quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A grande e a pequena fraude


Começo pela grande fraude: Obama. Não é que tivesse grandes esperanças mas resta sempre uma réstia, como as cebolas que ao descascar nos afetam os olhos, sem que a visão desapareça. Obama sabe discursar, é inteligente, tem ideias, alguma visão do mundo, ao contrário de outros presidentes pouco alfabetizados como Reagan ou Bush(s). Parecia até não ser arrogante. Mas para governar os EUA, há que contar com os eleitores que existem, os sistema eleitorais obsoletos que existem, os inúmeros e poderosos lóbis (alguns numa certa Europa poderiam ser simplesmente acusados de corrupção), os eleitores eleitos com o financiamento dos lóbis etc. : um sistema político que se bloqueia a si próprio para manter o status quo dos interesses empresariais e uma política económica liberal quanto baste para defendê-los e quando não baste manda-se um exército, umas bombas, uns espiões, uma multitude de meios para manter a hegemonia. E prisões com tortura em Guantánamo que Obama prometeu acabar mas que ...
Quanto ao Médio Oriente interessa-lhes o petróleo, o gaz, a supremacia e o Estado crescente (de crescer) de Israel, a Terra Santa exclusiva para alguns (sublinhe-se alguns, mas poderosos) grupos judaicos, outras seitas religiosas, que talvez não sejam seitas, porque isso é mais questão de poder e número, que creem que pode ser aí o Paraíso fundamentalista, com exclusão dos outros, árabes sobretudo, quer sejam muçulmanos, cristãos ou sem religião.
Talvez ainda interesse a Obama, mas nada a outros que mandam, que a Síria foi um dos berços das culturas ocidentais, referência bíblica constante, um dos centros da cultura helenística, província essencial do Império Romano, lugar primordial dos primeiros cristãos e dos que se seguiram, centro da civilização islâmica, do tempo em que os poetas, filósofos, astrónomos e tantos outros davam lições de cultura ao mundo. Mas esses puritanos que decoram e citam a Bíblia constantemente, assumindo ares civilizadores, dominadores e arrogantes, esquecem ou desconhecem e nem vislumbram que estes povos são descendentes desses que eles, na América e outras partes se presumem como donos da verdade e herdeiros do povo eleito, que reservam uns vestígios de liberdade para eles mas que negam os direitos aos outros, em nome da liberdade económica reservada. Esquecem, apesar de usarem constantemente a palavra Deus (cristão) e até escreverem nas notas de dólar “in God we trust”, que foi a caminho de Damasco, capital da Síria, que o refundador do cristianismo, S. Paulo, teve a visão, a queda e a elevação que levou o cristianismo ao mundo, “urbe et orbi”.
Que Assad é um ditador, sabemos e não devemos permitir. Mas financiar grupos fundamentalistas e fascistas, como se fez no Afeganistão ou no Iraque, para substituir um regime e cair num estado falhado como no Iraque ou Somália ou Afeganistão, com perseguições a minorias significativas de cristãos, muçulmanos alauitas e outros, laicos, ateus, permitir o retrocesso e destruir património cultural mundial, obrigar as mulheres a voltarem a tempos “inquisitoriais”, para se conformarem com a moral vaabita da Arábia Saudita?
Entretanto Israel, que continua a ocupar os Montes Golã sírios, aproveita e ninguém põe em causa que tenha armamento nuclear e químico.

A pequena fraude é a pequena França de Holande. Parece que certos franceses querem voltar aos tempos do colonialismo na Síria. Ainda não engoliram as sucessivas derrotas no Vietname e na Argélia e ainda pensam que estão no tempo de Napoleão (que também foi derrotado por povos, como o português e russo). E diz-se socialista!? Mas também o que conta quem pouca influência tem e se quer pôr em bicos de pés de vez em quando, mudando de opinião quando uma alemã mandona exige?

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