Em 2007 foi publicado este livro pela Câmara Municipal de Mértola, fruto de um trabalho que fiz até 2000.
Como já existem poucos exemplares, resolvi colocá-lo também aqui. O pdf não é de grande qualidade e foi o último que me mandaram antes da revisão final, com algumas gralhas. Por isso também as imagens (no final) têm uma qualidade menos boa.
Quem quiser ler ou fazer um download, basta carregar em:
http://www.scribd.com/doc/25722704/O-rio-e-os-homens-a-comunidade-ribeirinha-de-Mertola
domingo, 24 de janeiro de 2010
Eleições para a Universidade de Évora
Num jantar de antigos residentes da Monte Olivete, em Évora, alguns anos depois da juventude.
Conheço alguns dos candidatos a reitor da Universidade de Évora. Mas há um amigo especial: o Heitor. Conheço-o desde finais de 1974, estava ele na Faculdade de Ciências de Lisboa, onde estudava e onde tinha sobrevivido, sem vergar, a encerramentos da faculdade e da cantina, essenciais a estudantes que não tinham pais ricos. Eu tinha-me candidatado a uma residência universitária, a Monte Olivete, onde ele estava também, como membro da Comissão (após o 25 de Abril eram os estudantes que geriam as residências universitárias). Nesse ano não houve aulas de 1º ano e eu apareci lá, sem avisar e sem conhecer ninguém, imagine-se, para um congresso da CDE, que se transformou em partido. Depois vivi lá cinco anos. Fui recebido à chegada pelo Heitor, sempre com aquele sorriso e vontade de resolver problemas. Sempre à frente e sempre com uma grande capacidade de diálogo e de trabalho. Depois ele saiu, porque trabalhava e estudava, mas continuava a frequentar a residência ali em frente à Faculdade de Ciências.
Nesses tempos em que se queria mudar o mundo, em que participávamos naquilo que podíamos, sem dinheiro, que também não havia, geraram-se solidariedades que perduram. Alguns dos melhores amigos que tenho foram e são esses companheiros da residência. Todos os anos nos encontramos, em variadas partes do país. Nem sempre todos vão, mas nem por isso deixamos de estar presentes em momentos significativos, nem que seja apenas por algumas palavras.
O Heitor continua como sempre, activo, solidário, simples, um dia está numa universidade em qualquer país, no dia seguinte aqui em Évora, na universidade, em aulas, em projectos, como vice-reitor, no dia seguinte a organizar viagens a pé nas zonas mais variadas e bonitas do país.
É essencial discutir a Universidade de Évora (aliás como outras), neste país e nesta região, numa época em que há dificuldades.
No programa há quatro pontos que são fundamentais e que são prioridades para a região, para a qualidade e internacionalização, que tanta falta faz neste país:
Promoção da Qualidade Institucional
Inserção Regional
Internacionalização
Sustentabilidade
domingo, 17 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Citações e in(coerências).
Entre 8 e 11 de Janeiro Vital Moreira e Ana Gomes, ambos deputados europeus pelo PS,escreveram isto no mesmo blogue:
mas os sindicatos tiveram de aceitar aquilo que antes sempre recusaram, designadamente uma avaliação com consequências na carreira e quotas para as classificações mais elevadas. Nunca o teriam feito antes. Nem agora o fariam, se a alternativa não fosse a manutenção do sistema que Maria de Lurdes Rodrigues tenazmente impôs. Não se perdeu tudo...
[…]
Não acompanho a congratulação geral pelo acordo entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores. Quando se cede em quase tudo, como sucedeu do lado governamental, é fácil concluir acordos. Quando se busca "a outrance" a concordância dos interessados, é sempre a parte pública que perde.
[…]
Passa pouco da uma da manhã e acabo de ouvir as notícias de que, ao fim de uma maratona de 15 horas de negociação, a Ministra da Educação e a maioria dos Sindicatos dos professores terão chegado a acordo.
Se assim é, estamos todos de parabéns: a Ministra Isabel Alçada e os Sindicatos, antes de mais. Mas também os professores, os pais e, sobretudo, os alunos.
