sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Pragmatismo

Pragmatismo

O movimento dos professores tem razão. Ou não tem? Ou tinha e não tinha ao mesmo tempo? Ou tem de vez em quando, e mais caras que o feijão?

Se tem razão, é de continuar.

E já que há outros que mandam, que não são ingénuos (mas incompetentes) também, por que não deixar de ser ingénuo?

Daqui a uns meses há eleições. Os debates vão aquecer. Houve deputados, mesmo do partido do governo, perdão, deputados eleitos com um programa que não é bem o do governo, que por sua vez é subsidiário da Assembleia da República; como íamos dizendo, houve deputados que votaram contra o programa intransigente da ministra. Más há outros movimentos menos visíveis. Há deputados que votaram pelo governo mas que tiveram e têm muitas dúvidas. É parvoíce hostilizá-los, mas é bom que sejam confrontados.

A vida política é dinâmica. Daqui a pouco tempo, e já começou, vai haver luta pelo voto. 120000, 140 000, podem influenciar muita gente, muitos hesitantes.

Aguentar um pouco, isto é, não submeter a este processo de avaliação (o que significa também contra o estatuto), pode custar alguns sustos agora. Todos os que resistem podem perder. Mas podem ganhar muito mais se resistirem um pouco. As coisas estão por um fio. Daqui a pouco tempo vai ser tudo discutido.

O que não vale a pena é começar com paternalismos e excepções. Dizer que a luta não é com os contratados pode comprometer. Os contratados não estão aqui só de passagem. Querem também seguir uma carreira. E se não se mexerem não vão ter nenhuma. Não esperem que sejam os outros só a lutar por eles.

Se começarmos a dividir tudo, que é o quem manda quer, dividimos os professores em contratados, em quadros de zona pedagógica, em professores que hão-de ficar também na precariedade, em titulares, em avaliadores titulares etc., e cada um com os seus problemas particulares de momento.

E vamos dividir-nos por muito tempo se acedermos a este jogo maquiavélico do poder, o que é muito mau para todos e para o país. Eu, se fosse governante não me contentaria com professores muito submissos; nem precisaria deles; até, em alternativa contrataria uns computadores eficientes que ficariam mais baratos. Quem quiser, e há sempre opções, ser um autómato não espere ser considerado mais que isso.

Há coisas muito simples com que temos que contar. Uma delas, vão ser as longas horas do dia a dia, por muitos anos. Mesmo sem retaliações, em si condenáveis. Mas não se espere que alguém que andou a incentivar os outros à luta, a assinar recusas, a participar em manifestações etc., possa virar de repente e seja considerado um grande amigo.

A coisa está por um fio, repito. As eleições e o verdadeiro debate vão começar amanhã.

Quem está no poder também tem medo.

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