O curriculum é hoje mais diversificado. E é bom que o seja. Mas só na aparência é que os alunos escolhem. Volto outra vez ao exemplo do Latim, disciplina que é estudada em países com línguas germânicas ou outras, mas que por cá é desprezada. Acrescento o exemplo de Évora, cidade que teve outrora grandes latinistas: não se estuda Latim em Évora no ensino secundário, embora existam três escolas secundárias. A disciplina de Literatura Portuguesa é opcional e só alguns a escolhem ou têm direito a escolher. Os alunos do agrupamento de Ciências Sócio-Económicas raramente têm História, porque têm que escolher entre História B e Geografia. No curso de Línguas e Humanidades podem ter que escolher entre Literatura Portuguesa, Latim ou Geografia. No 12º ano raros são já os que têm Física ou Química ou Filosofia e mais raros ainda os que podem ter Ciência Política ou Antropologia Cultural. Qualquer dia quase ninguém percebe a necessidade, porque as gerações se foram resignando e desabituando. Apesar de haver aqui três escolas secundárias, o que acontece é que em cada uma não existem inscrições suficientes e, por isso vão sendo convidados a “escolher” outras disciplinas. Pior ainda em escolas onde há menos alunos, como são muitas por esse país fora.
Ora o problema resolver-se-ia se houvesse uma rede a sério, em que os alunos tivessem direito efectivo de escolher, independentemente de haver ou não outros com a mesma escolha. Pelo menos uma escola em cada distrito ou em determinada área, deveria ter todas as disciplinas do curriculum, ou seja umas escolas teriam umas disciplinas, outras teriam outras, mas com a garantia que nessa área existiriam todas, independentemente do número de inscrições. Se numa escola houvesse três inscrições, noutra duas e noutra quatro, funcionaria, pelo menos numa, essa disciplina. É um direito que não deveria ser sonegado por motivos administrativos ou corporativos. Se fosse necessário (e é), o Estado deveria assegurar transportes gratuitos ou residências de estudantes em condições (e não acabar com elas). Até ficaria mais barato, porque caro é os alunos serem obrigados a escolher áreas ou disciplinas que não querem e depois reprovarem. E sublinho, é um direito, para mais agora que o 12º ano passa a ser obrigatório.
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