domingo, 24 de agosto de 2008

Alcoutim e o absurdo da fronteira.






Imagens de Alcoutim e Sanlúcar em 23 de Agosto de 2008.
Chegada da regata que se fez no Guadiana, desde Vila Real de S. António e Ayamonte.
Do lado de cá um castelo, do lado de lá um forte. Uma escultura de um guarda fiscal observando o rio.
O rio a unir os povos.



Avenida Duarte Pacheco em Alcoutim


Uma avenida (?) que desemboca ou começa num restaurante com esplanada e grelhadores.

Não é propriamente uma piada, porque o eng. Duarte Pacheco era algarvio e um orgulho regional para homens que mandavam em outros tempos.

Duarte Pacheco tornou-se um mito do desenvolvimento num Portugal subdesenvolvido, embora fosse um dos homens que colocou o ruralista e "homem de contas da mercearia", A. de Oliveira Salazar no poder por longos tempos.

Esta foi certamente uma homenagem esquecida ao homem que quis fazer auto-estradas e barragens e que teve a ilusão que o Estado Novo poderia desenvolver o país, mesmo à custa de todos os princípios da democracia.

Nota: neste restaurante comem-se boas enguias. De Duarte Pacheco poucos se lembram

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Porcos de antigas civilizações peninsulares.






Esculturas de antigas civilizações pré-romanas (Vetões ?) do lado de lá e do lado de cá da fronteira. Fronteira que só se estabeleceu a partir do Tratado de Alcanises em 1297, porque antes era o mesmo território antes dos romanos, depois a Lusitânia romana, o reino visigótico, o califato e o reino de Leão ("engolido" por Castela).
As imagens são de Castelo Bom, Beira Alta e de Salamanca, região de Leão e Castela.
Vestígios de antigas civilizações agrárias.

Porta da Catedral de Salamanca










Uma das portas laterais da Catedral (catedrais) de Salamanca.
O astronauta é fruto de um restauro recente. As outras imagens vêm dos finais da Idade Média.
Salamanca foi uma das principais universidades da Península. Os estudantes portugueses chegaram a ser metade do conjunto dos alunos. As antigas elites das Espanhas (Castela, Leão, Galiza, Aragão, Navarra ... Portugal) certamente aprenderam alguma coisa com estas imagens e por cá teriam ficado no imaginário menos evidente.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lua Cheia, marés vivas e Santa Maria

O dia 15 de Agosto é dia de Santa Maria. Santa Maria, Nossa Senhora ... é representada também com a Lua aos pés. Já no tempo dos egípcios, com Ísis, era também celebrada a deusa- mãe e a Lua. Este ano coincidiu com a Lua Cheia. No dia seguinte houve eclipse. Parece que Marte também vai fazer das suas este mês.
Prevê-se um ano agitado (com esta acerta-se sempre).

Estamos de luto em Espanha. Na Geórgia também.
Em Portugal os humores mudaram. Depois da "caminha" veio o Nelson Évora ganhar uma medalha e mostrar dignidade.
Espera-se que o país invista no atletismo, natação, ciclismo .. e não apenas em futebol profissional (e nos seus usufrutuários).

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Aldeia da Ponte. A capeia raiana
























A capeia começa depois de um bom almoço e tempo para o digerir. A praça enche-se até abarrotar. Seis mil pessoas?
Os mordomos pedem a praça a cavalo, com música apropriada. Depois começam, a um e um, a vir os touros até quase à noite.
A capeia é a pé e colectiva. Umas dezenas de homens seguram o forcão, em diferentes posições, umas mais perigosas que outras (à galha), outras que requerem uma certa habilidade na direcção deste; os altos e os baixos têm que ser distribuídos conforme o lugar, visto que o forcão tem que estar um pouco inclinado. Os movimentos têm que ser sincronizados neste jogo com o touro, força mais ou menos imprevisível. A parte da frente não pode ficar nem demasiado baixa nem demasiado alta, pois o touro pode irromper por baixo ou saltar por cima.
A multidão vibra, sentindo-se uma identidade colectiva que se renova nas festas da Aldeia, coração de tanta gente dispersa por esse mundo no resto do ano.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Aldeia da Ponte. O encerro.



















O encerro, dia 15 de Agosto é um dos momentos altos da festa. Para alguns é até o mais excitante. Os touros e as vacas ficaram na véspera no campo a vários quilómetros da praça de touros. Centenas ou milhares de pessoas dirigem-se para o local ou outros sítios de passagem, em tractores, carrinhas, motos, a pé ou a cavalo. Os cavaleiros vão empurrando os touros, que do meio do mato e dos carvalhos parecem que surgem do nada, nem sempre obedecendo às ordens. Por vezes marram onde estão alguns incautos que fogem e caem onde não devem; um touro derrubou um cavalo e o cavaleiro ficou com um pé inchado devido à queda, outro, já perto da praça, levou uma cornada.
Dezenas de cavaleiros entram na praça. Há quem traga cavalos desde França. Exibem-se e correm. Entram os touros esbaforidos e as vacas em roda em posição de defesa. Experimenta-se um touro com o forcão. A excitação é grande e colectiva.

Aldeia da Ponte. A procissão






















O espaço está marcado religiosamente. Há igrejas e capelas, cruzeiros nas ruas e nos campos. Há nomes de ruas como Sagrado, rua da Igreja e outros. O Colégio, em ruínas, foi alvo de uma polémica no início do século XX, ainda nos tempos da monarquia. As ordens religiosas estavam proibidas e nesse espaço estabeleceram-se jesuítas que depois foram expulsos.
Nesta terra, como noutras da Beira, muita gente se formou no seminário. Uns ficaram como sacerdotes, outros beneficiaram dos estudos para tirarem outros cursos.
A igreja foi preparada para a missa e procissão. A igreja encheu-se, a missa foi celebrada por vários sacerdotes nascidos na aldeia que também dirigiram o coro. Os mordomos fizeram o desfile e a banda acompanhou.
O percurso da procissão terminou na igreja de S. António, ao pé da ponte romana com a maioria dos habitantes da aldeia e seus descendentes. As oferendas para o santo e para as festas continuaram.