O poder dos instalados na Madeira tem resultado de grandes mistificações, que muitos, levados por estes constantes bombardeamentos de palavras gritadas em voz alta contra o "in", o inimigo, que tanto pode ser a Trilateral, a Maçonaria, os "cubanos", os socialistas, os comunistas, o Coelho, Guterres (nem lhe agradeceram o perdão da dívida), o Sr. Silva, por vezes, e tantos outros que até se abraçam tempos depois, acreditam que são verdades consolidadas, óbvias, que não precisam de ser questionadas.
Uma das mistificações é a de uma pretensa luta pela autonomia de Jardim.
Ora, antes do 25 de Abril, quando não havia liberdades, mas prisões, guerras coloniais, miséria e subdesenvolvimento que levaram a emigrações, autêntico êxodo rural, por onde andava ele e outros? Enquanto havia gente que arriscava, a defender ideias, refastelava-se na pândega, a tirar um curso que levou uma década, despesas pagas pelo Estado e certamente pela família. Defendia o Estado Novo, Salazar, Marcelo Caetano, fazendo propaganda de Deus, Pátria e Família, daquele Deus indiscutível que o ultramontanismo impôs, a Pátria inquestionável, única, sem autonomias nem descentralização, do Minho a Timor, a família do chefe obediente ao Estado, pobrezinho mas honrado, pequeno tirano em casa, mulher menorizada e filhos sem voz. Na tropa foi para a Ação Psicológica. Esta era um serviço que, visto que só a pancadaria não resultava para reprimir os movimentos anticoloniais, onde se tentava, já não só com o pau mas com a cenoura, levar as populações africanas baralhadas com chorrilhos de meias verdades e mentiras, pequenas benesses (um rádio a pilhas, um emprego de mercenário mal pago ...) dadas a denunciantes de familiares e amigos. Respeito pela lei era também coisa que não existia, nem mesmo pelas leis de um país com a mais longa ditadura da Europa Ocidental.
Ora, quem decidiu que a Madeira e os Açores tivessem autonomia foi a Assembleia Constituinte, numa época de maioria de esquerda, numa Constituição, que propunha a construção de uma sociedade socialista (ainda lá continua escrito no preâmbulo). A Assembleia da República continuou o aprofundamento da autonomia. Não foram meia dúzia de indivíduos, sem qualquer apoio popular, que instrumentalizaram uma pretensa independência de arruaça, pronta a entregar-se como protetorado a outra potência.
Mas falando em autonomia, o governo da Região Autónoma retirou a autonomia às autarquias (municípios), sobretudo quando há uma rara oposição. Muita inauguração diz respeito a municípios, coisa que no continente não passaria pela cabeça de muitos autarca e populações (inaugurar uma obra da câmara como se fosse do governo).
Uma das mistificações é a de uma pretensa luta pela autonomia de Jardim.
Ora, antes do 25 de Abril, quando não havia liberdades, mas prisões, guerras coloniais, miséria e subdesenvolvimento que levaram a emigrações, autêntico êxodo rural, por onde andava ele e outros? Enquanto havia gente que arriscava, a defender ideias, refastelava-se na pândega, a tirar um curso que levou uma década, despesas pagas pelo Estado e certamente pela família. Defendia o Estado Novo, Salazar, Marcelo Caetano, fazendo propaganda de Deus, Pátria e Família, daquele Deus indiscutível que o ultramontanismo impôs, a Pátria inquestionável, única, sem autonomias nem descentralização, do Minho a Timor, a família do chefe obediente ao Estado, pobrezinho mas honrado, pequeno tirano em casa, mulher menorizada e filhos sem voz. Na tropa foi para a Ação Psicológica. Esta era um serviço que, visto que só a pancadaria não resultava para reprimir os movimentos anticoloniais, onde se tentava, já não só com o pau mas com a cenoura, levar as populações africanas baralhadas com chorrilhos de meias verdades e mentiras, pequenas benesses (um rádio a pilhas, um emprego de mercenário mal pago ...) dadas a denunciantes de familiares e amigos. Respeito pela lei era também coisa que não existia, nem mesmo pelas leis de um país com a mais longa ditadura da Europa Ocidental.
Ora, quem decidiu que a Madeira e os Açores tivessem autonomia foi a Assembleia Constituinte, numa época de maioria de esquerda, numa Constituição, que propunha a construção de uma sociedade socialista (ainda lá continua escrito no preâmbulo). A Assembleia da República continuou o aprofundamento da autonomia. Não foram meia dúzia de indivíduos, sem qualquer apoio popular, que instrumentalizaram uma pretensa independência de arruaça, pronta a entregar-se como protetorado a outra potência.
Mas falando em autonomia, o governo da Região Autónoma retirou a autonomia às autarquias (municípios), sobretudo quando há uma rara oposição. Muita inauguração diz respeito a municípios, coisa que no continente não passaria pela cabeça de muitos autarca e populações (inaugurar uma obra da câmara como se fosse do governo).
Mais. Este governo regional tudo tem feito para o desprestígio da autonomia. Ao esconder as contas, ao fazer festas e comezainas em grande, continuando a dizer que vai gastar mais o que não tem, leva ao caminho perigoso do descrédito da autonomia.
Outra mistificação é a das obras. Compara-se com o que era antes da autonomia, compara-se com o que era antes do 25 de abril. Dá para ver as diferenças. Apesar de tudo, a diferença é enorme. Mas é enorme em todo o país! Todo o país se renovou, se desenvolveu, não foi só a Madeira. Miséria havia em todo o país, hoje muito menos, apesar da grande diferença social e das assimetrias regionais.
