta 4.2
Netherlands 3.8
Austria 3.7
Poland 5.6
Portugal 6.8 (p)
Romania 5.3 (i)
Slovenia 3.4
Slovakia 4
Finland 3.6
Sweden 3.5
United Kingdom 5.4
Norway 4.6

Há um país dos considerados que costuma ter uma diferença social maior mas não apresenta dados em 2006, a Turquia. Na União Europeia Portugal é o que apresenta maior diferença social, a seguir à Letónia. Podemos relacioná-la com a Educação?
Podemos. Repare-se que os países escandinavos são os que têm menor diferença social. Não é só a Educação é também a Política Social. E essa Política Social implicou ao longo de gerações investimentos na Educação.
São mais desenvolvidos os que investiram na Educação e são também mais igualitários.
Em 1750 a Suécia tinha 50% da população alfabetizada. Portugal só atingiu essa percentagem em 1950, dois séculos depois.
Significa isto que os actuais jovens suecos (e outros) têm pais com educação secundária ou superior, avós também. Perceberam há muito e consolidaram essa ideia ao longo de gerações que a Educação é um valor. Têm livros em casa, lêem jornais ... Os jovens, em muitos países percebem que têm que estudar, porque a sociedade também lhes exige isso em troca do bem estar actual e futuro.
Em Portugal não se trata de investir "normalmente". É preciso recuperar.

Podem desprezar-se recursos humanos?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Dados sobre a Educação. Eurostat 1

Segundo a Eurostat (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/), na população entre os 25 e os 64 anos, têm o ensino secundário ou mais, em %, em 2006:
2006
EU (27 countries) 70.0
EU (25 countries) 69.7
EU (15 countries) 66.7
Euro area 64.9
Belgium 66.9
Bulgaria 75.5 (p)
Czech Republic 90.3
Denmark 81.6
Germany 83.3
Estonia 88.5
Ireland 66.2
Greece 59.0 (p)
Spain 49.4
France 66.9
Italy 51.3 (p)
Cyprus 69.5 (p)
Latvia 84.5
Lithuania 88.3
Luxembourg 65.5
Hungary 78.1
Malta 26.5 (p)
Netherlands 72.4
Austria 80.3
Poland 85.8
Portugal 27.6
Romania 74.2 (p)
Slovenia 81.6
Slovakia 88.8
Finland 79.6 (p)
Sweden 84.1
United Kingdom 72.6
Norway 88,4


Os números dizem muita coisa e sobretudo dizem-nos que durante gerações não houve quase investimento em Educação, sobretudo no anterior regime político.
Em Portugal, para atingirmos os níveis dos países com quem nos devemos comparar há ainda muito que fazer. Fazer uma guerra do Ministério da Educação contra todos os professores é um aventureirismo político que só pode ter consequências funestas e levar ainda a um atraso maior.

Pôr as culpas todas nos professores actuais é branquear políticas passadas de obscurantismo, pois é evidente que as pessoas, por exemplo, com 50 ou 60 anos, que não têm o ensino secundário, é porque não lhes foi dada a oportunidade de frequentar a escola há mais de 30 anos nem posteriormente.

Também são os pais que temos. Muitos não passaram pela escola secundária e dificilmente alguns terão consciência do valor da educação, o que tem consequências imediatas na atitude dos educandos perante a escola.

Hooligans ou o despertar da ANP

Não me dou ao trabalho de citar gente medíocre. Eles que resolvam os problemas de família, os fantasmas de terem sido comunistas, maoístas que defenderam a Revolução Cultural Chinesa ou o Eldorado da Albânia. Alguns não mudaram nada. Antes defendiam Estaline, Mao Tsé Tung, Henver Hodja, contra os "social-fascistas", "iluminados pelo saber que detinham contra os ignorantes que eles achavam e desprezavam, branquearam o genocídio do Cambodja e até de Timor e sempre desprezaram quem não pensava igual a eles no momento em que eles pensavam assim.
Outros arrependeram-se e continuam a fazer actos de contrição, repetem até à exaustão o perigo do espectro comunista, como se só eles soubessem dos perigos desse inferno em lenta combustão.
Muitos destes fizeram-se ao poder. Herdaram aquilo que criticaram numa juventude passageira, onde devanearam pela revolução. E cedo, demasiado cedo em alguns casos, noutros passando pelos corredores de acesso ao poder e migalhas do capital, acham que agora tudo se resolve com autoridade.
Que uns reclamem, são comunistas, sem direito a contraditório, se não são comunistas são manipulados, se não são manipulados directamente são através dos braços elásticos e tentaculares dos sindicalistas perversos herdeiros de alguma carbonária ou de uma multinacional malévola.
Agora esses pensadores de si próprios até são moralistas e dedicam-se à crítica , à cuscovilhice da moda e do vestuários e dos costumes. Os professores vestem-se mal, alguns não se penteiam e até falam alto.
Dantes é que era bom. Professores guardados pelos inspectores, pela PIDE, com censura, com prisões políticas, com afastamentos e demissões compulsivas. Com um Liceu por distrito, mais alguns em Lisboa e no Porto, com alunos da classe média, bem comportados, porque não podia ser de outro modo, num país bem comportado à força, num país artificialmente ruralizado e hierarquizado, com uma moral única, una e santa, com os camponeses a fugir da miséria para Franças e Araganças, outros a servir de carne de canhão nas Áfricas, num país endividado mas que alguém se orgulhava de ter muito ouro escondido, submetido ora ao esquecimentos dos "les petits portugais" ora à condenação internacional e vexatória dos orgulhosamente sós.
Era esse país dos bons alunos (mas basta olhar mesmo assim para as estatísticas dos excluídos, ("os chumbados") dentro da maior exclusão, e de bons professores que, no entanto, não podiam estudar História ou Literatura Contemporâneas, nem Sociologia, que era suspeita, nem muitas outras ideias e teorias também suspeitas, e em que Ciências serviam apenas para decorar, excepto o Darwin, o Einstein e outros também suspeitos.

