quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Avaliação de professores



Já não está em discussão. O governo tem pressa e parece que quer demonstrar que a decisão rápida é um valor.

Agora os conselhos pedagógicos têm que fazer, em dias, os instrumentos de avaliação.

E há de tudo... e até os perigosos e tecnicistas, com objectivos mensuráveis e definidos ao pormenor. E que definem comportamentos. E modelos.

Já é censurável fumar, ter comportamentos diferentes, ideias diferentes da normalidade então nem se fala. Em Portugal há tradições!

Esquecem-se alguns que temos uma Constituição que consagra a liberdade de ensinar. E um mau estatuto que ainda é obrigado a referir direitos.

Numa sociedade que teve a histórica paciência ou o gosto pelo miserabilismo autoritário de viver 48 anos numa ditadura fascista (não tenhamos medo dos nomes, Salazar não se importaria) mesmo a contra-corrente da Europa, há saudosos do poder unilateral, dos comportamentos modelares e obedientes, sempre com a desculpa que se tem que cumprir o que vem de cima.


Lembremos as antigas professoras primárias que só podiam casar com aprovação do estado, vistoriadas pela inspecção e pelos caciques locais, obrigadas ao manual único, ao comportamento ditado e a ditar, obrigadas a mandar rezar pelas autoridades e a ensinar e prescrever a única história milagrosa e eleita do Portugal dos heróis e dos santos que espalharam a civilização cristã pelos Algarves de Áquem e Além Mar em África, do Minho a Timor.


Já não estamos nessa crista da onda, e é bom não confundir as palavras, mas que a onda ainda se espraia é bom não esquecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Poucos perceberão, mas as recentes medidas tomadas em relação á educação serão, talvez, as que mais e melhor perdurarão da política deste governo. Hipotecarão definitivamente o futuro da escola pública (essa perigosa escola pública que poderia despertar as mentes e formar cidadãos que se atrevessem a pensar que a racionalidade e eficiência do poder poderia afinal ser um bluff, essa mesma escola pública que um dia serviu para promoção social e nivelamento de classes) e assim se perpetuará esta vilanagem no poder (gostaria de dizer que até fartar, mas é insaciável esta vilanagem). Mais do que qualquer outra medida, é aqui, em legislação aparentemente pouco consequente para o comum do portuga e que se destina a domesticar uma classe de incompetentes (começará a ser importante lembrar o incómodo que tantos professores causaram já aos regimes que lhes pagaram, essa espécie de livres pensadores, de cães que mordem em quem lhe dá de comer e lhes quer impor a coleira), é aqui que este governo levará definitivamente ao triunfo os melos e champallimauds de agora e de outrora, dos bcp`s promíscuos com bancos de portugal, dos neoliberais travestidos de socialistas. Custa-me pensar que talvez isto já só lá irá com sangue. Com muito sangue. Que volte a guilhotina.