segunda-feira, 11 de abril de 2011

Requiem

Não sei fazer música, nem executá-la, arte que muito aprecio. Mas se soubesse também não faria um requiem por este motivo. Fica apenas a ideia do final, previsível.
Entre Ética e Política há algumas diferenças. Temos princípios, valores, mas temos que conversar com os outros. Se quiséssemos que os nossos valores se sobrepusessem aos outros sem discussão poderíamos ter aquilo que já foi experimentado: "il stato totalitario", que não sei se passou de moda. Mas há que ter um mínimo de coerência entre Ética e Política. Não podemos prescindir de algumas coisas só para alcançar o poder.
Moralismo é palavra vã mas com efeitos práticos. