Fui alertado pelo meu amigo Fernando Évora em relação a a alguns dados divulgados na Visão no suplemento intitulado “O Estado da Educação”, publicado como parte integrante da edição n.º 707 dessa revista, em 21 de Setembro de 2006.
Cita-se:
« número de horas exigido aos professores, nas escolas [portuguesas], é substancialmente inferior ao de outros países.
A um professor, em Portugal, no secundário, é exigido que passe cerca de 590 horas
por ano na escola, enquanto a um seu colega sueco se exige um total anual de 1360
horas. Aberrante?».
A informação ter-se-à baseado nas estatísticas da OCDE, Education at a Glance 2006
A publicação actual, Education at a Glance 2008, já aqui referida, indica como horas de trabalho na escola, 1360 para a Suécia e 1260 para Portugal, sendo que, em Portugal, no 1º ciclo corresponde a 860 horas lectivas (média da OCDE 812) e no ensino secundário 664 (média da OCDE 664). Para a Suécia não há actualmente este indicador mas, no mesmo quadro, é referido que, em ano anterior, é de 624, no 1º ciclo e 528 no ensino secundário; menos que em Portugal).
Portanto, há aqui uma mistificação deliberada: Os professores portugueses não passaram em dois anos de 590 horas para 1260. E, na Suécia, os dados dizem que não aumentaram as horas de trabalho, sendo que têm menos horas lectivas.
Essa mistificação passou, ao comparar coisas que até não são comparáveis. E não foi desmentida por uma revista que acha que é credível. E essa revista poderia ter simplesmente consultado a legislação portuguesa e informar-se junto das escolas. Mas é mais fácil propagandear preconceitos e mandar os métodos de investigação e a deontologia dar uma volta.
Mas põe-se ainda outra questão muito séria. Porque é que a OCDE tem, alegadamente, esta disparidade de dados, de 2006 para 2008? É certo que aparece um aumento de 1,2 (no que respeita ao ensino secundário, mas em relação às horas lectivas). Mas passar de 590 horas para 1260?
Só há uma explicação. Quem fornece os dados à OCDE é o governo português. Em 2006 incompetente ou deliberadamente misturou as horas lectivas com o trabalho total (que nem sequer é esse que agora se apresenta).
E com isto se fez política. Não! Propaganda com os "suspeitos do costume".
Haja Visão!!
Certamente pagaremos a factura.
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