Passos Coelho (porque é que será que alguns têm que ser sempre chamados por dois apelidos?) falou na “vitimação” de Sócrates. Sabemos que ele demorou muitos anos a tirar um curso, que era o quase eterno dirigente da JSD, até sobrevirem algumas rugas, que não fez mais nada além de estar na JSD e no PPD, ou à conta disso, mas ao menos poderia falar melhor, tanto mais que ele, como Paulo Portas, já se apresentaram com um cenário de quem já está no poder. Também Sócrates passou a vida no partido. Em ambos faltam outras experiências de vida que não demonstrem que só passaram a vida no poder e à procura de poder. Em ambos perpassa a falta de autenticidade, em ambos transparecem os truques publicitários, em ambos a falta de convicções que mostrem que têm ideias e finalidades, para além do tempo breve de ganhar eleições e manterem-se no poder.
Nestes últimos anos temos tido primeiros-ministros com poucas convicções e sentido de res publica. Durão Barroso, assim que lhe acenaram com um cargo em Bruxelas, abandonou o país. Seguiu-se o histriónico Santana Lopes que, apesar da muita paciência de Jorge Sampaio perante tanto desvario e incompetência, teve que ser posto na rua. Também outro fruto das eternas juventudes partidárias. E esse foi o último governo do PSD.
Exemplos do PSD? Se a memória me não falha, um dos primeiros-ministros que mais tempo esteve no governo foi Cavaco Silva. Hoje fala em contenção nas despesas, no regresso à terra e moralização nos cargos, mas durante o seu mandato negociou-se o fim da protecção à agricultura, a entrega do espaço marítimo, distribuíram-se subsídios sem critério, com um aumento exponencial de jipes e Ferraris, encontraram-se inúmeros cargos para os que colaram cartazes, os chamados “boys”. Cresceu o estado, que agora querem diminuir, privatizou-se tudo o que o estado tinha de lucrativo. Manuela Ferreira Leite, que agora avisa, foi ministra das Finanças.
O PS seguiu caminhos semelhantes, pouco se distinguindo estes dois partidos e o seu anexo (CDS). Alguns que ainda criticavam foram sendo sucessivamente postos na prateleira e esquecidos nas candidaturas às eleições seguintes, ficando mais o vazio dos comprometidos com os cargos do que os que falavam livremente.
O PS seguiu caminhos semelhantes, pouco se distinguindo estes dois partidos e o seu anexo (CDS). Alguns que ainda criticavam foram sendo sucessivamente postos na prateleira e esquecidos nas candidaturas às eleições seguintes, ficando mais o vazio dos comprometidos com os cargos do que os que falavam livremente.
PSD (também não percebo porque insistem na sigla social-democrata) é uma alternativa? A quê? Não têm sido eles que têm sustentado este governo sem maioria? Não foram eles que apoiaram as medidas do PS no governo, fechando escolas e centros de saúde, acabando com o abono de família, aumentando o IRS e o IVA, os descontos para a segurança social, reduzindo os salários dos funcionários públicos …?
Agora querem apresentar-se como alternativa? Depois de tanto sustento ao governo, o que é que propõem agora? Nada ouvi ainda.
Agora querem apresentar-se como alternativa? Depois de tanto sustento ao governo, o que é que propõem agora? Nada ouvi ainda.
E o CDS que em tantos governos tem participado, que tantos fretes tem feito a estes governos, quer também apresentar-se impoluto, como um submarino que agora vem ao de cima?
E esta União Europeia que tanto nos “ajuda”? O BCE empresta a 1% de taxa de juro aos bancos, que por sua vez exigem ao Estado português juros de 7%, o que torna ainda mais insustentável a dívida portuguesa. Chamam ajuda a esta forma de lucrarem cada vez mais, à custa das transferências dde capitais da Grécia, de Portugal, da Espanha …
Se houvesse ainda alguma moral nesta política internacional a senhora Merkel e todos estes neoliberais, deveriam, pelo menos lembrar-se que o que a Alemanha destruiu na segunda guerra mundial não foi ressarcido. Dirão que isso é passado, mas as empresas alemãs, herdaram e herdaram-se do que foi feito nesse tempo (a Krupp, a Volkswagen …). Como qualquer dia dirão também que é passado, todos os subsídios e sacrifícios que toda a União Europeia fez em prol da reunificação alemã, que todos pagámos, mesmo os desprezados PIGS (com essas designações se mostram certos sentimentos "europeus").
Agora exigem-nos baixa de salários, aumento de impostos, menos segurança social, menos direito à Saúde, menos … e … mais juros, como “ajuda”.
Mas não havia por aí uns projectos de uma Europa social, solidária etc., etc? É que há uma grande diferença entre receber subsídios e pagar juros especulativos. Nem a sede do capitalismo internacional (se existe assim), os EUA, fazem isso com os respectivos estados com problemas, mesmo não sendo mansos ou caritativos, coisa que também não queremos para cá.
Ou isso da "Europa connosco"só serviu quando era para conquistar mercados, angariar consumidores e … financiar a reunificação alemã e a expansão dos seus mercados para Leste também, reconstituindo impérios económicos, onde os políticos falharam por resistência dos povos, engordar os bancos e outros, que tão poucos impostos pagam, sobretudo quando transferem os lucros para a "neutral" Confederação Helvética, Bahamas, outros paraísos fiscais ingleses ou sem pátria nenhuma?
Ou isso da "Europa connosco"só serviu quando era para conquistar mercados, angariar consumidores e … financiar a reunificação alemã e a expansão dos seus mercados para Leste também, reconstituindo impérios económicos, onde os políticos falharam por resistência dos povos, engordar os bancos e outros, que tão poucos impostos pagam, sobretudo quando transferem os lucros para a "neutral" Confederação Helvética, Bahamas, outros paraísos fiscais ingleses ou sem pátria nenhuma?
Um comentário:
Bem dito!
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