Não me dou ao trabalho de citar gente medíocre. Eles que resolvam os problemas de família, os fantasmas de terem sido comunistas, maoístas que defenderam a Revolução Cultural Chinesa ou o Eldorado da Albânia. Alguns não mudaram nada. Antes defendiam Estaline, Mao Tsé Tung, Henver Hodja, contra os "social-fascistas", "iluminados pelo saber que detinham contra os ignorantes que eles achavam e desprezavam, branquearam o genocídio do Cambodja e até de Timor e sempre desprezaram quem não pensava igual a eles no momento em que eles pensavam assim.
Outros arrependeram-se e continuam a fazer actos de contrição, repetem até à exaustão o perigo do espectro comunista, como se só eles soubessem dos perigos desse inferno em lenta combustão.
Muitos destes fizeram-se ao poder. Herdaram aquilo que criticaram numa juventude passageira, onde devanearam pela revolução. E cedo, demasiado cedo em alguns casos, noutros passando pelos corredores de acesso ao poder e migalhas do capital, acham que agora tudo se resolve com autoridade.
Que uns reclamem, são comunistas, sem direito a contraditório, se não são comunistas são manipulados, se não são manipulados directamente são através dos braços elásticos e tentaculares dos sindicalistas perversos herdeiros de alguma carbonária ou de uma multinacional malévola.
Agora esses pensadores de si próprios até são moralistas e dedicam-se à crítica , à cuscovilhice da moda e do vestuários e dos costumes. Os professores vestem-se mal, alguns não se penteiam e até falam alto.
Dantes é que era bom. Professores guardados pelos inspectores, pela PIDE, com censura, com prisões políticas, com afastamentos e demissões compulsivas. Com um Liceu por distrito, mais alguns em Lisboa e no Porto, com alunos da classe média, bem comportados, porque não podia ser de outro modo, num país bem comportado à força, num país artificialmente ruralizado e hierarquizado, com uma moral única, una e santa, com os camponeses a fugir da miséria para Franças e Araganças, outros a servir de carne de canhão nas Áfricas, num país endividado mas que alguém se orgulhava de ter muito ouro escondido, submetido ora ao esquecimentos dos "les petits portugais" ora à condenação internacional e vexatória dos orgulhosamente sós.
Era esse país dos bons alunos (mas basta olhar mesmo assim para as estatísticas dos excluídos, ("os chumbados") dentro da maior exclusão, e de bons professores que, no entanto, não podiam estudar História ou Literatura Contemporâneas, nem Sociologia, que era suspeita, nem muitas outras ideias e teorias também suspeitas, e em que Ciências serviam apenas para decorar, excepto o Darwin, o Einstein e outros também suspeitos.
Têm saudades e olham para os actuais professores como suspeitos. Suspeitos porque se mexem, quando só eles deveriam ter opiniões, suspeitos porque têm ideias que não deveriam ter, até porque eles não se dão ao trabalho de investigar.
Quantos destes opinadores se dão ao trabalho de comparar os dados da Eurostat, da OCDE e até do Instituto Nacional de Estatística? Quantos se dão ao trabalho de ler alguns estudos e citá-los na bibliografia, quando escrevem para jornais lidos por dezenas de milhares de pessoas? Quantos se dão ao trabalho de visitar duas ou três escolas para vêr in loco o que se passa? Estudaram coisas concretas, como o horário dos professores e dos alunos, as horas de trabalho, os curricula dos alunos, a participação ou não dos pais e autarquias, a organização das escolas...?
Os novos ANP não se dão a esse trabalho. Sabem tudo, como nos antigos cafés da província o senhor doutor também sabia tudo. Sabem tudo e opinam sobre tudo, especialistas em geral, que tanto falam hoje sobre o Kosovo ou Afeganistão, a bolsa de Nova Iorque ou ensino em qualquer lado e ontem da Saúde ou do armamento.
Eu compreendo as falhas de conhecimento de muitos. Compreendo que até em certos jornais da província se aceitem os "acho que", como em em alguns blogues lidos por meia dúzia.
Agora arrogâncias de ignorantes, que chamam estúpidos, comunistas, irresponsáveis a todos os professores, como se todos fossem uns subservientes à espera da lição inculcada, à espera do senhor fulano importantissimo que escreve num jornal com 50000 exemplares (em qualquer país com uma população semelhante na Europa isso é uma ninharia), lidos os seus artigos por alguns....
Essas bocas têm uma importância muito relativa.
Eu não tenho vergonha destes pseudo-opinadores.~
Se ainda tivessem contribuído para fazer uma melhor televisão, melhores jornais, uma melhor ordem dos advogados, melhores universidades, enfim que tivessem trabalhado naquilo que ainda poderão saber fazer... Mas enfim, alguns do que sabem não aproveitam e metem-se em coisas que não conhecem.
Vale a pena dar muita atenção?
Eles que resolvam os seus problemas.
E que comecem a estudar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
João: estás a ver a 'coisa' por um prisma errado: o que o anormaleco escreveu lá no tal pasquim não deve aborrecer-nos, pelo contrário: é um excelente sinal. É sinal que estamos no bom caminho porque os estamos a incomodar, estamos a fazer-lhes mossa e eles, quais ratos de esgoto, quando se sentem ameaçados e ao seu mundozinho de subserviência ao "grande lider"(ou ao artista antigamente conhecido como socialista, palavra que agora lhes queima a boca...) saem da toca e atacam; atacam ferozmente, raivosamente, insultam-nos do pior que lhes lembrar, espumam pelos cantos da boca...
Eu alegro-me com isso, é bom sinal. Estamos no caminho certo, amigo.
Deixo um último pensamento: no próximo ano haverá eleições. No dia seguinte às eleições, nós estaremos nas nossas salas de aula, a trabalhar, como sempre, com os nossos alunos. E eles, onde é que vão estar ? Nos livros de História é que não, não merecem tal.
Postar um comentário