Estado liga “pouco” à canonização de S. Nuno.
Este é um título do Público de hoje, reproduzindo afirmações do Cardeal Patriarca.
Quanto a mim, o Cardeal Patriarca até nem é má pessoa, cortou com qualquer parecença com outros, como o Cerejeira que sempre militou pelo regresso à “Cidade de Deus”, a rural “cidade” do antes do iluminismo, das revoluções, quando os senhores e a Inquisição mandavam neste país que se distanciava do Norte da Europa. Este cardeal até é uma pessoa aberta, e é assim que deverá continuar, sem se meter demasiado onde não deve. Ou antes, dê as opiniões que quiser mas não exija que o Estado se submeta à Sacrossanta Igreja Católica Apostólica Romana nem vice-versa.
O Estado português está separado das religiões. O Estado não tem que se pronunciar sobre santos. Se houver problemas, dúvidas, isso pertence aos católicos que todos os anos vêem consagrados mais umas dezenas de santos, o que já não é um trabalho pequeno.
Quem não é católico não tem que criticar os critérios da Igreja Católica como se fosse um problema nacional, mas pode ter opinião. O que é que me interessa que a Igreja Católica tenha canonizado Monsenhor Balaguer, que ajudou Franco a dizimar comunistas, republicanos e afins ou suspeitos? O que é que me interessa que a Igreja Católica considere santa, Isabel a Católica, que cometeu um genocídio em relação aos muçulmanos e judeus peninsulares? São critérios de uma igreja como as outras.
Nuno Álvares Pereira foi uma figura importante da História de Portugal. Combateu contra os castelhanos e foi decisivo na independência de Portugal. Claro que houve muitos que o seguiram e ficaram nos campos dos Atoleiros e em Aljubarrota. Nuno Álvares, um dos mais de 30 filhos do Prior do Crato, soube lutar, mas também soube ganhar e ficou o maior senhor de Portugal com terras por todo o lado, do Alentejo a Trás-os-Montes, passando pelas Beiras. Foi a partir da sua fortuna ganha durante a crise ou revolução de 1383-85 que se construiu a Casa de Bragança, uma das maiores da Península Ibérica. Mandou construir, entre outros, o convento do Carmo, até para demonstrar que não era só D. João I que poderia celebrar a nova dinastia com o mosteiro da Batalha.
No final da vida dava sopa aos pobres, mas já tinha a barriga cheia. Enfim, também há quem não dê nada a minguem.
Evidentemente que isto não tem a ver (pelo menos da minha parte) com todo o aproveitamento que se fez da figura de Nuno Álvares, contra a República, com a "Cruzada Nun'Álvares" ou pelo Estado Novo com a mitificação de heróis e santos úteis à propaganda nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário