terça-feira, 17 de novembro de 2009

Poetas esquecidos. Jerónimo Corte-Real

Nada resiste ao tempo, tudo vence,
Tudo desfaz, consume e tudo gasta,
Grandes males e perdas, grandes danos,
Grandes desgostos dá ao esquecimento.
Leva-nos da memória em pouco espaço
Aquilo que antes era espanto à gente,
E o que nos assombrou ontem, já hoje
Leve o faz parecer, brando e tratável.
Não há tristeza grande que não cure,
Não há dor que co'ele seja grave.
Todo o mal e rigor, toda aspereza
Este velho cruel nos torna fácil.

Corte-Real, J. (1598). Naufrágio e Perdição de Sepúlveda e Leonor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Vá lá, alguém se lembra desse grande poeta de Évora e do país! Mas ele não é tão esquecido assim: a História e Antologia da Literatura Portuguesa, da Fundação Gulbenkian, em fascículos, que era distribuída de graça com o JL, tem muitos excertos da sua poesia.

João F.B.R. Simas disse...

Foi por aí que o encontrei. É pena não se estudar no ensino secundário