domingo, 13 de abril de 2008

Locronan, Bretanha. E o turismo





Locronan é uma pequena cidade (em Portugal seria vila) bem preservada. Felizmente não é daquelas onde se explora o turismo até ao ínfimo pormenor, como acontece muitas vezes em França.
No entanto, sabem estabelecer regras (os automóveis só entram em determinadas horas e a preservação dos edifícios é o que se vê) e sabem ganhar com o turismo. Veja-se a loja, a arrumação e, sobretudo, a exposição de produtos da região, em particular as cervejas e as sidras.
Não se pode comparar o que não é comparável, como as culturas e as cidades ou aldeias até porque o que marca é a diferença. Nós temos Monsaraz, Marvão e tantas outras desta dimensão mas não encontramos quem venda os produtos com qualidade.
Desde logo (e digo infelizmente porque sou alentejano) a atenção em relação ao cliente. Diz-se "bonjour" natural e automaticamente, como se diz "au revoir" mesmo que se saiba que nunca mais se volta a ver tal pessoa. Mas sabem que outros virão, provavelmente influenciados pelos primeiros. Por aqui, ainda é frequente encontrar gente "a fazer fretes", à espera da hora de saída, só faltando dizer que se trabalha muito e que os clientes são uns malandros porque estão de férias.
Fala-se tanto por aqui em turismo mas depois não há coisas simples. Por exemplo guias turísticos (livros, por exemplo) em várias línguas. Nas línguas daqueles que nos visitam. Aqui pelo Alentejo, a maior parte dos turistas são espanhóis, franceses, alemães ... Com os espanhóis parte-se do princípio que se eles não percebem é porque não querem e depois todos os portugueses acham que sabem falar espanhol (só que alguns espanhóis perceberiam melhor se se dispensasse a algaraviada), com os franceses diz-se que já não vale a pena, com os alemães nem se pensa nisso e ... inglês ... eles que aprendam ou então nós desenrascamo-nos com duas ou três palavrinhas.
Depois o turista quer visitar igrejas. Estão quase todas fechadas. E nas que estão abertas não se pode tirar fotografias (qual é o problema de tirar sem flash?; os outros já perceberam isso). E se abrem, é nas horas em que faz 40 graus no Verão e às cinco da tarde já estão fechadas. E o turista se quiser dar uma volta breve, tenta fazer o que faz noutros lugares, aluga um táxi, esperando que o taxista saiba dizer duas ou três palavras e conheça os principais lugares. Aqui o taxista olha para o estrangeiro como se fosse maluco e depois queixa-se que a vida não dá.
Enfim ...Não nos podemos queixar só do Estado.

Nenhum comentário: