quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ainda a avaliação de professores

À falta de melhor termo, confesso que o tema já me provoca tédio. Não é bem como aquele mau estar do Jacinto em Paris nem o tom das crónicas de Vasco Pulido Valente. Talvez seja aquela fartura do desgaste do ver baralhar de novo para ficarem algumas coisas na mesma e piores ainda.
Há uma cultura que teima em ressuscitar por trás de novas/velhas ideologias que se pretendem científicas. O que conta essencialmente é o tempo e cada vez mais o seguidismo. Não é para mim surpresa, mas tem-me impressionado o “masoquismo” em tantas escolas e com tantos professores a inventarem ainda mais grelhas e mais extensas do que as do próprio ministério. Alguns parecem aquele Tântalo da mitologia helénica que vivia cheio de sede num lago e que, cada vez que tentava beber a água, esta desaparecia para seu desespero continuado. Apesar da condenação, do destino, ainda tinha alguma esperança, mas nem o fado nem os deuses o deixavam libertar-se.
Fala-se tanto em mérito mas continua a esquecer-se o que as pessoas têm feito ao longo da profissão e não apenas no último ano. Uma ou duas aulas para relator ver podem ser mais importantes que um percurso, que um curriculum. Tanto faz que se tenha feito uma licenciatura em cinco anos e mais dois de profissionalização ou que se tenha estudado cinco com tudo incluído, ou ainda um curso médio promovido administrativamente a bacharelato, mais uns trabalhos para ficar com licenciatura. Tanto faz que se continue a estudar e a fazer investigação, novas experiências, como não. Tanto faz fazer cursos de pós-graduação, mestrados e doutoramentos (antes ou depois de Bolonha), aqui ou ali, como não. Tanto faz a pessoa inserir-se em projetos, que envolvem sempre riscos, como apenas fazer o mínimo sem dar nas vistas. O que vai contando é o tempo de serviço, a sorte ou o azar de ter feito a profissionalização, antes ou depois de outros, aqui ou ali.

Há quem fique contente com isto. Mas será que vale a pena esperar apenas que o tempo passe?

Um comentário:

Paula Vidigal disse...

A "conversa" da tarde ficou lá a bater-te, hein?
:)