Quase parece obrigatório votar num próximo primeiro-ministro.
Este é dos piores embustes da democracia. Com efeito nós votamos para eleger deputados e essa é que é a grande questão: o que nos propõem os deputados que se apresentam em cada círculo, o que pretendem fazer quando forem eleitos ou se vão ceder o lugar a um desconhecido, se vão ou não falar com os eleitores do distrito, visto que têm a segunda-feira para isso, se vão ou não apresentar propostas e quais etc. Enfim, que programa apresentam e qual vai ser a sua forma de actuação.
Há algumas perversidades na escolha dos deputados pelos partidos. Não compreendo muito bem porque é que há partidos que impõem quotas de dirigentes nos círculos locais, deputados que ora eleitos, nunca mais lá põem os pés, isto se não forem para o governo ou outro lugar. Lembram-se que Manuela Ferreira Leite já foi deputada por Évora ou, nas últimas eleições, um tal Perestrelo, eleito por Beja, e que depois passou para vice-presidente da Câmara de Lisboa? Multipliquem-se os exemplos, que são muitos, e sobretudo nos partidos que têm estado no poder.
Haveria uma forma simples de alterar este poder omnipotente das direcções partidárias, sem recorrer aos círculos uninominais que distorcem a intenção de voto, visto que os votos num candidato que tenha, por exemplo, 49%, não contam para a eleição, se houver outro que tenha mais um voto. Seria, em vez de votar apenas num partido, votar ao mesmo tempo num deputado. Por exemplo, no Brasil, cada candidato tem um número, quando o eleitor digita nesse número, aparece a fotografia e o partido desse deputado. Mais fácil seria aqui que somos menos e poderia manter-se o método de Hondt.
Mas, enquanto não houver um sistema desses, seria importante os eleitores exigirem e fazerem perguntas aos candidatos.
Outra questão é a do voto útil. Voto útil para quê? Para primeiro-ministro não, visto que não é disso que se trata e reduziria drasticamente as hipótese de eleitores. É óbvio que, por exemplo, em Évora, ninguém vota em Manuela Leite, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, Francisco Loução, José Sousa, Garcia Pereira, Carmelinda Pereira … Recorde-se até que Santana Lopes até foi primeiro-ministro, e nem estava isso em causa quando foi eleito deputado. Outros foram-se embora como Guterres ou Durão Barroso.
Além disso os partidos sobem e descem. A maior parte dos partidos e coligações só apareceram depois do 25 de Abril e alguns muito tempo depois e, mesmo assim transformaram-se (já há muito que Durão Barroso não é maoista, nem Pacheco Pereira do PCP-ml, também maoista, nem Zita Seabra é comunista, nem Ferro Rodrigues do MES …).
A liberdade está em cada um votar onde quer.
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