Têm saudades e olham para os actuais professores como suspeitos. Suspeitos porque se mexem, quando só eles deveriam ter opiniões, suspeitos porque têm ideias que não deveriam ter, até porque eles não se dão ao trabalho de investigar.

Quantos destes opinadores se dão ao trabalho de comparar os dados da Eurostat, da OCDE e até do Instituto Nacional de Estatística? Quantos se dão ao trabalho de ler alguns estudos e citá-los na bibliografia, quando escrevem para jornais lidos por dezenas de milhares de pessoas? Quantos se dão ao trabalho de visitar duas ou três escolas para vêr in loco o que se passa? Estudaram coisas concretas, como o horário dos professores e dos alunos, as horas de trabalho, os curricula dos alunos, a participação ou não dos pais e autarquias, a organização das escolas...?

Os novos ANP não se dão a esse trabalho. Sabem tudo, como nos antigos cafés da província o senhor doutor também sabia tudo. Sabem tudo e opinam sobre tudo, especialistas em geral, que tanto falam hoje sobre o Kosovo ou Afeganistão, a bolsa de Nova Iorque ou ensino em qualquer lado e ontem da Saúde ou do armamento.

Eu compreendo as falhas de conhecimento de muitos. Compreendo que até em certos jornais da província se aceitem os "acho que", como em em alguns blogues lidos por meia dúzia.

Agora arrogâncias de ignorantes, que chamam estúpidos, comunistas, irresponsáveis a todos os professores, como se todos fossem uns subservientes à espera da lição inculcada, à espera do senhor fulano importantissimo que escreve num jornal com 50000 exemplares (em qualquer país com uma população semelhante na Europa isso é uma ninharia), lidos os seus artigos por alguns....

Essas bocas têm uma importância muito relativa.
Eu não tenho vergonha destes pseudo-opinadores.~
Se ainda tivessem contribuído para fazer uma melhor televisão, melhores jornais, uma melhor ordem dos advogados, melhores universidades, enfim que tivessem trabalhado naquilo que ainda poderão saber fazer... Mas enfim, alguns do que sabem não aproveitam e metem-se em coisas que não conhecem.
Vale a pena dar muita atenção?
Eles que resolvam os seus problemas.
E que comecem a estudar.

Outra opinião

Interrogações de uma professora procurando compreender porque não faz parte dos 100 000.......


8 de Março de 2008. 100 000 professores manifestam-se em Lisboa contra as políticas educativas do governo, em especial contra o novo modelo de avaliação de desempenho. É a maior manifestação de que há memória da classe docente e uma das maiores após o 25 de Abril.

E eu não estou lá! E devia estar! Todo o meu percurso, a minha história pessoal, o que acredito de mim mesma, indicariam que era lá o meu lugar, ao lado das pessoas com quem, desde há 27 anos, partilho os quotidianos que dão, em grande parte, sentido à minha vida.

Então porque não fui? O que me leva a não estar em sintonia com o sentimento de indignação de tantos milhares de colegas que desfilam por aquilo que convictamente acreditam ser a defesa da sua dignidade de profissionais? Colegas de todas as escolas do país, mais novos e mais velhos, contratados e efectivos, reformados, das mais variadas opções ideológicas e políticas, com as mais diferentes formas de estar na vida e mesmo na escola....Colegas que conheço, respeito e admiro porque sei que só a sua dedicação tem permitido que as escolas funcionem e milhares de crianças e jovens aprendam. E isto apesar de todos os governos e ministros, secretários e subsecretários de estado, directores gerais e menos gerais, assessores e adjuntos, comissões e comités, e etc., etc, etc....

Então, porque é que eu não me sinto ofendida por esta avaliação? Porque é que não sinto que combatê-la é defender a escola pública, o 25 de Abril no ensino, a Liberdade na educação, uma escola de qualidade? Porque é que não consigo deixar de sentir que há aqui um tremendo equívoco, um enorme mal-entendido?

Parto de princípio que posso estar errada (devo estar errada, com certeza...): se 90 % dos meus colegas estão contra esta avaliação, é estatisticamente pouco provável que quem a defenda esteja certo.....Ou não são estas as regras da democracia?....

Procuro razões para este meu posicionamento tão matematicamente anormal: será que os anos me tornaram menos crítica e mais permeável à propaganda do poder, será que tenho um défice de consciência profissional que me torna insensível a ataques óbvios e escandalosos à dignidade da minha profissão, será que por limitações de inteligência não estou a perceber as implicações gravíssimas da implementação desta avaliação nas escolas ou será que me acomodei numa inércia descrente de quem já viveu grandes movimentos de massas que se esfumaram sem deixar rasto?

Nenhuma destas razões me satisfaz, não encontro evidências no meu comportamento habitual que confirmem qualquer destas hipóteses: faço os possíveis por me manter razoavelmente lúcida, o meu QI está absolutamente dentro da média, tenho consciência bastante do meu estatuto como profissional, conservo, aos 50 anos, uns saudáveis laivos de idealismo..... E, quanto a comodismo, é bem mais incómodo ter uma opinião diferente de 100 000.......

Então porquê? Porque não estou eu no Marquês de Pombal a lutar contra uma tão monstruosa indignidade que movimenta tantos milhares de colegas meus, oficiais do mesmo ofício?





Se eu até concordo que houve uma total inépcia e falta de senso político na condução deste processo: como é possível pensar que se podem mudar práticas de décadas em tão pouco tempo, sem criar condições que dêem confiança às pessoas na credibilidade e seriedade dos processos? Como é possível dirigentes políticos serem tão cegos que não avaliem o impacto de mudanças tão profundas em profissionais que vêm acumulando frustrações e desencanto há anos e anos? Como se pode pensar que se muda um sistema tão sensível legislando em catadupa, num terramoto de decretos e despachos que ameaça desmoronar de vez o edifício já tão frágil? Como é possível ignorar que, às inevitáveis dores que as mudanças causam, há que juntar a esperança de que vale a pena?

Mas, apesar de considerar tudo isto, eu não estou no Terreiro do Paço.....

Releio o famigerado decreto-lei mais uma vez - “ instrumentos de registo elaborados e aprovados pelo Conselho Pedagógico”; “ indicadores de medida previamente estabelecidos pela escola para o progresso dos resultados escolares”; “objectivos individuais fixados por acordo avaliado/avaliador”; “ o docente tem direito a que sejam garantidos os meios e condições necessários ao seu desempenho” e etc, etc, etc....

E então, finalmente, percebo porque não estou ao lado dos 100 000: muito simplesmente, porque confio neles......
Porque o Conselho Pedagógico, que irá elaborar/aprovar as fichas que vão ser utilizadas na minha avaliação, é constituído por colegas meus; porque os indicadores de medida de acordo com os quais deverei definir os resultados esperados dos meus alunos, aferidos pelos resultados médios da disciplina e da turma, são estabelecidos pelo Projecto Educativo da minha escola; porque o professor titular/coordenador de departamento, que irá formular comigo os objectivos, assistir às minhas aulas e aplicar as fichas na minha avaliação, é meu colega; porque o Director Executivo que irá avaliar outros aspectos do meu desempenho, também é professor e, muito provavelmente, professor da minha escola; porque até a Comissão de coordenação da avaliação, que intervirá se houver discordância na avaliação, é constituída por colegas do Pedagógico.

Como posso discordar de um modelo de avaliação que assenta no juízo dos meus pares, colegas com quem trabalho todos os dias, que partilham comigo as dificuldades e problemas de um mesmo contexto socio-educativo, que me conhecem, a quem devo necessariamente reconhecer a competência, por serem professores como eu, para comigo debaterem construtivamente práticas e orientações, e assim me ajudarem a melhorar o meu desempenho profissional?

Em quem vou confiar então para me avaliar? Numa entidade externa, vidé inspector, que aterra um dia na minha aula e, sem me conhecer de lado nenhum, avalia o meu trabalho de acordo com uma qualquer grelha, inventada por um teórico da educação, que resultou muito bem na Finlândia, e que o ministério aprovou para ser aplicada uniformemente de Bragança a Faro?
Ou então num exame de três ou quatro horas, já agora feito na universidade, onde um júri constituído por conceituadas personalidades, que nunca deram uma aula a meninos como os meus alunos, ou puseram os pés numa escola semelhante à minha, vai judiciosamente avaliar se sou uma boa professora?

Ou vai ficar tudo como está? Ninguém seriamente pode defender essa posição....Ou então os anos e anos que ouvi de recriminações e críticas na sala de professores pela tremenda injustiça de um sistema que não diferenciava níveis de desempenho, foram meras alucinações minhas.....





E agora? O que espero? Do Ministério espero que tenha o bom senso de perceber que não se impõem reformas a partir de um gabinete da 5 de Outubro, mas também que tenha a firmeza de não recuar, por razões de popularidade, numa avaliação que, em meu entender, tem virtualidades para melhorar o sistema, se para tal forem criadas as necessárias condições; dos Sindicatos espero que não tentem aproveitar com objectivos partidários aquilo que é a justificada indignação de uma classe profissional que merecia mais respeito do poder; dos meus colegas, espero que tenham a necessária serenidade e lucidez para discernirem o que está verdadeiramente em jogo e que saibam canalizar a enorme energia e espírito de luta que demonstraram para conquistar a verdadeira autonomia que pode transformar a Escola portuguesa.

E de mim? Ora, de mim espero ter tranquilidade para levar o ano escolar o melhor possível até ao fim e não me angustiar demasiado com o facto de pertencer ao 1% que não pede a demissão da Ministra da Educação..........

Maria Antónia Pereira

domingo, 9 de março de 2008

Não só a banda. Com algum desencanto mas com esperança.

Mas nem tudo vai ficar no seu canto.

A Banda, de Chico Buarque
Estava à toa na vida, o meu amor me chamou

Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor

A minha gente sofrida, despediu-se da dor

Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor


O homem sério que contava dinheiro, parou

O faroleiro que contava vantagens, parou

A namorada que contava as estrelas,

Parou para ver, ouvir e dar passagem


A moça triste que vivia calada, sorriu

A rosa triste que vivia fechada, se abriu

A meninada toda se assanhou

Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor


O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou

Qu'inda era moço pra sair no terraço e dançou

A moça feia debruçou na janela

Pensando que a banda tocava pra ela


A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu

A lua cheia que vivia escondida, surgiu

Minha cidade toda se enfeitou

Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor


Mas para meu desencanto, o que era doce acabou

Tudo tomou seu lugar, depois que a banda passou

E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor

Ruptura com a incompetência

Caros colegas, amigos, leitores ...
Vou enviar uma carta para a Assembleia da República e Presidência da República.
O rascunho é este. Gostava que me enviassem sugestões.

