A Bretanha foi durante séculos uma Finis Terra. Ligou-se à França em meados do século XVI mas, até à chegada do comboio em meados do século XIX, era acessível essencialmente por mar. E é o mar e o seu clima temperado marítimo, frequentemente chuvoso que em primeiro lugar caracterizam esta península, até geológicamente diferente do resto da França. Os seus habitantes falavam, ainda hoje cerca de 250000 falam, uma língua céltica, semelhante à do País de Gales e próxima do gaélico da Escócia ou da Irlanda. O mar ligava-a à outra Bretanha e as migrações eram constantes, integrando-se a sua literatura oral no ciclo arturiano, com os seus cavaleiros e a Távola Redonda ou os romances como o de Tristão e Isolda. A Inglaterra anglo-saxonizou-se, depois normandizou-se e os bretões confinaram-se sobretudo a esta Bretanha. No entanto, o mar é um constante apelo e os bretões de Brest, Saint-Malo, Morlaix e de outros portos, baías e rias desta costa constantemente recortada e protegida por ilhas e rochedos, navegaram não apenas para a Inglaterra, outros portos franceses, Holanda, mas também para o Canadá e Terra Nova onde rivalizavam com os portugueses na pesca do bacalhau.
A revolução industrial chegou aqui tardiamente e os bretões, marinheiros e pescadores, camponeses a maioria, eram vistos até à segunda guerra mundial como uns rústicos exóticos, extremamente religiosos, bom terreno para a pesquisa etnográfica ou para a procura da pureza perdida.
Como a Galiza e parte de Portugal, com quem tem afinidades, seja pela abertura ao mar nos confins da Europa, a Oeste, seja pelas tradições megalíticas e célticas, seja pelo atavismo e tradição e cosmopolitismo em conjunto e só aparentemente em contradição, a Bretanha ainda fascina pela sua diversidade e pela resistência à normalização.
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