quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Há cem anos, a Imprensa portuguesa e o Regicídio

O Mundo, 23 de Junho de 2007, em plena ditadura de João Franco e D. Carlos.

Escreveu Rocha Martins, jornalista na época.

Escrevera-se que “a monarquia em Portugal havia regressado ao regime dos quadrilheiros, fugidos por cobardia das estradas”. João Franco era “o bandido que anunciou os adiantamentos ilegais, feitos em benefício da realeza (…) e aparece agora armado - cínico e ladrão – em saque aos cofres públicos, em benefício das damas do Paço e do Chefe de Estado”(…) e chamava-se ao ditador” doido protegido por um bandido e servo desse bandido”. Assim se alcunhava o Rei.

Martins, Rocha, O Regicídio, Lisboa, Gradiva, 2007


Estava-se em plena ditadura. O jornal O Mundo tinha sido suspenso por 30 dias. Mesmo assim conseguiu fazer sair à rua esta edição.
Chamavam doido ao primeiro-ministro (presidente do Conselho); o rei era apelidado de bandido.

Apesar de tudo, não houve grandes consequências em relação aos jornalistas. Mas ditadura no século XIX nada tinha a ver com as que surgiram no século XX.
Quem é que se atreveria a chamar doido e bandido a Salazar na imprensa vendida na rua?

Não subscreveria esses impropérios, mas acho estranho haver tanta falta de críticas nos dias actuais.

De facto, o Estado Novo interrompeu a evolução deste país!

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