É bastante provável que houvesse mais contas escondidas do que aquelas que quem tem obrigação de saber sabia. E sabiam os que nos têm governado nestas últimas décadas.
Mas o essencial não é isso. Os últimos orçamentos foram votados com a ajuda do CDS e do PSD (que tem tanta gente implicada em negócios ruinosos para a “res publica”, a começar pelo BPN …). Os juros da dívida pública têm aumentado exponencialmente nestes últimos anos, exigidos pelos “nossos amigos” que nos “ajudam”. O esquema, entre outros, tem sido simples: pedem emprestado ao BCE (para o qual o Estado Português também contribui) a 1% e emprestam a seguir ao Estado a 8, 10, 15% … coisa que ninguém vai poder pagar mesmo que deixe de comer. O acordo com a chamada “toika” foi feito com o acordo do PS, PSD e CDS em determinados termos.
Quer agora o governo ir muito mais para além do acordado, como se aparecesse inocentemente “ex-machina”, “desconhecendo tudo, não se importando em desdizer descaradamente o que prometeu?
A solução é retirar aos do costume, num dos países mais desiguais da Europa: aos que trabalham e sobretudo aos funcionários do Estado. A isso chama-se confiscar. É levar a que o estado não seja pessoa de bem, porque nem sequer cumpre as leis e cria a desconfiança, contra a confiança que tanto apregoa. Já não se esconde que não é apenas uma questão financeira: é ideológica no essencial. Antes sabiam como cortar nas “gorduras” do Estado. Descobriu-se agora (e “descobrir” agora é demagogia e incompetência) que afinal as “gorduras” são pessoas, que nem ganham muito segundo os padrões abaixo da média europeia, a Educação, a Saúde, a Segurança Social … tudo o que contraria os pensamentos socialistas e social-democratas, para não referir direitos mais simples.
Afinal a solução é cortar nos salários e aumentar o IVA dos que precisam para a subsistência, aumentar os impostos dos que se endividaram a comprar casas …
Não estava no acordo retirar dois vencimentos por ano, nem estes aumentos brutais de impostos.
Se o PS aprovar o orçamento (abster-se é o mesmo), fica totalmente refém do patrão e a pouca ideologia de esquerda que ainda tem já nem sequer fica na gaveta, como noutros tempos.
Estrada municipal entre a Igrejinha e Vimieiro (Concelho de Arraiolos)
Um comentário:
E a coisa não vai ficar por aqui. Um destes dias ainda hão-de vir questionar porque raio havemos de receber 12 meses se só trabalhamos 11?
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