domingo, 7 de março de 2010

Património degradado em Évora


Ruas da Moeda e de Alcoutim, em pleno Centro Histórico de Évora, Património Mundial. Algumas destas casas estão abandonadas há dezenas de anos. Na rua da Moeda, a casa ainda tem portais góticos, provavelmente do século XV; numa delas existia a “mezuzah”, uma ranhura onde os judeus punham um fragmento da Tora, para proteger a habitação. Vê-se que foi também uma adega, pois ainda lá está uma talha de boas dimensões. Na outra, já na rua de Alcoutim, pegada com a primeira, há uns anos vivia por lá uma pessoa que “alugava” quartos a raparigas e outros que não tinham para onde ir. Não tinha água nem electricidade e as pessoas iam buscar água a um fontanário no Largo dos Mercadores. A outra casa na rua de Alcoutim era, há dez anos ou mais, um restaurante. O tribunal ordenou o despejo e, de vez em quando, a porta, ou o que resta, é arrombada e serve frequentemente a um ou outro sem-abrigo ou consumidores de drogas.
A solução que a Câmara Municipal tem usado é emparedar as portas e, agora, fechar a rua.
Como se ninguém tivesse responsabilidades definidas: o proprietário, a Câmara Municipal, o IGESPAR.
Por vezes estes prédios têm dezenas de proprietários que não se entendem. Mas nós não temos culpa disso. A Câmara Municipal tem instrumentos suficientes para compelir a fazer obras ou tomar posse administrativa. No final pode apresenta a factura.
O que não se justifica é este perigo público e este miserável estado sanitário. Explico melhor: estes prédios podem ruir, como os quarteirões antigos funcionam em conjunto, os prédios vizinhos são também afectados, os ratos acumulam-se, os pombos também, com doenças associadas. E a defesa do Património, emblema de Évora, até o Turismo, essencial para a economia, o que é deles?

2 comentários:

Anônimo disse...

Boas recordações desta rua e especialmente da 2ª porta verde, no sentido do Largo dos Mercadores, onde vivi até quase aos seis anos. Doi-me ver esta rua com casas ao abandono e tão degradadas.
Fernanda

Anônimo disse...

Eu à pouco tempo passei por essa rua. Eu tenho a impressão que as pessoas de Évora nao apreciam e cuidam do seu patrimonio, e penso ainda que a maior parte preferia ter uma cidade "moderna". E não percebem a riqueza e beleza que esta cidade tem.

Eu não sou de cá, e aprecio a beleza desta cidade, gosto de andar pelas ruas estreitas e observar as coisas, depois de quatro anos em Évora, encontro sempre algo de novo, algo que ainda não tinha reparado.

Um grande abraço, Daniela Parra