Ruptura

O problema do ensino e dos professores é bastante grave e não se compadece com análises superficiais e propaganda fácil. Parecia impossível mas aconteceu. Num universo de cerca de 150000 professores 100000 de todo o país estiveram em Lisboa. Numa altura em que os professores estão assoberbados de trabalho normal, isto é, todas as tarefas relacionadas com a avaliação do 2º período, acrescidas das inúmeras reuniões relacionadas com a catadupa de legislação e ordens contraditórias. Vieram quase todos de longe num sábado e continuam o seu trabalho.
Nunca em Portugal se conseguiu juntar quase toda a gente da mesma classe nestas condições. É um fenómeno digno de atenção a sério em qualquer país da Europa e do Mundo. Não há notícia de haver uma situação semelhante no ensino noutro país. É um fenómeno social que merece estudos e explicações profundas.
O Ministério da Educação e o Primeiro-Ministro conseguiram levar à ruptura total. Não é mais possível continuar a demagogia de que os professores não perceberam. Os professores são licenciados, muitos têm mestrados e doutoramentos, muitos têm participado em inúmeras experiências cívicas, lêem, produzem conhecimento e não podem continuar a ser tratados como homúnculos ignorantes e obedientes à força.
A partir daqui, se não antes, demonstrou-se que o Ministério governa contra todos os professores, não tem qualquer autoridade moral, manda apenas porque manda, em ditadura no Ensino. Os professores obedecem por coacção do Estado e nada mais. Cumprem apenas porque são obrigados.
Os professores são cerca de 150 mil, têm famílias, têm milhões de alunos com famílias. Ao obrigar os professores a obedecer sem qualquer explicação, com as liberdades coarctadas o governo está a enviar uma mensagem repetida a todos: obedeçam que nós é que sabemos, sejam cidadãos limitados pelos nosso decretos.
O problema já ultrapassou o Ministério da Educação e o Governo. Agora cabe aos órgãos legitimamente eleitos pelos cidadãos tomar atitudes: a Assembleia da República e o Presidente da República.
Com este ministério perderam-se anos de reformas possíveis que, a não ser tomada alguma atitude urgente, podem levar a situações de difícil controlo não apenas entre os professores mas entre outros estratos da população do país.
O Ministério da Educação esforçou-se por tentar demonstrar que os professores não prestam, sobretudo ao decretar a divisão em duas categorias artificiais em que quase ninguém, apesar de todo o esforço desenvolvido, percebeu porque ficou numa ou noutra, ou com carreira bloqueada durante largos anos.


Criou um concurso iníquo em que dividiu os professores em duas classes, sem ouvir quase ninguém, ou antes, ouvindo apenas aqueles que concordavam. Iníquo porque não houve qualquer avaliação de desempenho credível, mas apenas uma soma de pontos dos cargos (de alguns) exercidos nos últimos sete anos, fazendo tábua rasa de toda uma vida profissional e de lutas pela educação e ensino público.


Aumentou o horário dos professores deixando-lhes apenas sete horas semanais para preparar aulas, fazer a avaliação, formação etc. . E como se não bastasse, inunda as escolas com decretos, circulares, informações contraditórias a meio do ano lectivo, com um estatuto do aluno que ora entram em vigor ora é adiado, com um decreto sobre avaliação que ora tem um prazo ora tem outro, ora é para avaliar durante este ano lectivo todos os professores ora é para avaliar apenas os contratados ou os que podem mudar de escalão...


Aprovou-se em Conselho de Ministro a nova gestão que apenas vai levar a um reforço da autoridade e do autoritarismo, com conselhos pedagógicos nomeados por uma única pessoa, com uma participação teórica dos pais e autarquias que até aqui não têm funcionado.
No discurso oficial fala-se em autonomia mas também se fez tábua rasa de toda a organização das escolas que tinham departamentos e agora se vêem obrigadas, nem sequer por decreto, a limitar-se a quatro departamentos para a avaliação dos professores e continuando a ser inundadas por despachos, circulares e informações que não permitem qualquer margem de manobra, a não ser nos aspectos que podem permitir ainda mais a sujeição dos professores à autoridade.


Criou-se uma avaliação burocrática sem que antes as escolas estivessem avaliadas, com parâmetros indefinidos, com uma margem enorme para a arbitrariedade e que levaria certamente a pôr em causa a liberdade de escolha de métodos de ensino, com uma avaliação, dita “por pares” mas que poderá levar a exclusões, promoções e ultrapassagens, pela sua falta de independência e condicionamento. E tudo à pressa, sem qualquer testagem, sem qualquer validação.


Recuou-se na aferição dos resultados. Ninguém sabe como comparar resultados no Ensino Básico, excepto em Português e Matemática e, no Ensino Secundário, apenas em algumas disciplinas mas cujos programas têm competências exigidas que não podem ser avaliadas apenas por exames. Mesmo assim, pretende-se que os professores sejam avaliados por esses resultados, uns que não são totalmente comparáveis entre si, outros que nunca podem ser comparados. Quer o ministério fazer uma avaliação para culpabilizar só os professores ?
Não se quis, pelo contrário, mexer em aspectos significativos dos curricula. Continuam várias disciplinas a ter apenas uma aula por semana, em que os alunos não podem aprender simplesmente porque não têm aulas em turmas diversificadas com 28 alunos. Pelo contrário, a rede escolar não contempla a possibilidade de os alunos que quiserem terem disciplinas como Política, Antropologia Cultural etc… ou até Latim.


