Um grande filme que serviu de referência na época e durante largos anos para quem vivia em ditaduras e poderia ter a possibilidade de aceder a ele. Ainda hoje, como as tragédias gregas, mantém uma mensagem, dilemas e interrogações que perduram.
Nesta cena, personagens contraditórias. Uma mulher perseguida pelos nazis, que admira ou ama um resistente ao nazismo, que conheceu outro resistente, "o homem da sua vida", o qual abandonou em Paris, em circunstâncias que não podia explicar, porque se vivia em clandestinidade, época em que este também combatia o "monstro". Depois o encontro, em que os sentimentos e instintos são contraditórios com a aparente incoerência de um antigo resistente que agora parece contemporizar com corruptos marroquinos e de toda a parte, e a polícia francesa de Vichy, submetida aos interesses alemães, também corrupta, aproveitando-se dos refugiados.
Nesta cena dramática, os alemães cantam, como conquistadores, um hino. O homem que resistiu e fugiu das prisões políticas pede à orquestra que cante a Marselhesa, hino de França, potência colonial, quase protectorado alemão, mas também uma canção de resistência contra a opressão e pela liberdade.
Rick, o aparente arrependido, dá sinal para a orquestra tocar. Esta abafa os alemães. Refugiados que querem fugir para Lisboa, em direcção à América acompanham e cantam cada vez mais alto. Até os polícias franceses deixam de pensar no ordenado; uma prostituta francesa que anda com alemães cantam também com todas as forças, libertando-se da humilhação.
Heróis e anti-heróis em uníssono, um grito pela Liberdade, que não se sabia se viria.
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