O que admira não é haver obras, é não se ter feito mais pelo desenvolvimento da população da Madeira. Os impostos ficam lá, geridos pelo governo regional, as transferências do estado fazem-se (pagas por quem paga impostos), os subsídios da União Europeia também (mas repare-se que Portugal também contribui para a União Europeia).
Depois há coisas muito esquisitas numa região que se inclui num Estado de Direito. As incompatibilidades: como é possível que governantes sejam também acionistas de empresas que fazem obras? E quando alguém lhes responde à letra refugiam-se numa imunidade criada pelos próprios, não se coibindo de pôr outros em tribunal.
Relacionado com isto, o desenvolvimento. O rendimento per capita aumentou mas não para os cidadãos. Ilusão para a população. O aumento do rendimento tem sido feito com o off shore, que prejudica todo o país, pela diminuição de impostos, mas sem quase gerar empregos na região. O rendimento está concentrado em empresas de escritório ou caixa postal ou nos que ganham as benesses da proximidade do poder. Que o digam as vítimas do temporal, já antes pobres e depois despejados por ribeiras encanadas, ainda à espera de transferências já feitas pelo governo da República e por particulares.
Diz-se ainda que libertou os camponeses da colonia, uma contribuição medieval que permitia que alguns senhores vivessem do rendimento dos camponeses pobres. Também no continente havia os foros. Tudo isso foi extinto no Portugal pós-25 de Abril. A Constituição, com o regime democrático, acabou com esses resquícios de feudalismo. Infelizmente há quem se gabe disso, só para manter as pessoas na dependência, na subserviência.
E só para terminar a mistificação mais propagandeada, que alguns, à força de ouvir deixam que se imponha como a mentira que repetida se torna verdade. A oposição Continente/Madeira. Os cidadãos da Madeira são tão cidadãos de Portugal como qualquer outro e a Madeira não pode ser um couto só para alguns. Não é esta gente que defende os cidadãos da Madeira; defendem os seus interesses. É ridículo até, como pessoas que tanto defenderam o colonialismo, agora usem esse argumento, alguns que até decidiram para si privilégios quase coloniais, que nem os outros do continente nem a maioria dos madeirenses têm.
Outra mistificação é a das obras. Compara-se com o que era antes da autonomia, compara-se com o que era antes do 25 de abril. Dá para ver as diferenças. Apesar de tudo, a diferença é enorme. Mas é enorme em todo o país! Todo o país se renovou, se desenvolveu, não foi só a Madeira. Miséria havia em todo o país, hoje muito menos, apesar da grande diferença social e das assimetrias regionais.
O que admira não é haver obras, é não se ter feito mais pelo desenvolvimento da população da Madeira. Os impostos ficam lá, geridos pelo governo regional, as transferências do estado fazem-se (pagas por quem paga impostos), os subsídios da União Europeia também (mas repare-se que Portugal também contribui para a União Europeia).
Depois há coisas muito esquisitas numa região que se inclui num Estado de Direito. As incompatibilidades: como é possível que governantes sejam também acionistas de empresas que fazem obras? E quando alguém lhes responde à letra refugiam-se numa imunidade criada pelos próprios, não se coibindo de pôr outros em tribunal.
Relacionado com isto, o desenvolvimento. O rendimento per capita aumentou mas não para os cidadãos. Ilusão para a população. O aumento do rendimento tem sido feito com o off shore, que prejudica todo o país, pela diminuição de impostos, mas sem quase gerar empregos na região. O rendimento está concentrado em empresas de escritório ou caixa postal ou nos que ganham as benesses da proximidade do poder. Que o digam as vítimas do temporal, já antes pobres e depois despejados por ribeiras encanadas, ainda à espera de transferências já feitas pelo governo da República e por particulares.
Diz-se ainda que libertou os camponeses da colonia, uma contribuição medieval que permitia que alguns senhores vivessem do rendimento dos camponeses pobres. Também no continente havia os foros. Tudo isso foi extinto no Portugal pós-25 de Abril. A Constituição, com o regime democrático, acabou com esses resquícios de feudalismo. Infelizmente há quem se gabe disso, só para manter as pessoas na dependência, na subserviência.
E só para terminar a mistificação mais propagandeada, que alguns, à força de ouvir deixam que se imponha como a mentira que repetida se torna verdade. A oposição Continente/Madeira. Os cidadãos da Madeira são tão cidadãos de Portugal como qualquer outro e a Madeira não pode ser um couto só para alguns. Não é esta gente que defende os cidadãos da Madeira; defendem os seus interesses. É ridículo até, como pessoas que tanto defenderam o colonialismo, agora usem esse argumento, alguns que até decidiram para si privilégios quase coloniais, que nem os outros do continente nem a maioria dos madeirenses têm.
As dicotomias, o preto e branco, sempre foram os falsos argumentos que ditatorialmente alguns querem impor para seu proveito. Entrar nisso é fazer o jogo deles. Nenhum minhoto precisa deles para viver na Madeira, nenhum madeirense precisa de autorização deles para viver no Alentejo, ir ou voltar quando lhe apetecer.
Mas se o problema fosse só uma pessoa ... ou será que quem tanto fala e gesticula é apenas o rosto de um grupo restrito? Quem é que manda afinal?
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