Agora está tudo em causa. Há que discutir não apenas a legislação recentemente promulgada ou em processo de, mas tudo quanto foi feito nos últimos anos, sob pena de nos afundarmos ainda mais, depois destes anos perdidos.

sábado, 8 de março de 2008

NO PASA NADA? Dia 8 de Março de 2008

Do Minho (da terra da Maria da Fonte) ...
Passando pelo Alentejo ...

A Pátria reconhecida


Ministra chumbada




Luta pela qualidade e serviço público


Do Minho ao Algarve ...


Alegria e Luta


Professores amordaçados em decretos, circulares e imposições não assinadas.


Com e sem experiência de manifestações


A apoteose. É tempo de muitos começarem a pensar que fenómenos destes exigem melhores explicações e outras medidas.


E vêm de todo o lado

É impossível não mudar a partir de agora

Da Rotunda ao Terreiro do Paço. E a entropia por acréscimo.

Sigo um conselho da Senhora Ministra, embora com menor tentativa de persuasão. E também com menos sentido de oportunidade, dadas as horas.
A Senhora Ministra achou que os professores não tinham compreendido bem as suas medidas.
Vou dar uma pequena ajuda, algumas informações complementares.
A Lisboa dos séculos XIX e XX, segundo Fernando Rosas e outros (e cito de cor e mais ou menos, e no resto do texto também) estava dividida entre uma Lisboa operária, de empregados, lojistas e outros, propensos à revolução e uma Lisboa de classe média e alta, mais sossegada nesse aspecto. Uns viviam para os lados de Alcântara e Graça, mais outros bairros junto ao Tejo, onde se juntavam também marinheiros e arsenalistas, gente geralmente suspeita. Os mais respeitáveis subiam a Avenida, anteriormente Passeio Público, partindo do áulico Terreiro do Paço, significativamente mais conhecido por Praça do Comércio, obra do despotismo iluminista, que pretendia que fosse visto por todos. E que nós veremos também, embora com menos sossego.
Os carbonários, republicanos e outros resolveram invadir o espaço ainda em construção e, com alguns tiros e barricadas proclamaram a República a partir da Rotunda e com a apoteose na Câmara de Lisboa, numa praça também pombalina próxima do pombalino Terreiro do Paço, palco político por excelência.
Descendo da Rotunda, hoje Marquês de Pombal, em homenagem ainda republicana ao homem que afastou os jesuítas e promoveu reformas, segue-se a Avenida da Liberdade, não por acaso. Além de vermos o edifício modernista do Diário de Notícias, poderemos encontrar, por aí abaixo, a memória de alguns cafés de Lisboa, o cinema Condes, o Éden, outros hotéis modernistas, outros prédios comprados por empresas espanholas e de outras partes da globalização, poderemos ver o que resta dos teatros de revista, imaginar os milhões que Santana Lopes mandou pagar para modernizar o Parque Mayer e, pelo meio, poderemos observar menos atentamente porque o tempo corre, algumas flores, árvores e estátuas e bustos de poetas e até de Simon Bolívar, libertador da América. E para quem se perder noite adiante, depois do Tivoli fechar, convém que tenha algum cuidado, porque a prostituição que por aí anda já não é a das sopeiras de província despedidas porque o patrão se metia com elas.
Mais abaixo vale a pena olhar para o Palácio Foz e para os combatentes. Se alguém quiser fazer um desvio pode tomar o elevador da Glória ou ir para as portas de S. Antão. A Casa do Alentejo não é de desperdiçar, mesmo para quem menos aprecie pátios árabes.
Mas para que o caminho continue o seu rumo, admire-se a obra da estação do Rossio, o teatro de D. Maria ou de Gil Vicente e Almeida Garrett, antiga Inquisição, e até a estátua de D. Pedro IV que as más línguas dizem que foi comprada do saldo do imperador Maximiliano do México. De qualquer modo, o Rossio é das mais belas praças do país e periferia e tem boas condições acústicas. Daí vale a pena fazer uma homenagem ao Tejo, mesmo que alguns geógrafos digam que aquilo não é bem rio.
Mas as "Tágides minhas" esperam-nos e valerá a pena discutir um pouco as "orações de sapiência" e dizer a quem nos oiça e que comece a pensar em ouvir, que algo se passa neste país virado a Ocidente, que é o lado para onde o sol cai e, segundo os antigos, gregos e romanos, com algum estrondo.

Só mais um conselho, dado que orientações superiores acham que os professores e outros pouco esclarecidos devem ser aconselhados, e repetidamente. Tendo em conta a gravidade, da Física e dos respectivos graves, e a gravidade da situação, quem ainda tiver dúvidas, o melhor é seguir a inclinação, da Rotunda vai dar ao Terreiro do Paço, em plano inclinado, e não se há-de perder certamente, porque lá irá encontrar algum calor perdido nestes últimos tempos e por certo decobrirá outra lei importante da termodinâmica: a Entropia.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Venham mais cinco

Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já
Do branco ou tinto
Se o velho estica
Eu fico por cá

Se tem má pinta
Dá-lhe um apito
E põe-no a andar
De espada à cinta
Já crê que é rei
Dàquém e Dàlém Mar

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar

A gente ajuda
Havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira
Deitar abaixo
O que eu levantei

A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustem
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe

Não me obriguem
A vir para a ruaGritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar

Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei

Zéca Afonso, Venham mais cinco

Dia 8 de Março em Lisboa


Clicar na imagem para aumentar.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Todos os professores que tiverem Bom progridem?

A Senhora Ministra acabou de dizer que todos os professores que tiverem classificação de Bom progridem, ao contrário dos outros funcionários do Estado. Um bom incentivo para estes reclamarem; uma crítica aos colegas de governo?
Mas como? Se há quotas para os professores titulares. Se pelo estatuto só pode haver um máximo de 1/3 de professores titulares como é que os outros dois terços podem chegar todos ao último escalão da carreira mesmo que tenham Bom ou mais?
Este discurso serve para convencer quem?

Sobre a fulanização

Prefiro discutir ideias. Evito chamar nomes a pessoas, sobretudo àquelas que não apresentam ideias.
No entanto, há gente que se apresenta e quer fazer dos outros idiotas, usando demagogia barata e demonstrando que mandam e os outros que obedeçam e que os suportem cabisbaixos. E desses não gosto e, a esses, quando se expõem e se impõem com arrogância, parece-me que merecem alguma resposta.
Há uns anos comprei uma placa em cerâmica, em Espanha, que dizia uma frase interessante:

Quanto la estupitez abofetea
La inteligencia, La inteligencia
Tiene derecho a portarse
Estúpidamente

E isto vem também a propósito de alguns. Se o senhor Albino aparece constantemente na televisão a criticar, não, a demonizar os sindicatos, os que estão contra ele, a dar ordens aos professores, como se só ele soubesse de tudo e, ainda por cima, usando-se do papel de vítima e a falar, a falar num tom excitadissimo, a mandar "bocas" durante o debate do "Prós e Contras" dizendo o "que vocês queriam era o Salazar", esse senhor candidata-se a ser ridicularizado. Não por ele, que pouco conta, mas pelo protagonismo que pretende, pelo pequeno poder que ele engrandece e quer impor.
Ora nós sabemos (infelizmente para uma sociedade democrática) que a maioria dos pais não participa nas escolas, por razões diversas e legítimas muitas, sabemos também que muitas associações de pais contestam as eleições efectuadas na Confap.
O senhor Albino em si não me interessa nada. O problema é um certo tipo social incarnado por ele ou como diria Max Weber um ideal tipo.

O mesmo, mas de maneira diferente com a Ministra de Educação. Tem responsabilidades acrescidas. Não é só uma cidadã, tem que dar exemplos, está lá para ser competente, para fazer o que um ministro deveria fazer, à letra servir o povo. Por isso, acho que algumas atitudes são altamente irrecomendáveis como quando disse, no início das aulas de substituição, que os "professores podiam fazer umas graças" ou quando dá entrevistas em que diz que os professores não querem avaliação, quando fala em autonomia mas impõe prazos e envia textos autoritários sem assinatura com se fossem lei ou quando responde directamente a uma professora loura, falando em louras, ou quando aparece nas escolas ao fim da tarde quando não está quase ninguém, e em público com arguidos acusados em processos de corrupção.
Ou ainda um secretário de estado que não se importa de manipular estatísticas, juntando no mesmo saco as licenças de parto, as faltas por não colocação de professores e outras, com as faltas normais, só para dizer que os professores faltam muito (além disso que responsabilidade têm os que não faltam).
São essas demagogias que levam à fulanização.
Repito, pouco me interessam essas pessoas em si, o problema é que representam um tipo social que vai emergindo e que quer humilhar os outros. Tanto me faz que seja esta ou aquela ministra, não quero esta política em que ninguém votou nem estas atitudes sobre os que eles acham que devem obedecer. Há direitos e Liberdades que desde a Revolução Francesa ou até desde a "Goriosa Revolução " inglesa são considerados naturais, inalienáveis e imprescritíveis. Não temos que nos sujeitar a tudo o que mandam pessoas a quem não lhes foi dado o poder absoluto, nem sequer por Deus, que já se deixou dessas coisas.
Tenho lido elogios em relação à Ministra sobre a sua coragem em relação aos professores. Desculpem mas isso não é coragem, é teimosia e irrealismo. Sem querer comparações (e sobretudo para não o desculpar ou branquear) também Salazar era teimoso e deixou este país na miséria, no analfabetismo e no atraso.
Coragem é quando alguém defende qualquer coisa ou ideia com risco de vida ou de perda grave, como nas guerras, como os presos políticos que são torturados e não falam. A senhora ministra quando sair há-de retomar o seu emprego e há-de pôr no curriculum que foi ministra. E daqui a uns anos já quase ninguém na rua se há-de lembrar dela. Talvez alguns que ficaram com a carreira bloqueada, talvez outros ...

E, além disso, os cidadãos votaram em deputados, com um determinado programa. Não me consta que as medidas que agora estão a ser implementadas tenham sido divulgadas ou sequer mencionadas nos programas eleitorais. E nisto, até muitos deputados eleitos concordam comigo.

quarta-feira, 5 de março de 2008

D.João II, o poder paternalista e os projectos que mudaram o mundo


Pelicano. Igreja de S. Francisco em Évora

O Pelicano foi o símbolo adoptado por D. João II. Segundo a lenda, o pelicano bicava o seu próprio peito de onde retirava alimentos para dar às crias. Dava a vida para alimentar os filhos.
Era assim que se apresentava o rei, como protector, pai dos súbditos.
D. João II não era um inocente. Para vencer usou maquiavelicamente os poderes que tinha e outros que veio a conseguir. Morreu também em circunstâncias estranhas. Diz-se que envenenado.
Isabel, a Católica, o outro lado do espelho, a que conquistou Granada e mandou Cristóvão Colombo à América, chamava-lhe "El Hombre".
D. João II teve um projecto consistente. Foi no seu tempo que se descobriu a costa de Angola e se provou que o Índico não era um mar fechado e que se podia ir à Índia por mar. Bartolomeu Dias passou pelo "mostrengo que está no fim do mundo" e o Adamastor foi vencido e ultrapassado.

Hoje não precisamos de pelicanos nem desejamos Maquiavéis mas convinha que houvesse projectos consistentes, não para mudar o mundo mas que mudasse alguma coisa para melhor.

S. Francisco. Évora. Vista a partir da Praça do Giraldo


Arquitectura gótico-mudéjar, também chamada manuelina. Elegante. Do fim da Idade Média e princípios da Idade Moderna. Dos últimos tempos em que na Península havia três culturas: cristã, islâmica e judaica. Do tempo em que a Península era ainda a Hispania ou melhor, as Espanhas.

A "Bota Rasa"

A "Bota Rasa" é uma sociedade discreta, na Praça do Giraldo. Das mais antigas de Évora o seu nome oficial é, salvo erro, Círculo Literário Eborense. Havia o Clube que, no século XIX, estava reservado à élite dos grandes proprietários rurais. Vinha depois a "Bota Rasa" da classe média alta, a Harmonia da classe média e de alguns empregados, a Joaquim António de Aguiar, operária e com orgulho de o ser... e outras, algumas que também continuam.
A "Bota Rasa" tinha peocupações culturais. Eça de Queirós, quando aqui viveu e foi jornalista foi também sócio.

O Doutor Vital Moreira

O Doutor Vital Moreira escreveu ontem para o "Público" um artigo sobre os professores.
Sinceramente acho que deveria ter mais nível. Lembro-me bem quando era deputado na Assembleia Constituinte e, por isso, dá-me pena, reduzir questões complexas a explicações simples e vê-lo agora como um propagandista da ministra.

Escrevi para o Público não uma resposta (também lhe enviei uma em que contesto vários pontos), mas um cenário que se aplicaria a uma situação semelhante aos professores universitários, como ele. Evidentemente seria o caos e o fim do despertar das ideias e da investigação.

O texto:

O Doutor Vital Moreira parte do pressuposto que existem apenas interesses profissionais contra os interesses públicos, que os interesses profissionais dos professores só por si são conservadores, contra os interesses reformadores do governo, que os professores são manipulados pela Fenprof, logo manipulados pelo PCP, que são interesses minoritários, logo não contam e são opostos à maioria da população. Parece que quer concluir que classe é igual a corporação, logo reaccionária em si mesma e que os professores se portam irresponsavelmente.
Imagine-se agora um cenário em que uma política semelhante era aplicada aos professores da universidade. A questão é pertinente, visto que o estatuto vai ser alterado e as universidades portuguesas são também financiadas pelos contribuintes e estão longe de ter os mesmos resultados que outras congéneres europeias.
-Reestruturação das carreiras. Apenas contariam os cargos exercidos nos últimos sete anos. De toda a actividade anterior se faria tábua rasa. Livros publicados, estudos, conferências, prémios anteriores a essa data não contariam nada ou quase nada. Certamente muitos professores catedráticos seriam ultrapassado por outros.
- Avaliação. Daqui a 20 dias úteis as universidades teriam que ter definidos dezenas de parâmetros mensuráveis para começar a avaliar os professores. Esses professores teriam que definir objectivos individuais no imediato e ser sujeitos a ter três aulas assistidas até Junho. Essas aulas seriam supervisionadas por um professor dessa ou de outra especialidade que faria recomendações e daria uma nota. O Reitor preencheria fichas sobre todos os professores.
Na avaliação seriam tidos em conta os resultados dos alunos. Por exemplo, o docente que reprovasse mais de 25% dos alunos seria fortemente penalizado. O professor teria que elaborar também testes especiais para cada aluno que faltasse a um percentagem de aulas determinada.
- Horários. Qualquer atraso de 5 minutos seria penalizado com falta. As faltas dadas por ir a conferências congressos etc. impediriam que fosse classificado com Excelente ou Muito Bom. Fazer investigação só depois das 35 horas semanais. Substituição de professores de outras especialidades e de outros cursos nos momentos em que faltassem e sem necessidade de aviso prévio. Aumento das horas lectivas.
- Gestão da universidade. Aumento do número de alunos no Senado Universitário (já que estes não precisam de ser representados pelos pais), representação e poder dado às CCRs, autarquias etc, de modo a que os docentes estivessem em minoria. A gestão entregue ao Reitor que nomearia todos os presidentes de conselhos de departamento e todo o conselho pedagógico. O Reitor poderia ser demitido pelo ministro.

terça-feira, 4 de março de 2008

PAX?


Em resposta a alguns pedidos de algumas entidades bem pensantes do nosso país, resolvi publicar uma imagem de 1945.
Repare-se que não é bem igual à imagem dos pastorinhos de 1917 nem como a actual.
Enfim, dia 8 lá estaremos.

O espanto ou a estupefacção.



Há quem diga que esta política de educação é de espantar. Não um espanto, que espanto é aquela atitude primeira da Filosofia que leva à interrogação sobre as coisas, sobretudo sobre as mais óbvias, que afinal não o são. Esta política é de espantar, naquele sentido de fazer fugir, de ficar emparvecido, aparvalhado, até esparvoado, com tanta insensatez.

Parece um jogo ou um relato dos tempos em que aos domingos, por falta de outras distracções se ouviam os jogos da bola, desse Portugal censurado das vilas e aldeias, desse provincianismo que era o país noutros tempos. 9-6, diz o locutor, acórdão do tribunal a favor, sentença contra, em curso agora, transitado em julgado, quase quase, gooo..., ainda não; apresenta-se a Ministra de Walter, afinal não, é o Valter da avaliação e da Biologia um pouco, dispara mas não acerta, afinal acerta em todos,vem o excitado Albino, agora, segundo ele, em risco de ser suicidado, apresenta-se o Valentim de excelsa Educação, herói do Ultramar e do MDLP,... dos árbitros e micro-ondas, a condecorar a Ministra da Avaliação, perdão foi engano e ... o auge, a apoteose e certamente o goool... há-de ser na próxima semana com a manifestação do Estado Novo, perdão das reformas imprescindíveis no tempo exacto e até antes do prazo, em que hão-de vir camionetas de todas as autarquias alinhadas e até de Gondomar, com todos, os assessores, todos os que devem favores e até alguns ingénuos ou indefectíveis, até indefiníveis, mesmo não morrendo de amores, como alguns doutores, a tecer louvores


E alguns não se ficam só pelo espanto; ficam estupefactos.

É possível tudo isto? É. Como diria ou disse o "site" do Ministério, naquelas respostas esclarecedoras aquando do concurso dos professores titulares. "Se acumular não pontua". Porquê? "Porque acumula".

E "mai nada".


Na fotografia o protagonista não ficou estupefacto. Já sabe que é assim!

A máquina é que ficou tremida e a fotografia ficou que nem noite de nevoeiro.


É assim?!

No dia 8 de Março não será.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Manifestação pela Educação. Em Évora como em todo o país.












3 de Março de 2008
Professores estiveram em peso na manifestação.
Desculpem alguns, mas não estão a usar a linguagem correcta.
Não se trata de uma guerra corporativa. É a luta de uma classe.



Procissão do Passos em Évora








A procissão já não é o que era. Antes era o espelho da sociedade. Ainda o é em parte.

O termómetro da cidade


A fonte da Praça do Giraldo é o termómetro da cidade no dia a dia. Quando chove ou faz frio ninguém aí se senta; quando o sol bate em força também pouco. Se começa a aquecer juntam-se alguns; se a temperatura melhora a fonte enche-se.
Neste domingo o tempo estava bom. E havia a procissão dos Passos. Já não mexe assim tanto mas ainda atrai alguns.
Segunda-feira às 18.30 a temperatura vai aumentar. Na praça toda.

domingo, 2 de março de 2008

Junta-se a fome à vontade de comer.

Diário da República, 2. a série - N.o 201 -18 de Outubro de 2007
MINISTÉRIODAEDUCAÇÃO
Secretaria-Geral
Declaração n.o 28512007
Em cumprimento do determinado na Lei n.0 26/94, de 19 de Agosto, publica-se a listagem das transferências efectuadas pelos organismos do Ministério da Educação no 1.0semestre de 2007:
Gabinete da Ministra
Data de
decisão
Beneficiário
Montante
(em euros)
19-04-2007 CONFAP - Confederação Nacional das Associações Pais ........................................................................... 39 298,25



Ontem abri a televisão e vi as notícias. Se não tivesse visto já certas coisas certamente ficaria espantado e atordoado e até escandalizado.
Juntos, a senhora Ministra, o exaltado Valentim Loureiro e o excitado Albino. Os últimos fazendo elogios à política do Ministério da Educação.

A Senhora Ministra vai às escolas em segredo e sem avisar e aparece em público com o Valentim e com o Albino.

Certamente a Senhora Ministra não se lembra, esqueceu ou desconhece a letra do hino oficial do Partido Socialista e do programa deste em que se pretendia uma sociedade mais igualitária.
Mas certamente se lembra que o tal Valentim pertenceu a um grupo de extrema-direita responsável por algumas bombas a seguir ao 25 de Abril. Conhece certamente as acusações de corrupção recentes e o populismo e a demagogia quotidianas deste.
O excitado Albino continua nas loas ao ministério. Ele acha-se capaz de tudo. Acha muito bem o diploma de avaliação dos professores. Não se limita a ser pai. Ele manda palpites sobre pedagogia e agora acha-se no direito de interferir na avaliação dos professores.
Como sabe que representa muito pouco, e sabe também que muitos encarregados de educação têm opiniões totalmente diferentes e o contestam, encosta-se à ministra e parte para a guerra, tentando fazer crer que há uma luta entre pais e professores. Sabe que não é assim mas quer poder e subsídios.
O outro também.
Tristeza!
Ao que isto chegou!

Chegou mas não vai durar muito.
Amanhã lá estaremos na Praça do Giraldo.
E dia 8 em Lisboa

Grupo de discussão

Criou-se um grupo de discussão para professores e outros em Évora e arredores, sejam quais forem.
O endereço é
http://br.groups.yahoo.com/group/trocadeletras/