[…]Mas sobre o que pretendia Mário Nogueira para os professores não restam dúvidas: não era carreira; era circuito de aviário.
in
http://causa-nossa.blogspot.com/
(sublinhados nossos)
Resumindo: está tudo de parabéns, ganhou a ministra, perdeu a ministra, ganharam os sindicatos, perderam os sindicatos.
Resta esclarecer a definição do conceito de aviário.
Não foi por acaso que o PS sofreu uma grande derrota nas eleições para o Parlamento Europeu.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
O acordo entre o Ministério da Educação e os Sindicatos
O problema da Educação não diz apenas respeito aos professores. Mas dizer ou fazer, como a anterior ministra (agora presidente da fundação Luso-Americana, sabe-se lá porquê), que os professores se devem submeter a tudo, é uma falta de respeito e um desprezo pelos direitos dos profissionais, em especial pela liberdade de ensino, sem a qual não há liberdade de pensamento. Os professores são parte da solução.
Outros, que malharam, fugiram para Bruxelas e deixaram de falar no assunto. Ninguém lhes reconheceu a especialidade, mas arrogaram-se no direito de vilipendiar toda uma classe, confundindo propositadamente e em detrimento das qualidades intelectuais que deveriam ter, os conceitos de classe e corporação. Fantasmas de percursos mal digeridos!
A opinião pública que demagogicamente tinha sido manipulada, numa primeira fase ficou atordoada, depois começou alguma solidariedade e compreensão. Ultimamente os principais problemas teriam que começar a ser resolvidos, até porque todos começavam a estar cansados.
Até os próprios professores. Se em 2009 houve manifestações de mais de 120 000, houve também muitos que entregaram os objectivos, contemporizando com o sistema, por vezes pressionados directamente. Algumas dezenas de milhares resistiram, mas espero que não sejam os que acalmaram antes que venham agora criticar quem negociou.
Houve cedências de parte a parte, mas também se provou que os professores não recusavam a avaliação.
Está tudo resolvido? Não.
Recomecemos a discutir. É do interesse do país.
Água, Saúde, Economia e Responsabilidade.
Tivemos, já há longos anos, a garantia de que a água de Évora iria ser potável.
Foi assim que enfatica e agressivamente se ganharam eleições.
Eu, como outros, soube da falta de água em Évora, cerca das 8.00 horas da passada terça-feira, através de uma torneira que não deitava pinga e pela SIC Notícias. E foi através da televisão e rumores que fui acompanhando a situação.
Esperava eu que as entidades locais responsáveis a quem pago o serviço me tivessem avisado de qualquer coisa. Mas não! Desligaram a água, que demora muitas horas até se esgotar e (talvez) esperaram que a população fosse sabendo, como nas aldeias em que uma notícia se espalha depressa através dos canais da vizinhança.
Que ninguém tem confiança na água de Évora há muito é um facto. Longos anos de nova gerência "renovadora" (ou caquética, já deveriam ter feito alguma coisa e, pelo menos, ter a humildade de explicar e avisar dos problemas.
Mas não, a culpa é sempre dos outros. Assumir responsabilidades não é apanágio de quem gosta de assumir o poder de qualquer forma. Hoje até vi no Diário do Sul um comunicado do PS que, para defender a câmara até atribuí culpas à gestão de há 9 anos, mistura o problema da hemodiálise no Hospital, em franco desrespeito pelos resultados científicos e decisões dos tribunais há tanto tempo, e diz que Montemor-o-Novo está cheio de alumínio. Como se todos fossem obrigados a ser analfabetos ou pior, estúpidos! Nem sequer têm em conta as palavras do presidente que disse que o alumínio era dos sais de alumínio do tratamento!
Seria interessante, e não apenas interessante mas necessário, contabilizar os prejuízos.
Quanto custou o fecho de empresas, de escolas, de serviços vários pela falta de água. Quanto custa esta falta de confiança, os boatos pela falta de esclarecimento?
No Inverno costuma chover. Que se saiba não houve nenhuma catástrofe.
Outras empresas, por exemplo a EDP (a custo), quando não fornecem um serviço ou por causa da falta dele ou de prejuízos relacionados, são obrigadas a indemnizações.
