segunda-feira, 31 de março de 2008

Viajar

Pont Aven, Bretanha


Viajar é também uma questão de gosto. Há formas de viajar diferentes e com diferentes perspectivas. Gosto de ver as coisas a partir de fora, do meu país, e de dentro, quando possível, isto é a partir da cultura local, embora saiba que são muitas as dificuldades em compreender os outros.
Cada vez que viajo compreendo melhor o meu país, valorizo as coisas que acho positivas em Portugal, sinto, por vezes, nostalgia de outras que perdemos por motivos vários, pela pressa em imitarmos o que há em outros, pelo desprezo que temos por algumas coisas boas e pelo que poderíamos ter se utilizássemos algumas forças que temos para incorporar empréstimos de outras partes. Quando chego descubro também coisas por onde passei tantas vezes sem olhar.

Por defeito, como se diz nas Matemáticas, por hábito e cultura, não me tirem o nosso clima, apesar de não ser assim tão ameno, com estas amplitudes térmicas diárias e sazonais. O céu azul e límpido e este calor de Primavera que faz rebentar as primícias, são um privilégio que os países do Norte não têm. O passear pelas ruas e praças encontrando gentes a desoras são coisas em que os países latinos, ou melhor, mediterrâneos, ainda têm vantagens, enquanto outros têm as suas chuvas e neves e consequentes dispêndios de energia que os levam a meter-se em casa.
Mas precisamos aprender com os outros, coisas que não seriam difíceis. Respeitar regras de trânsito, por exemplo, perceber que um automóvel é apenas, e só isso, um meio de transporte e não um prolongamento da habitação privada e de um ego em expansão individualista. E permitir andar a pé ou de bicicleta sem medo de mudar de estatuto e apreciar o ambiente que gerações anteriores preservaram. Ou que nada custa ser simpático quando se entra num café, e dizer bom dia, seja-se cliente ou empregado. O que até tem vantagens económicas: quem se sente bem tratado deseja voltar ou passa a mensagem a outros.

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