Évora é Património Mundial porquê?
A resposta é necessariamente múltipla, mas é consensual que o é porque houve gerações que ao longo de séculos e séculos usaram, transformaram, modificaram e conseguiram, com coerências e incoerências, um património único, um conjunto com que as comunidades eborense, nacional e internacional se identificam ou identificam como excepcional. Mas não é nem pode ser, sob o risco de degradação, uma coisa só para a fotografia, parada no tempo, até porque o tempo corrói.
Évora é Património Mundial também porque houve um poder autárquico que propôs a classificação reconhecida pelo Estado e por instâncias internacionais. Não foi fácil o processo, e os compromissos para manter esse reconhecimento implicaram medidas e continuam a implicar, não apenas no quotidiano, como medidas excepcionais. Não interessa apenas o título, que se pode perder, mas a vivência e a preservação numa cidade que se quer viva.
A imagem é apenas o contrário do que deveria ser. Uma calçada que foi levantada porque as canalizações de água estavam literalmente podres (por baixo estão os esgotos ainda piores) e que foi deixada … à espera, já lá vão dois meses, com a chuva e a lama que suja os prédios e as pessoas, as sarjetas entupidas ... Os moradores ou proprietários que tentam preservar os prédios, além de pagarem taxas mais altas do que se morassem noutros lados, e sujeitos a maiores burocracias, ainda têm que aguentar estas esperas. É que já não se trata sequer de incentivar ou apoiar a preservação do Património, que é de todos. É a desresponsabilização de uma autarquia (e do Estado também) que não só não apoia, como dificulta e ainda por cima prejudica - quem preserva, quem passa, os que com menores capacidades tentam atravessar as ruas … todos.
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