Eu, como toda a população, que até é obrigada a ter água canalizada, não assinei um contrato que me obrigue a beber água de garrafões ou a ter surpresas indesejadas.
Um contrato envolve sempre mais que uma parte. Devemos pagar o fornecimento de água; temos direito a água potável, a esclarecimentos sérios e a indemnizações por incumprimento.
E aqui porque não? Pagamos, temos direito a ser ressarcidos.
Foi assim que enfatica e agressivamente se ganharam eleições.
Eu, como outros, soube da falta de água em Évora, cerca das 8.00 horas da passada terça-feira, através de uma torneira que não deitava pinga e pela SIC Notícias. E foi através da televisão e rumores que fui acompanhando a situação.
Esperava eu que as entidades locais responsáveis a quem pago o serviço me tivessem avisado de qualquer coisa. Mas não! Desligaram a água, que demora muitas horas até se esgotar e (talvez) esperaram que a população fosse sabendo, como nas aldeias em que uma notícia se espalha depressa através dos canais da vizinhança.
Que ninguém tem confiança na água de Évora há muito é um facto. Longos anos de nova gerência "renovadora" (ou caquética, já deveriam ter feito alguma coisa e, pelo menos, ter a humildade de explicar e avisar dos problemas.
Mas não, a culpa é sempre dos outros. Assumir responsabilidades não é apanágio de quem gosta de assumir o poder de qualquer forma. Hoje até vi no Diário do Sul um comunicado do PS que, para defender a câmara até atribuí culpas à gestão de há 9 anos, mistura o problema da hemodiálise no Hospital, em franco desrespeito pelos resultados científicos e decisões dos tribunais há tanto tempo, e diz que Montemor-o-Novo está cheio de alumínio. Como se todos fossem obrigados a ser analfabetos ou pior, estúpidos! Nem sequer têm em conta as palavras do presidente que disse que o alumínio era dos sais de alumínio do tratamento!
Seria interessante, e não apenas interessante mas necessário, contabilizar os prejuízos.
Quanto custou o fecho de empresas, de escolas, de serviços vários pela falta de água. Quanto custa esta falta de confiança, os boatos pela falta de esclarecimento?
No Inverno costuma chover. Que se saiba não houve nenhuma catástrofe.
Outras empresas, por exemplo a EDP (a custo), quando não fornecem um serviço ou por causa da falta dele ou de prejuízos relacionados, são obrigadas a indemnizações.
Eu, como toda a população, que até é obrigada a ter água canalizada, não assinei um contrato que me obrigue a beber água de garrafões ou a ter surpresas indesejadas.
Um contrato envolve sempre mais que uma parte. Devemos pagar o fornecimento de água; temos direito a água potável, a esclarecimentos sérios e a indemnizações por incumprimento.
E aqui porque não? Pagamos, temos direito a ser ressarcidos.
Património e este estranho clima.
Vi há pouco no Diário do Sul estas informações sobre o Património construído em que a culpa da degradação se deve ao clima e aos tremores de terra, de acordo com entidades responsáveis e responsabilizáveis.
Cheias, quedas de árvores, derrocada de uma casa que estava a ser utilizada como restaurante na vila medieval de Monsaraz e as fissuras existentes no Paço dos Henriques, na vila de Alcáçovas, foram as principais consequências da forte precipitação que ocorreu durante as últimas semanas.
[…]Fernanda Ramos avançou que a Comissão de Protecção Civil foi informada de que na freguesia das Alcáçovas, mais precisamente no Paço dos Henriques, existem algumas fissuras. "A Câmara interpreta essa situação como resultante do recente tremor de terra, agora agravado pela chuva",
A Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) anunciou que vai prestar apoio técnico ao município de Campo Maior (Portalegre) relativamente à salvaguarda das muralhas do castelo que têm registado derrocadas.
"A câmara tem um plano de salvaguarda e a nossa missão passa por dar apoio técnico, acompanhar a autarquia nas suas decisões e efectuar as respectivas avaliações", disse a directora da DRCA, Aurora Carapinha.
