Começo pelo ministério, agora dois em um, como antes, há uns anos.
É complicado, e muito. Com muitos organismos, muita burocracia que se alimenta a si própria, muitas ideologias, que ultrapassam o sistema partidário.
O ministério é grande, grande demais. Centralista, mesmo quando se apregoa a autonomia. Com direcções regionais que aumentam ainda mais o excessivo tempo da burocracia de “Ancien Régime”. Basta ver quando sai uma lei nova, um decreto-lei, logo surgem inúmeras circulares, a explicar, ou mais frequentemente a desvirtuar o que foi decretado. E a partir do princípio, não explícito que os outros têm compreensão lenta, ou que são apenas súbditos. E se fosse só uma lei de vez em quando! Mas não, nem se avalia o que já foi feito e já aí vêm mais.
Um dos problemas é o da confiança. O ministério não tem confiança nos seus agentes, nem em ninguém. São mais importantes os formalismos, como nos exames, do que os conhecimentos e as aprendizagens dos alunos. Ao contrário do que se diz, parte-se do princípio que todos são culpados até provarem que não são. O problema não é só deste ministério, é comum a outros e à administração em geral.
Daí a papelada, daí a moderna papelada informática, em conjunto com a antiga. Daí que a autonomia das escolas (coisa diferente de um neo-feudalismo em acção e repressão) não seja levada à prática.
E os lobbies, os corporativismos, os grupos de pressão? Não se fala já das maçonarias, que existem, da Opus Dei, em crescimento, das ideologias de algumas ESEs e universidades, das “contra ideologias” de outras universidades, das “tias” ou “madrinhas” que vão infantilizando os alunos e os utentes das bibliotecas, que querem festas e avaliações mas que não se preocupam com aquilo com que se fazem os melões, a começar por uns míseros tostões entregues a quem sabe fazer coisas, com autonomia e sem subserviências.
Temos um novo governo que vai executar as decisões do FMI e dos poderes europeus, piores ainda. Um governo que pretende ir mais além do que os outros que agora mais mandam em nós. Um governo que pensa que tudo deve ser privatizado e que tem uma componente conservadora, para além dessa difusa ideologia neo-liberal, claramente interveniente, corporizada pelo PP de Paulo Portas e outros, a quem os meios de comunicação e instituições têm dado muito mais poder do que aquele que teriam pelos votos.
Agora é cortar nas despesas. Percebe-se, mas em quais? Corta-se no ensino público e vai-se aumentar nos privados que vivem à custa do estado, promovendo o ensino religioso ou ideologias conservadoras e elitistas?
Nuno Crato contestou muita coisa que se fez nestes últimos anos no Ministério da Educação.
Vamos ver. Vamos ver se aguenta tanta pressão. Vamos ver se passar das opiniões à acção muda alguma coisa que não está bem, sem destruir o que funciona melhor.
Ao contrário de outros, confio nas pessoas até ser provado que agiram mal.
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