«Julgamos que após a longa discussão aqui publicada à volta do IMI do Centro Histórico de Évora teria esgotado o assunto que se espera resolvido a contento. Todavia algumas solicitações recebidas pedem-nos acolhimento aos seus pontos de vista sobre o assunto IMI. Estamos a publicá-las para melhor esclarecimento público e deste modo pomos fim à discussão do assunto nestas colunas. Diário do Sul dedicou a este caso espaço alargado das suas edições»
(Nota da Redacção, publicada hoje no Diário do Sul, enquadrando posições da CME, de António Dieb do PSD, da coordenadora concelhia da CDU e um texto endereçado ao Director Regional da Cultura).
citado por http://maisevora.blogspot.com/
Ora o "Diário do Sul" encerrou a questão, precisamente quando o debate começa a existir.
Não costumo ler o Diário do Sul, até porque na vida temos que ter prioridades. Também não chego ao ponto de dizer que este jornal seja o órgão oficial do executivo camarário. Parece quase, mas não é, nem a tanto se atreveria a Câmara actual.
É estranha esta atitude de regozijo do actual presidente em relação ao possível fim da isenção do imposto municipal no Centro Histórico. Diria que são atitudes que só se coadunam com uma visão de curto prazo e que não têm em conta a identidade e a importância da cidade, o que é grave.
Veja-se o que aconteceu por essa Europa no século XX em relação ao património construído. O que não foi destruído pela revolução industrial foi arrasado pela 1ª e 2ª guerras. Londres, Moscovo, S. Petersburgo, Cracóvia, Colónia, Dresden, Berlim ... foram bombardeadas sistematicamente, algumas até ao limite. Até a Espanha que oficialmente não entrou em nenhuma dessas guerras foi em grande parte destruída pela guerra civil.
E foram reconstruídas!
Muito do que vimos é pastiche, mas mesmo assim fez-se.
Quanto custou, quanto custa essa reconstrução e essa manutenção no dia a dia?
Aqui, em Évora, um caso excepcional na Europa, herdámos um património mais ou menos genuíno, fruto também de muita gente que lutou pela sua preservação.
Mas estas coisas pagam-se e se não houver o mínimo de despesas e subsídios ou minimização de despesas para os proprietários e moradores as coisas caem sem necessidade de guerra nenhuma, como cairam e foram (e são) destruídas em muitos lados e até aqui.
Será que alguns pensam que o património, para existir, tem que ser preservado apenas pelos moradores? Para que se fomente o turismo, para que se tirem fotografias? E que os moradores paguem o ónus de uma reconstrução mais cara (quando se mexe numa parede ou num chão pode aparecer muita coisa inesperada), de limitações inúmeras, de trânsito e estacionamento condicionado, de transportes obsoletos, de estruturas e serviços que se deslocam para outros lados?
Há quem queira que uns paguem tudo para manter, repito, uma cidade para os turistas tirarem fotografias?
Pensem também nos custos de tornar um centro histórico ainda mais caro para os que lá vivem e depois vejam quem é que o quer preservar só à sua custa.
Afinal, talvez o que falte a alguns é uma concepção de cidade viva e Património Mundial vivido.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário