sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A campanha da água

Já lá vão uns anos, Évora aparecia nas televisões por maus motivos: morriam doentes no hospital por causa da água de Évora. O culpado foi logo condenado na praça pública: a Câmara de Évora, presidida por Abílio Fernandes. Depois apareciam análises sobre o alumínio na água, às quais se foram até acrescentando uns zeros, por pessoas que esqueceram a ciência e embarcaram no coro. O estardalhaço foi subindo de tom e o PS aproveitou a boleia, até pela voz de um médico e ex-presidente da Assembleia Municipal, que tinha obrigação de falar verdade com conhecimento.
As coisas, em relação aos doentes falecidos por fazerem hemodiálise, foram esfriando, ficou esclarecido (mas não com o mesmo impacto) o óbvio: que a água para a hemodiálise nunca, nem em lugar nenhum isso se faz, pode ser a mesma da rede pública. O hospital deveria tratar a água para estes doentes,
Mas a campanha não abrandou. Foi mesmo o maior argumento para a mudança em Évora. O actual presidente brandia canos velhos na mão, como armas em riste, com a prova provada de que a CDU não se preocupava com as pessoas.
Aproveitaram-se todas as técnicas de propaganda e publicidade, recorrendo a todos os meios, inclusivamente com chamadas gravadas em massa para os telefones privados. O dinheiro para isto tudo não faltava.
Esta agressividade, este martelar constante, até fez esquecer obras que estavam à frente dos olhos, como a mudança total das canalizações, agora incluindo outros cabos, como o da televisão, com arranjos de pavimentos, passeios etc. no Centro Histórico (que se fizeram na rua da Lagoa, Praça do Giraldo, Largo 1º de Maio etc., etc.,).
O PS ganhou as eleições, pararam as obras, as televisões e a imprensa local calaram-se com o problema da água, e a água das canalizações continua lamacenta, mais cara, sem qualidade … uma porcaria. Já poucos se atrevem a beber água canalizada, ou melhor dizendo, bebem os que não têm dinheiro para comprar garrafas.
Sabe-se que estas coisas não se resolvem facilmente. Mas entre demorar um tempo razoável e não fazer nada, há grandes diferenças.
Quem garantia que ia resolver o problema da água teve dois mandatos, oito anos e nada fez.
Por isso, o que é que lá estão a fazer ainda? Manter o poder pelo poder?
O que é que fizeram com tanta promessa fácil?

Nenhum comentário: