“Não é fácil que me intimidem a não falar deste assunto pelo facto de já haver estrangeiros que já me vêm amedrontar. Não tenho medo de defender os interesses do país nem medo de defender a nossa independência económica”, afirmou, num almoço com dezenas de militantes em Castelo Branco, um dos três distritos por onde andou a campanha social-democrata. E o tema que já serviu para Sócrates rotular Ferreira Leite de “baixa política” é para manter. “Não vou abandonar um milímetro a minha forma de fazer política”, afirmou. Dando garantias de que “o interesse nacional tem de estar acima de todas as suspeitas”.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1400654, dia 14.09.2009
Esta polémica dos transportes de alta velocidade já tem muito mais que um século. No século XIX, quando em Portugal se estavam a fazer estradas, já que as que havia eram apenas as romanas e pouco mais, com o tempo convertidas em veredas por onde passavam almocreves, a pé e de burro, tendo sorte se não fossem assaltados por bandidos esfomeados, malteses do Alentejo, desertores, ex-guerrilheiros de todo o lado. Na Espanha o mesmo ou pior. Por essas e por outras vinham viajantes, ingleses sobretudo, visitar estes países exóticos, já que ir a África, implicava mais dissabores, e estes ainda ficavam na Europa, tal como a Grécia ou a Sicília. Faziam-se gravuras com as profissões e os vestuários dos portugueses e dos espanhóis, das variadas regiões, dos homens e das mulheres e das crianças eternamente descalços quase todos, eram proverbiais as anedotas sobre as incríveis estalagens espanholas, faziam-se óperas como o Barbeiro de Sevilha ou a Cármen em que se retratavam estes costumes “mouriscos”, fora do tempo da civilização industrial. Quem viajasse de Além-Pirinéus para cá tinha que largar o carro puxado a cavalos e simplesmente andar de burro ou de mula ou até a pé, que as “estradas” não davam para mais.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1400654, dia 14.09.2009
Esta polémica dos transportes de alta velocidade já tem muito mais que um século. No século XIX, quando em Portugal se estavam a fazer estradas, já que as que havia eram apenas as romanas e pouco mais, com o tempo convertidas em veredas por onde passavam almocreves, a pé e de burro, tendo sorte se não fossem assaltados por bandidos esfomeados, malteses do Alentejo, desertores, ex-guerrilheiros de todo o lado. Na Espanha o mesmo ou pior. Por essas e por outras vinham viajantes, ingleses sobretudo, visitar estes países exóticos, já que ir a África, implicava mais dissabores, e estes ainda ficavam na Europa, tal como a Grécia ou a Sicília. Faziam-se gravuras com as profissões e os vestuários dos portugueses e dos espanhóis, das variadas regiões, dos homens e das mulheres e das crianças eternamente descalços quase todos, eram proverbiais as anedotas sobre as incríveis estalagens espanholas, faziam-se óperas como o Barbeiro de Sevilha ou a Cármen em que se retratavam estes costumes “mouriscos”, fora do tempo da civilização industrial. Quem viajasse de Além-Pirinéus para cá tinha que largar o carro puxado a cavalos e simplesmente andar de burro ou de mula ou até a pé, que as “estradas” não davam para mais.
Em meados do século XIX discutia-se a alta velocidade e as estradas. A alta velocidade era a dos comboios a vapor. O governo de Fontes Pereira de Melo avançou finalmente e começaram a fazer-se linhas a ligar o litoral, entre Lisboa e o Porto, a ligar Portugal e Espanha em direcção ao resto da Europa, e finalmente o interior. Foram muitos os que achavam um desperdício e é certo que o país se endividou e houve corrupção, que Portugal teve que construir linha conforme a bitola espanhola, medida proteccionista inventada em Madrid, mas que permitiu a ligação a França e ao resto da Europa.
Tenho alguma dificuldade em perceber o PSD sobre a alta velocidade. A coerência não está à vista, visto que em vários governos onde este partido esteve foram aprovados projectos, inclusivamente quando Manuela Ferreira Leite foi sucessivamente ministra (chegou a ser da Educação!).
Depois há compromissos de Estado, do estado português, com o estado espanhol, com a União Europeia, que envolve dezenas de estados que estão a criar uma rede europeia. E grande parte do investimento é feito com fundos europeus, para projectos transfronteiriços, entre outros. Vamos entregar esse dinheiro aos outros?
Não me venham com argumentos do género que países como a Irlanda (afinal com esta crise já não é modelo) não têm auto-estradas nem TGV. Se o TGV arrancasse na Irlanda, ao fim de alguns minutos caía no mar. Megalomania seria também ter pontes das maiores da Europa, no Tejo, visto que a maior parte dos outros países têm muito mais pequenas. Só que nós temos alguns problemas que não têm outros, como o de ficar na ponta mais ocidental da Europa. E já agora expliquem-me também por que é que a Bélgica, a Holanda, a Alemanha, a França, a Espanha etc., etc., têm alta velocidade. Serão todos perdulários? Tudo o que investiram era deles? Não ganharam nada com a alta velocidade? A rede espanhola e outras não vão ser utilizadas por portugueses para irem a outros países, ou são os portugueses que vão pagar as infra-estruturas para chegar a Paris?
As coisas têm que ser estudadas e ponderadas, há que calcular os investimentos, verificar as fontes de financiamento, tudo isso. Mas há também que calcular as perdas por ficarmos isolados.
E já agora deixem-se do “perigo espanhol”. Eles já têm demasiados problemas com os bascos, catalães, galegos, andaluzes … a última coisa que um governo espanhol quereria era ter outra vez problemas com portugueses que já estão separados da Espanha há séculos.
E já agora deixem-se do “perigo espanhol”. Eles já têm demasiados problemas com os bascos, catalães, galegos, andaluzes … a última coisa que um governo espanhol quereria era ter outra vez problemas com portugueses que já estão separados da Espanha há séculos.
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