Acompanhei, enquanto me foi possível, algumas reuniões com a Parque Escolar, num projeto concreto, em algumas questões localizadas. De pormenores não falarei por uma questão ética. Continuo a crer, pela minha experiência, que houve sempre diálogo, apesar de nem sempre concordar e apesar de outras instituições terem interferido sem dar a cara, ou na presunção de que alguns mandam, sem que a outros possa ser dada a possibilidade de participação no processo. Essa é outra questão que não tem a ver com os técnicos desta empresa pública.
Há aspetos em que discordei desde início. Não compreendo como é que património do Estado passa para uma empresa, mesmo que seja empresa pública. No futuro se verá o que é que uma empresa fará com a propriedade que ganhou. Espero que nunca seja privatizada nem tenha que vender este património.
Há outros problemas que não se resumem às opiniões abalizadas dos técnicos. A arquitetura não é só um problema de arquitetos, a engenharia não é só um problema de engenheiros. Ou há de servir a sociedade ou então são obras sem utilidade. Os utentes têm uma palavra a dizer.
Há escolas que estavam degradadas, outras menos, a maior parte sim, e que não estavam preparadas para o mundo atual, pelo menos, se nós (portugueses) quisermos um ensino melhor e com uma perspetiva de futuro. Em termos de espaços, não poderíamos continuar apenas com escolas frias (ou quentes quando não podemos mais), com infiltrações, com salas apenas com ardósias ou coisas parecidas, e giz, com simulacros de bibliotecas, de laboratórios, ginásios etc. Se queremos que o país avance, se acreditamos que a educação promove o desenvolvimento temos que ter melhores estruturas físicas. Não podemos compararmo-nos com o miserabilismo terceiro-mundista e reacionário do Estado Novo e podemos almejar viver num mundo de cidadãos informados e participativos.
No nosso país, por vezes, fazemos as melhores leis da Utopia. A Utopia continua a ser uma meta, mas quando se proclama antes de tempo, como se já feita, pode dar efeitos perversos. Fez-se uma lei sobre a qualidade do ar. Segundo o que ouvi numa reunião, a renovação seria de cerca de 60 m3 por pessoa por hora. Quem informou utilizou uma expressão semelhante a uma ventania permanente. Daí veio a ideia do AWAC, um sistema caríssimo, com gastos insustentáveis, mal implementado e agora parado em quase todas as escolas e com problemas não resolvidos, mas que se pagam, não apenas quando funcionam, mas quando param e se degradam.
Os equipamentos variaram conforme a época. Nos melhores tempos do PTE as escolas receberam, por exemplo, computadores novos quase à discrição. As que não estavam ainda em obras não receberam, prevendo-se que receberiam depois. Só que algumas ficaram a meio do tempo das “vacas gordas” e as que entraram no fim não recebem nada ou quase nada.
Agora é fácil usar toda a demagogia. Compreende-se, a custo, alguém, que sem informação nem responsabilidades, mande palpites. Mas um ministro, um matemático, um homem que há longos anos fala sobre educação, mesmo sem dados, já custa a acreditar que use uma linguagem que renega todos os valores e métodos que tantas vezes proclamou. E agora fica tudo parado, à espera até quando? Há que fazer cálculos
Há que analisar se os custos programados foram sobre um determinado universo ou se esse universo aumentou, isto é, por exemplo, se o orçamento inicial incidia sobre um determinado número de escolas e com quantos alunos ou se o número de escolas aumentou e o número de alunos por escola aumentou também.
Há que falar de questões concretas e vermos o que é que queremos e que país poderemos ter. Emendar os erros e resolvê-los o mais depressa possível, porque o país não pode esperar e parar sem sentido algum.
Nota: sou um cidadão como outro qualquer. Nada tenho a ver com o anterior governo nem com este. Sou apenas um contribuinte sem alguma relação com empresas envolvidas.
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