O Doutor Vital Moreira escreveu ontem para o "Público" um artigo sobre os professores.
Sinceramente acho que deveria ter mais nível. Lembro-me bem quando era deputado na Assembleia Constituinte e, por isso, dá-me pena, reduzir questões complexas a explicações simples e vê-lo agora como um propagandista da ministra.
Escrevi para o Público não uma resposta (também lhe enviei uma em que contesto vários pontos), mas um cenário que se aplicaria a uma situação semelhante aos professores universitários, como ele. Evidentemente seria o caos e o fim do despertar das ideias e da investigação.
O texto:
O Doutor Vital Moreira parte do pressuposto que existem apenas interesses profissionais contra os interesses públicos, que os interesses profissionais dos professores só por si são conservadores, contra os interesses reformadores do governo, que os professores são manipulados pela Fenprof, logo manipulados pelo PCP, que são interesses minoritários, logo não contam e são opostos à maioria da população. Parece que quer concluir que classe é igual a corporação, logo reaccionária em si mesma e que os professores se portam irresponsavelmente.
Imagine-se agora um cenário em que uma política semelhante era aplicada aos professores da universidade. A questão é pertinente, visto que o estatuto vai ser alterado e as universidades portuguesas são também financiadas pelos contribuintes e estão longe de ter os mesmos resultados que outras congéneres europeias.
-Reestruturação das carreiras. Apenas contariam os cargos exercidos nos últimos sete anos. De toda a actividade anterior se faria tábua rasa. Livros publicados, estudos, conferências, prémios anteriores a essa data não contariam nada ou quase nada. Certamente muitos professores catedráticos seriam ultrapassado por outros.
- Avaliação. Daqui a 20 dias úteis as universidades teriam que ter definidos dezenas de parâmetros mensuráveis para começar a avaliar os professores. Esses professores teriam que definir objectivos individuais no imediato e ser sujeitos a ter três aulas assistidas até Junho. Essas aulas seriam supervisionadas por um professor dessa ou de outra especialidade que faria recomendações e daria uma nota. O Reitor preencheria fichas sobre todos os professores.
Na avaliação seriam tidos em conta os resultados dos alunos. Por exemplo, o docente que reprovasse mais de 25% dos alunos seria fortemente penalizado. O professor teria que elaborar também testes especiais para cada aluno que faltasse a um percentagem de aulas determinada.
- Horários. Qualquer atraso de 5 minutos seria penalizado com falta. As faltas dadas por ir a conferências congressos etc. impediriam que fosse classificado com Excelente ou Muito Bom. Fazer investigação só depois das 35 horas semanais. Substituição de professores de outras especialidades e de outros cursos nos momentos em que faltassem e sem necessidade de aviso prévio. Aumento das horas lectivas.
- Gestão da universidade. Aumento do número de alunos no Senado Universitário (já que estes não precisam de ser representados pelos pais), representação e poder dado às CCRs, autarquias etc, de modo a que os docentes estivessem em minoria. A gestão entregue ao Reitor que nomearia todos os presidentes de conselhos de departamento e todo o conselho pedagógico. O Reitor poderia ser demitido pelo ministro.
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Um comentário:
Eu acho isso que se passa com os professores uma autentica palhaçada! Assim como muitas mais coisas que se passam no nosso país, acho bem que os professores saiam para a rua e reclamem, nao se podem acomodar como a maior parte das pessoas fazem. Porque se todos tivessem-se acomodado, ainda estavamos a cavar para dar tudo ao "senhor". OS professores agora têm culpa das notas dos alunos? Na maior parte dos casos nao! Muitas das vezes os alunos é que se tão a lixar para a escola, e os culpados são os professores?! Enfim.. Não sei onde este país vai parar, mas de uma coisa tenho certeza, se o Socrates se candidatar de novo, com o meu voto nao ganha porque já posso votar =D
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