Quase todos conhecem Voltaire, um nome que quase assusta, iluminista, execrado pelas críticas a práticas religiosas e ao poder absolutista. Escreve em Cândido ou o optimismo:
“Pangloss ensinava a metafísico-teológico-cosmolo-nigologia. Conseguia provar por forma admirável que não há efeito sem causa, e que, no melhor dos mundos possíveis, o castelo do senhor barão era o melhor dos castelos (…)- Está demonstrado, dizia ele, que o que existe não pode ser diferente; porque, tendo tudo sido criado para um fim, fatalmente é para o melhor dos fins. Nota-se sempre que os narizes foram criados para segurar os óculos; as pernas foram certamente instituídas para terminarem em botas, e por isso usamos calçado (…)”
Cândido, inocente, depois de ter aprendido as lições do seu mestre Pangloss, vê massacres, participa neles sem querer ao serviço dos búlgaros, mata um judeu e um inquisidor em Portugal, também, sem querer, serve os espanhóis e os índios e também os jesuítas, que oram pelos reis de Espanha e os combatem na América, conhece o Eldorado e acaba na Turquia, depois de ter conhecido um pessimista… e acaba no Império Otomano, depois de ter passado em Veneza, tendo conhecido um camponês turco que tinha uma horta.
No final, Pangloss, que tinha sido enforcado pela Inquisição portuguesa mas conseguiu sobreviver por…”dizia algumas vezes a Cândido:
- Todos os sucessos estão encadeados no melhor dos mundos possíveis; porque enfim, se tu não fosses expulso dum formoso castelo com grandes pontapés no traseiro por amor da menina Cunegundes, se não tivesses passado pela Inquisição (…), tu não comerias os frutos da terra.
- Tudo isso é muito bonito, respondia Cândido, mas é preciso cultivar a nossa horta
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