sábado, 25 de julho de 2009

Da tragédia à farsa


Paulteiros de Miranda

Actualmente, desde que a crise se tornou mundialmente oficial e com consequências sobre "os suspeitos do costume", está novamente na moda citar Karl Marx. Pois citemos também uma célebre frase do 18 do Brumário:

"Hegel observa em uma de suas obras que todos os factos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa."

Com o Ministério da Educação o caso foi pior ainda: começou com uma tragicomédia, continuou com a tragédia sem brilho e acabou em farsa.

O sistema iluminado de avaliação dos professores foi também o "mons parturiens", a montanha que pariu o rato, caíu completamente no descrédito.
O período considerado de avaliação é o dos anos lectivos de 2007/2008 e 2008/2009. Só que o decreto que mandava fixar objectivos individuais foi publicado depois e ainda por cima alterado já este ano por outro "simplex", em que uns podem escolher ter aulas avaliadas e outros não. E quem entregou objectivos fez da maneira que lhe apeteceu, às dúzias ou às dezenas, mais ou menos. Há escolas que aceitaram objectivos individuais em Julho deste ano e esses professores vão ser classificados com Bom.

Ora há um mínimo nas definições das coisas. Objectivos só o são no início do processo e não depois dos factos consumados, isto é quando o ano lectivo já estava no fim ou já as aulas terminadas.

Assim é fácil: adequam-se os objectivos ao que foi feito e está feita a classificação à medida da burocracia e da autoridade.

Mas que ministério é este que se contenta com tão pouco, depois de exigir tanta papelada, depois de tanta teimosia e tantos estragos?
Felizmente a equipa está quase a ser despedida.

PS. Despedidas foram as deputadas do PS que alinharam com Manuel Alegre contra este sistema de avaliação e o Código de Trabalho. Já não vão voltar à Assembleia. Este Partido socialista não gosta dos que põem em causa a voz do dono.

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