segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Votar à esquerda ou à direita. Votar à direita porquê?

Tenho recebido constantemente umas mensagens em que se apela aos professores para não votarem no PS e votarem à direita ou à esquerda (as razões são um rol conhecido que só pode envergonhar quem tomou as medidas e que despreza e educação).

Como sempre, convém ver o significado das palavras, o contexto e a história destas. O PS, o PSD, o CDS, o PCP, o Bloco de Esquerda já não são o mesmo que há uns anos. O PS, o PSD, o CDS falavam em “socialismo democrático” (sim, o CDS também) em 1975. O PS quando foi fundado, até era um pouco revolucionário. O homem que “meteu o socialismo na gaveta”, Mário Soares, hoje está mais à esquerda do PS e até diz que a NATO não tem sentido. O PC também mudou e o Bloco de Esquerda acabou com a linguagem maoísta e/ou trotsquista, dedicando-se a causas concretas, sem pretensão de mudar o mundo de uma vez (já ninguém pensa nisso e o PC também não).

A direita está na prática do neo-liberalismo, envolvendo partidos social-democratas (internacionalmente social-democracia pode ter outro significado). Mas mesmo esta ideologia neo-liberal recua ou deixa de ser coerente com a ideia que o mercado e Deus (o que é o mesmo, “in God We Trust”, dizem as notas do dólar norte-americano) resolve tudo, e que os que perdem, a culpa é deles porque não foram eleitos para ganharem o Céu . Nos EUA nacionalizam-se bancos, mesmo que se critique e que se tentem golpes de estado na Venezuela e Bolívia.
Mas votar à direita porquê? A direita tradicional em Portugal (falo do regime até 1974 e dos seus saudosistas), conseguiu que Portugal fosse o país da Europa com mais analfabetos, com menos pessoas com o ensino secundário e por aí adiante. Os professores(as) do ensino primário estavam sujeitos a inspecções constantes e os do ensino secundário, a maioria nem ganhava as férias, estavam sempre à disposição da autoridade do reitor nomeado. Hoje estudam cerca de 20 vezes mais pessoas que em 1973.

A outra direita (sem rumo ou travestida) já esteve, e continuamente, no poder. Também nos deixou o deficit e as despesas, sabe-se lá aonde, também fugiu para as festas e para Bruxelas.
E, é bom que a memória não seja curta, também congelou os salários e bate palmas em relação a muitas medidas que levam a que o investimento na Educação seja menor, mesmo com todas as reduções salariais (os congelamentos forçados) e o aumento do horário de trabalho dos professores (até ao absurdo das tarefas burocraticamente exigidas).

Portanto, votar à direita não. Até porque nem sabemos o que é que eles querem.

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