Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes relata as lutas entre os partidários de Castela e de D. João, mestre de Avis. Fernão Gonçalves, alcaide de Portel ter-se-ia deixado levar pela sua mulher a aderir ao partido de Castela e foi vencido. D. Nuno Álvares Pereira deixou-o partir mas Fernão Gonçalves que
«era o mais saboroso homem que em Portugall avia, e mui sollto em suas pallavras»,
culpa a sua esposa das desgraças que lhe aconteceram e, como bom português, já tem saudades antes de partir, triste com a sua condição de homem quase violado e expulso de casa como qualquer triste vilão, ele que tinha nascido de boas famílias:
«Quamdo Fernam Gomçallvez e sua molher ouverom de partir da villa, pero pouco prazer tevesse, começou dizer que lhe chamassem as trombas pera tamger, dizemdo a sua molher:
"Amdaa per aqui, boa dona, e hiremos balhamdo, vos e eu, a ssoom destas trombas; vos
por maa puta velha, e eu por villaão fodudo no cuu ca assi quisestes vos.»
E inventa uma moda que haveria de ser dançada:
Pois Maria baillou,
tome o que ganou;
melhor era Portell e Villa Ruiva,
que nom Çafra e Segura,
tome o que ganou,
dona puta velha.
tome o que ganou;
melhor era Portell e Villa Ruiva,
que nom Çafra e Segura,
tome o que ganou,
dona puta velha.
Ps. Esta crónica de Fernão Lopes, ao contrário do que pode parecer hoje, era para ser lida por gente letrada e de boa educação e foi encomendada pelo rei. A linguagem que hoje ainda se considera obscena era utilizada na rua ou na corte.
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