Gosto deste nome.
São fingidas só aparentemente. São colunas, capitéis, arcos, que vieram do Palácio de Vimioso, ao pé da Sé. Numa perspectiva anacrónica ainda veríamos o "fingimento" de arcos em ferradura numa arquitectura cristã. São verdadeiras mas fingidas porque foram recolocadas como em cenário. A torre é também verdadeira e está no local desde a Idade Média, em que tinha função, mas tornou-se fingida no novo velho conjunto.
E o Vimioso foi também um fingido. O conde de Vimioso foi amante da Severa, cantora da Mouraria de Lisboa, um aristocrata perdido por uma plebeia que valia mais que ele em sentimento, beleza e fado. E o Vimioso era liberal mas ficou como Marialva. E a família Vimioso era de origem bastarda e havia pais bispos pelo meio e tinha o apelido Portugal. E Almeida Garrett escreve o Frei Luís de Sousa, onde uma das personagens é Vimioso e, portanto da família Portugal e também a personificação do Portugal derrotado em Alcácer Quibir e renascido no infortúnio dos Filipes.
Romantismo, nacionalismo e tragédia tão ao gosto do século XIX, burguês mas de nostalgia aristocrata.
Era por estas ruínas falsamente fingidas, assumidas no seu fingimento que a boa sociedade de Évora se passeava.
Temos umas ruínas fingidas que fingimos não ver. Abandonamos um jardim romântico, fingindo que não existe.
Ao menos no século XIX passeava-se, ouvia-se música e usufruiam-se as ruínas fingidas.
Mais autênticas afinal que as ruínas fingidas e as fingidas ruínas que por aí andam fingido que existem.
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