quinta-feira, 6 de março de 2008

Sobre a fulanização

Prefiro discutir ideias. Evito chamar nomes a pessoas, sobretudo àquelas que não apresentam ideias.
No entanto, há gente que se apresenta e quer fazer dos outros idiotas, usando demagogia barata e demonstrando que mandam e os outros que obedeçam e que os suportem cabisbaixos. E desses não gosto e, a esses, quando se expõem e se impõem com arrogância, parece-me que merecem alguma resposta.
Há uns anos comprei uma placa em cerâmica, em Espanha, que dizia uma frase interessante:

Quanto la estupitez abofetea
La inteligencia, La inteligencia
Tiene derecho a portarse
Estúpidamente

E isto vem também a propósito de alguns. Se o senhor Albino aparece constantemente na televisão a criticar, não, a demonizar os sindicatos, os que estão contra ele, a dar ordens aos professores, como se só ele soubesse de tudo e, ainda por cima, usando-se do papel de vítima e a falar, a falar num tom excitadissimo, a mandar "bocas" durante o debate do "Prós e Contras" dizendo o "que vocês queriam era o Salazar", esse senhor candidata-se a ser ridicularizado. Não por ele, que pouco conta, mas pelo protagonismo que pretende, pelo pequeno poder que ele engrandece e quer impor.
Ora nós sabemos (infelizmente para uma sociedade democrática) que a maioria dos pais não participa nas escolas, por razões diversas e legítimas muitas, sabemos também que muitas associações de pais contestam as eleições efectuadas na Confap.
O senhor Albino em si não me interessa nada. O problema é um certo tipo social incarnado por ele ou como diria Max Weber um ideal tipo.

O mesmo, mas de maneira diferente com a Ministra de Educação. Tem responsabilidades acrescidas. Não é só uma cidadã, tem que dar exemplos, está lá para ser competente, para fazer o que um ministro deveria fazer, à letra servir o povo. Por isso, acho que algumas atitudes são altamente irrecomendáveis como quando disse, no início das aulas de substituição, que os "professores podiam fazer umas graças" ou quando dá entrevistas em que diz que os professores não querem avaliação, quando fala em autonomia mas impõe prazos e envia textos autoritários sem assinatura com se fossem lei ou quando responde directamente a uma professora loura, falando em louras, ou quando aparece nas escolas ao fim da tarde quando não está quase ninguém, e em público com arguidos acusados em processos de corrupção.
Ou ainda um secretário de estado que não se importa de manipular estatísticas, juntando no mesmo saco as licenças de parto, as faltas por não colocação de professores e outras, com as faltas normais, só para dizer que os professores faltam muito (além disso que responsabilidade têm os que não faltam).
São essas demagogias que levam à fulanização.
Repito, pouco me interessam essas pessoas em si, o problema é que representam um tipo social que vai emergindo e que quer humilhar os outros. Tanto me faz que seja esta ou aquela ministra, não quero esta política em que ninguém votou nem estas atitudes sobre os que eles acham que devem obedecer. Há direitos e Liberdades que desde a Revolução Francesa ou até desde a "Goriosa Revolução " inglesa são considerados naturais, inalienáveis e imprescritíveis. Não temos que nos sujeitar a tudo o que mandam pessoas a quem não lhes foi dado o poder absoluto, nem sequer por Deus, que já se deixou dessas coisas.
Tenho lido elogios em relação à Ministra sobre a sua coragem em relação aos professores. Desculpem mas isso não é coragem, é teimosia e irrealismo. Sem querer comparações (e sobretudo para não o desculpar ou branquear) também Salazar era teimoso e deixou este país na miséria, no analfabetismo e no atraso.
Coragem é quando alguém defende qualquer coisa ou ideia com risco de vida ou de perda grave, como nas guerras, como os presos políticos que são torturados e não falam. A senhora ministra quando sair há-de retomar o seu emprego e há-de pôr no curriculum que foi ministra. E daqui a uns anos já quase ninguém na rua se há-de lembrar dela. Talvez alguns que ficaram com a carreira bloqueada, talvez outros ...

E, além disso, os cidadãos votaram em deputados, com um determinado programa. Não me consta que as medidas que agora estão a ser implementadas tenham sido divulgadas ou sequer mencionadas nos programas eleitorais. E nisto, até muitos deputados eleitos concordam comigo.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Também Salazar era teimoso e deixou este país na miséria, no analfabetismo e no atraso." Destaco esta frase, porque concordo totalmente com ela. E recentemente tive uma discussão com uma professora (não da Severim) porque eu disse que eu nao gostava do Salazar e da Politica dele e que graças a ele o país nao evoluiu, e ela também foi teimosa tal como o Salazar a dizer que o país estava pior, que isto e aquilo... E eu calei-me, porque vi que não valia mesmo a pena falar com esse genero de pessoas, e pergunto a mim mesma como ela consegue defender o Salazar, sim porque acho que o meu avo prefere ouvir falar no demonio do que no Salazar.Infelizmente existe gente muito "triste", a ministra é uma delas, segundo uma aluna da Epral ela nem sabe falar (e teve o prazer de a ouvir a ela e o nosso querido ministro).