As muralhas do castelo de Campo Maior têm registado várias derrocadas nos últimos anos, a última das quais ocorreu na madrugada de terça-feira. A situação está a colocar em risco dezenas de famílias que vivem em condições precárias junto ao monumento.
Embora sublinhe que o plano de salvaguarda que a autarquia de Campo Maior possui deverá ser revisto, para adequar-se ao actual enquadramento legal, Aurora Carapinha explicou que já foi entregue ao município um relatório que indica as "razões" que poderão estar na origem das derrocadas.
"Nós já estivemos no local logo após a última derrocada e estamos a acompanhar o caso e a dialogar com o presidente da câmara", sublinhou.
Seria um pouco estranho um tremor de terra só afectar o Palácio das Alcáçovas e as chuvas afectarem mais o Património que outros lugares. Deus e a Natureza, conforme se escolha, não são assim tão selectivos.
O que se passa é que o Palácio dos Henriques está já abandonado há muitos anos, as muralhas de Campo Maior também e ainda por cima há uma sociedade e poderes políticos que não se resumem às câmaras (as que têm menos culpa) que consentem esta degradação.
No caso do Palácio dos Henriques, o abandono é tanto mais vergonhoso quando foi neste lugar, um palácio exemplar da arquitectura manuelino-mudéjar, que foi assinado um primeiro tratado em que se dividiu o mundo descoberto e a descobrir entre Portugal e Castela.
No caso de Campo Maior, muralhas que foram importantissimas para a defesa nacional, são agora ocupadas por pessoas que vivem num estado miserável num país da união Europeia.
sábado, 9 de janeiro de 2010
O casamento
Esta semana foi tomada uma decisão pela Assembleia da República que constitui uma ruptura histórica.
Histórica como outras ao longo da História. A instituição do casamento mudou ao longo dos tempos. Em geral assumiu a forma pública e entre dois sexos. Actualmente é um contrato entre duas partes livres.Mas há sociedades em que é ou foi poligâmico (veja-se o casamento do presidente da África do Sul), em diversas formas, em que um homem pode casar com várias mulheres ou até em que uma mulher pode ter vários homens. Numas culturas o casamento é durável, noutras não. Na sociedade portuguesa actual já não é assim: o número de divórcios já é superior ao dos casamentos e cada vez se casam menos pessoas.
Na nossa sociedade foi sacralizado pela Igreja Católica, sobretudo a partir do século XVI. Mas também nem sempre foi assim. Na civilização romana não era preciso nenhuma religião para oficializar o casamento e mesmo na Idade Média nem sempre a Igreja se atrevia a meter-se em assuntos de família.
O facto de a moral católica enformar durante séculos, como poder também, não tem sentido em Portugal, uma República separada das religiões, com um interregno não muito claro mas com efeitos impositivos no dia dia totalitário do regime do Estado Novo. A Igreja Católica, as igrejas cristãs, muçulmanas ou outras não têm que interferir no Estado de direito. Ponham-se no seu lugar, que já houve quem abusasse muito. Felizmente o Cardeal Patriarca, que não é chefe da Igreja Católica em Portugal, tem tido até algum sentido pragmático e algum respeito pelas leis. E não deve passar disso porque não há nenhuma religião dos portugueses.
Há um grupo, com muitas assinaturas que quer um referendo. Ora isto põe duas questões: a necessidade ou não do referendo e os direitos.
Quanto aos referendos à partida não valorizo muito a sua necessidade e geralmente são objecto de grande manipulação de grupos não representativos dos cidadãos. Repare-se, por exemplo, na questão da interrupção voluntária da gravidez. Por que é que se tem que referendar as opções dos casais ou das mulheres em relação à gravidez? Que direito têm os outros de mandar na gravidez das mulheres? Ou pensarão que alguma aborta por prazer? Por vezes, referendos, como na Suíça, chegam até ao ponto de aprovar teses racistas, como a da proibição de minaretes. Democracia não é isso. Os direitos fundamentais, desde a revolução francesa, ou mesmo na tradição americana e inglesa, são considerados como inalienáveis e imprescritíveis. Mesmo os que atribuem os direitos a Deus, nessa lógica blasfemam quando se arrogam o direito de interpretar Deus, que para eles é omnisciente.
