quinta-feira, 9 de julho de 2009

Património Mundial


Há sítios que são classificados Património Mundial. Évora é um caso especial, porque toda a cidade antiga intra-muralhas foi considerada como um conjunto. Cidades como esta são assim consideradas, porque preservaram ao longo de séculos o seu património edificado. Évora é assim mas poderia não o ser. Muitas cidades portuguesas foram vendo o seu património destruído, até recentemente, em nome de uma certa concepção de progresso. Mas pior que esse pretenso progresso é a falta de conhecimento que leva a que o património seja destruído. Quem não conhece não ama.

Évora teve felizmente, e foi até pioneira e persistente, grupos que defenderam o património. O templo romano poderia ter tido o mesmo fim que os conventos de S. Domingos, S. Catarina, Paraíso, parte do Salvador, parte de S. Francisco, parte do aqueduto etc. etc. As muralhas só não foram vendidas em hasta pública, porque houve um grupo, o Pró-Évora que encabeçou uma campanha contra a sua destruição (como noutras cidades). E houve o bom senso de não destruir mais porque se vivia na cidade e havia gente que a conhecia.


Hoje há outros perigos. Já muita gente não frequente a antiga cidade, agora chamada de Centro Histórico. E muitos jovens já não a conhecem nem sequer da escola, porque quase não têm aulas de História. O ministério reduziu o número de aulas de História e deixou ainda opções para as escolas. E, por incrível que pareça, há escolas numa cidade Património Mundial que ainda reduzem mais. Em muitas passou-se de três aulas semanais de 50 minutos no terceiro ciclo para uma única aula de 90 m no 7º ano, outra de 90 m no 8º ano e uma de 90 m mais 45 m no 9º ano. Quase menos um terço de aulas num ciclo, embora com o mesmo programa.

Depois querem que os jovens saibam História de Portugal, que tenham conhecimentos sobre o século XX e o mundo contemporâneo, que conheçam o património da cidade. Por favor não gozem com alguns quando dizem asneiras, porque não lhes foi dado o direito a conhecer.


As responsabilidades têm que ser assumidas por cada um onde está e onde trabalha. A culpa não é sempre só dos outros. Se não ensinarmos as crianças e os jovens, sobretudo aqueles que mais precisam do sistema de ensino, porque os pais não lhes podem ou não sabem fornecer alguns conhecimentos ou experimentar vivências, então deixaremos estas questões para as elites que sempre tiveram acesso ao conhecimento e que os utilizam conforme os seus interesses.


Continuaremos com cidadãos informados e outros que o não são, porque não se lhes permite esse direito, e então veremos as consequências na preservação do património, na identidade cultural, para não referir o simples direito de cidadania.

Um comentário:

Anônimo disse...

O seu pensamento leva aquilo que tenho dito em relação á minha geração, fomos educados por outra geração, a culpa de sermos uma geração"inculta" em relação a certas tematicas, em parte deve-se bastante ao fraco ensino e ás prioridades estabelicidas que são na minha opinião erradas. História, é uma disciplina bastante importante. E os jovens têm uma ideia errada da História, simplesmente porque lhes incutiram a ideia que é inutil, secante, etc.. Mas nao é, é necessário saber porque este ou aquele edificio é importante, ou aquele acontecimento. Muita da nossa História explica o presente. O ensino precisa sim de uma reforma, os professores também. É necessário que existam pessoas no ensino como o João Simas, preocupadas com questões como essas, e não professores que se limitam a despejar materia e a receber o ordenado. Infelizmente nem todos são como o professor, nem todos os pais podem pagar os livros que ensinam (existem coisas bastante interessantes das editoras para as crianças e jovens, infelizmente a preços de certo modo elevados). É necessario que haja iniciativas, melhor divulgadas, mais feiras, mais esforço nesse sentido, por todos aqueles que têm o poder de mudar a sociedade, e fazer das próximas gerações mais cultas, e não apenas licenciadas ou com o 12º ano, fornecido com facilitismos para as estatisticas.

Abraço, Daniela Parra