Mas nas regras da democracia portuguesa quem tem o poder legislativo é a Assembleia da República, com deputados eleitos, por voto universal e secreto, para não haver influências de terceiros. Não é um grupo de 70000 que manda neste país! Mau seria se minorias quisessem mandar nas maiorias para depois ostracizar outras minorias.
Se a questão é de direitos, os direitos não são referendáveis.
Deixem que cada um faça a sua vida, que se case ou que fique solteiro, que viva com uma mulher ou com um homem, que faça vida em comum ou não. Isso é problema pessoal.
É motivo de regozijo, de festa? Para alguns pode ser, para mim não, mas por que é que eu ou outros temos que intervir na vida de cada um?
Tratemos de outros problemas, que não são poucos.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
A água de Évora novamente
Hoje em Évora não há água na rede. Um dos problemas é o alumínio.
Há uns bons anos, um médico, portanto com alguma formação em Química também, fez declarações e uma campanha contra a CDU, de que ele tinha feito parte como presidente da Assembleia Municipal, acusando a Câmara de tudo. Com esta campanha, com que contou com apoios de muitos lados, e dinheiro a rodos, muita demagogia e muita falta de seriedade científica, conseguiu ser poder nesta cidade, através do aparelho de estado primeiro e depois como presidente.
Esperavam os incautos, os distraídos, e outros de boa vontade que a água de Évora iria tornar-se bebível.
Passaram-se tantos e tantos anos e afinal o rei vai nu, como estava. A água não presta e hoje nem sequer existe.
Hoje não há água em Évora e está quase tudo fechado e com problemas.
Hoje, o presidente da Câmara, que é o mesmo, falou. E até me parece que falou a sério. A água que vem parar à barragem vem inquinada, os remoinhos levantam o que está no fundo, o tratamento é feito com sais de alumínio.
Se é assim, e até creio que é, pergunta-se como é que é possível vir parar tanta porcaria às albufeiras e cursos de água? O que é que se tem feito a montante e a jusante?
Sabemos e vimos que, quando chove mais, aparecem televisões (aparelhos), máquinas, entulhos vários, águas de pocilgas … de tudo, nos regatos imprevisíveis (!), nos ribeiros e ribeiras, albufeiras, rios. O Estado que tanto se preocupa com o tabaco nas garagens é ineficiente com a água!
Sabemos da ineficiência, sabemos que não é fácil resolver os problemas.
Mas passados tantos anos, quem tem estado no poder e conquistou a câmara de Évora à custa do alumínio, apresentando canos na televisão e noutros sítios, com tanto tempo para actuar, por que é que ainda não resolveu o problema da miséria da água de Évora?
Evidentemente que isto não é um problema de uma pessoa que quis conquistar o poder pelo poder, mas de uma máquina com muitos apoios que se instalou aqui e no país.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Solstício e Mitra ou o Natal
Mitra, o Deus Menino nasceu a 25 de Dezembro, filho de uma virgem.
Sucede a festa ao festejo do solstício de Inverno, já antes glorificado pelos romanos, Sol Invictus: dia em que o Sol começa a crescer, depois de (re)nascido (natus).
Era um culto de origem oriental (persa), que se tornou quase universal no Império Romano, sobretudo no exército, antes do cristianismo se tornar obrigatório. O sincretismo religioso já era usual, as religiões iam continuando o que estava na origem. Por isso também se faziam fogueiras, a luz da noite em contraponto com a do dia.
Imagem atribuída a Mitra, no museu de Mérida, antiga capital da Lusitania. Aqui ainda jovem antes de se sacrificar.
Sucede a festa ao festejo do solstício de Inverno, já antes glorificado pelos romanos, Sol Invictus: dia em que o Sol começa a crescer, depois de (re)nascido (natus).
Era um culto de origem oriental (persa), que se tornou quase universal no Império Romano, sobretudo no exército, antes do cristianismo se tornar obrigatório. O sincretismo religioso já era usual, as religiões iam continuando o que estava na origem. Por isso também se faziam fogueiras, a luz da noite em contraponto com a do dia.
Imagem atribuída a Mitra, no museu de Mérida, antiga capital da Lusitania. Aqui ainda jovem antes de se sacrificar.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
Centro Histórico de Évora. Limite de velocidade:30 km/hora
Existe um erro comum da parte de muitas pessoas que circulam no Centro Histórico de Évora. Como se aprende que, de um modo geral, o limite de velocidade em zonas urbanas é de 50 km/hora, há quem presuma que não é necessário olhar para os sinais.
Em todas as entradas do Centro Histórico há sinais com a limitação de 30 km/hora. É esse o limite em toda a área há muitas décadas. E também, contrariamente ao que alguns pensam, não é obrigatório ir à velocidade máxima permitida. Em muitas ruas e praças a prioridade é para os peões, assinalado já em muitos pavimentos. E em ruas estreitas que não têm passeios isso é muito claro.
Trânsito da Rua da Ladeira
É necessário discutir a cidade como um todo, como um sistema em que as várias partes têm influência umas nas outras. Acima de tudo porque a cidade deve ser vivida por todos, permitindo a liberdade de cada um sem que essa se sobreponha aos outros. Discutir e fazer. Uma proposta:
No sentido da valorização do centro histórico de Évora e no bem estar dos seus habitantes, umas das principais preocupações que tenho neste âmbito está associada ao trânsito. Entre os vários casos que se poderiam escolher, considero cada vez mais importante pensar no trânsito na Rua Gabriel Vítor do Monte Pereira, antiga Rua da Ladeira. O clube dos Vinte, o Centro de Actividades Infantis e a Adega do Alentejano criam um fluxo de viaturas e paragens de viaturas incorrectamente a que se acrescenta o trânsito oriundo do Largo de Santa Catarina e veraneios entre a Praça do Giraldo e o Largo Joaquim António de Aguiar, onde há novos espaços de funcionamento nocturno. Todos estes equipamentos tornaram a vida dos moradores insuportável dia e noite. A rua não apresenta condições técnicas para o fluxo de viaturas que a atravessam, originando graves problemas de acessibilidade e poluição aos seus moradores. Com esta observação não estou a questionar a importância das actividades das entidades que citei, pelo contrário, o objectivo é que se dignifiquem de forma articulada com a sua envolvente social, pois existem soluções para isso, que poderei enumerar e que já foram aplicadas noutras cidades.
O sinal da zona de cargas e descargas no pequeno Largo junto ao centro de actividades infantis, está incorrectamente sinalizado e vários condutores fazem desse reduzido espaço parque de estacionamento permanente, esquecendo que os moradores precisam de o utilizar, no mínimo, para descarregar os produtos alimentares para suas casas. Os serviços técnicos da CME alhearam-se desse problema à revelia de orientações superiores - quero dizer da presidência do município - para a correcção da sinalética do local. A PSP intervém na medida das suas possibilidades, mas a má colocação dos sinais limita-a na execução da sua actividade fiscalizadora. É urgente corrigir esta situação.
Uma chamada de atenção aos sócios do clube dos vinte certamente resolve algumas das situações de paragem indevida, é gente de bem e que compreende as situações, a mesma atenção deve ser seguida pela adega pela direcção da adega do alentejano
Os familiares das crianças do centro de actividades infantis colocam as viaturas em frente das portas impedindo o acesso aos seus moradores numa clara situação de falta de educação cívica e moral, para com os idosos que aí vivem, num claro exemplo como a degradação de valores tem afectado a sociedade eborense. A responsabilidade deste comportamento não é da direcção da "escolinha", mas a sensibilização da direcção junto dos familiares das crianças para esta situação parece justa e adequada e poderia trazer resultados benéficos para todos. Deve ser colocado um polícia ou alguém com autoridade no período das entradas e saídas das crianças para evitar estas situações, tal como acontece noutras cidades, inclusive para segurança das crianças e familiares ao atravessar a rua.
A criação de novos espaços comerciais na Rua dos Penedos, no prolongamento da Rua de São Cristóvão irá agravar a situação de trânsito nesta rua. É necessário resolver esse assunto, pois existem formas simples e eficazes, assim haja vontade política e disciplina dos técnicos para a execução das decisões. O acesso à rua deve ser de imediato restringido apenas aos moradores até que um plano geral de acessibilidade e trânsito para o centro histórico apresente soluções para a resolução global deste problema.
Feliciano de Mira, morador
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Acrópole XXI (Évora) e outras coisas fundamentais.
Vai estar em discussão pública, ou já começou, o projecto Acrópole XXI. O arquitecto que ganhou o concurso, de acordo com os parâmetros definidos, já o teve que redefinir várias vezes. O espaço a intervencionar é essencialmente o interior da antiga cerca romana. Um dos pomos da discórdia é o da construção de um parque de estacionamento por baixo do actual Jardim Diana. Salvaguardando a questão da preservação da muralha romana e a eventual descoberta de achados arqueológicos (estudo que já deveria estar feito há muito), embora se saiba que muito do que ali está é entulho do século XX, não tenho nada contra.
Porque uma das questões que se põe é a da circulação. Mais de dois terços da população, mais jovem até, vive fora do Centro Histórico. Uma percentagem pequena vive na antiga Cerca Romana. Portanto há que resolver o modo como é que as pessoas poderão ir até à Sé, assistir ou participar numa conferência na Biblioteca Pública, no museu agora renovado, um concerto na Fundação Eugénio de Almeida, um espectáculo de cinema ou teatro na Joaquim António de Aguiar, na rua, em espaços reencontrados, ir às compras, passear … viver.
Automóveis não cabem mais, nem isso é desejável. Ir a pé também não dá para todos, sobretudo a partir de certa distância. Pense-se em vir à noite a partir do Bairro do Bacelo: a pessoa ou é atropelada ou fica a mercê de outros em zonas escuras.
Qualquer cidade da Europa, da França para cima pelo menos, quatro ou cinco vezes maior que esta cidade, tem menos automóveis a circular. Veja-se a cidade do momento, onde se faz a Cimeira do Ambiente: 37% das pessoas empregadas vêm de bicicleta, segundo o "Público" de hoje. E em Copenhaga chove, há neve e temperaturas negativas. Mas existe uma rede de vias para ciclistas, com prioridade sobre os automóveis e meios de transporte colectivos.
Aqui há problemas e muitos para resolver. Não é só uma questão de voluntarismo de algumas pessoas. Se alguém vier de bicicleta por certas vias e rotundas corre o risco de ser atropelado, mesmo descontando os impropérios de certa gente. Se alguém quiser andar de transportes públicos arrisca-se a nunca chegar a horas ou ficar a pé a outras horas. E a noite, sobretudo, é para quem tem sorte, ou para os ricos ou para quem não se importa com os outros, com os automóveis em cima de qualquer coisa.
Se se quer que as pessoas vivam o Centro Histórico, se se quer que o usufruam há que haver alternativas e estas não podem passar por mais automóveis, ou então só andam automóveis engalfinhados uns nos outros contra os peões, que é o que já acontece. A não haver alternativas civilizadas, as pessoas fogem, que é o que vem acontecendo nas últimas décadas, o que tem já e vai ter cada vez mais custos: construir mais fora, com mais custos em infra-estruturas, de água, electricidade, cabos inúmeros, mais ruas, mais automóveis, mais tempo desperdiçado, um Centro Histórico a cair e a ser abandonado cada vez mais e com turistas também a abandoná-lo porque não há qualquer interesse em ver tudo fechado e a cair.
PS. Veja-se aqui perto Badajoz, para quem admira muito as proezas espanholas. Deixaram cair a cidade antiga, aliás em grande parte destruída pelo general Yague do exército de Franco em 1936, e construiram uma nova ao lado. Incaracterística "por supuesto".
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Direitos Humanos
No dia em que se comemoram mais uma vez os Direitos Humanos, um poema de Boris Vian, quando o governo francês ainda queria manter o Vietname sob domínio colonial
Le déserteur
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens:
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Vila Nova da Baronia
Apesar de ser bastante antiga tem o nome de Vila Nova. Foi antigo concelho, extinto em 1836. Da baronia porque pertenceu aos domínios do 1º barão, depois conde-barão de Alvito. A igreja matriz, de finais do século XVI é enorme, provavelmente para demonstrar o poder do barão. Ainda se vêem outros edifícios como a antiga câmara municipal com uma torre sineira. Por dentro, as igrejas têm frescos e outras pinturas, mas como é habitual está quase tudo fechado.
António Tabucchi e a censura berlusconiana
O presidente doSenado italiano, Renato Schifani, exige a soma de 1.350.000 euros por causa de um artigo onde o escritor António Tabucchi pergunta pelo seu passado.
O que está em causa é a liberdade de expressão num país onde Berlusconi domina a quase totalidade dos media e não aceita as opiniões de gente que quer que este país continue em democracia.
A petição é esta:
http://www.mediapart.fr/club/blog/la-redaction-de-mediapart/181109/signez-lappel-international-pour-antonio-tabucchi
O que está em causa é a liberdade de expressão num país onde Berlusconi domina a quase totalidade dos media e não aceita as opiniões de gente que quer que este país continue em democracia.
A petição é esta:
http://www.mediapart.fr/club/blog/la-redaction-de-mediapart/181109/signez-lappel-international-pour-antonio-tabucchi
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
A língua portuguesa
Escreveu Fernado Pessoa:
Não chóro por nada que a vida traga ou leve. Há porém paginas de prosa me teem feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noute em que, ainda creança, li pela primeira vez numa selecta, o passo celebre de Vieira sobre o Rei Salomão, "Fabricou Salomão um palacio..." E fui lendo, até ao fim, tremulo, confuso; depois rompi em lagrimas felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquelle movimento hieratico da nossa clara lingua majestosa, aquelle exprimir das idéas nas palavras inevitaveis, correr de agua porque ha declive, aquelle assombro vocalico em que os sons são cores ideaes - tudo isso me toldou de instincto como uma grande emoção politica. E, disse, chorei; hoje, relembrando, ainda chóro. Não é - não - a saudade da infancia, de que não tenho saudades: é a saudade da emoção d'aquelle momento, a magua de não poder já ler pela primeira vez aquella grande certeza symphonica.
Ora Fernando neste texto não está a dizer, como muita gente pensa, que a pátria é onde se fala Português. O problema era o mau uso da língua. A ortografia nem sequer era o pior dos males, embora ele preferisse uma ortografia mais clássica.
Hoje há quem brade contra a nova ortografia. Mas a que defendem é a dos anos quarenta e não a que Fernando Pessoa usava.
Mas pior que a ortografia é este "portínglich" que está na moda. Não sou purista da língua mas penso que não há necessidade de tanto inglês misturado com português, que mais parece uma gíria que uma língua.
É a toda a hora as evidências, a realização (com significados em inglês, diferentes do português), o benchmarking, advocacy, the big picture, lay out, slideshow, bookcrossing, feed-back, e-mail, labs, links, spam etc. etc. e isto tudo misturado com siglas e acrónimos.
Outra questão é a do esquecimento dos clássicos.
Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente, Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.
Ora Fernando neste texto não está a dizer, como muita gente pensa, que a pátria é onde se fala Português. O problema era o mau uso da língua. A ortografia nem sequer era o pior dos males, embora ele preferisse uma ortografia mais clássica.
Hoje há quem brade contra a nova ortografia. Mas a que defendem é a dos anos quarenta e não a que Fernando Pessoa usava.
Mas pior que a ortografia é este "portínglich" que está na moda. Não sou purista da língua mas penso que não há necessidade de tanto inglês misturado com português, que mais parece uma gíria que uma língua.
É a toda a hora as evidências, a realização (com significados em inglês, diferentes do português), o benchmarking, advocacy, the big picture, lay out, slideshow, bookcrossing, feed-back, e-mail, labs, links, spam etc. etc. e isto tudo misturado com siglas e acrónimos.
Outra questão é a do esquecimento dos clássicos.
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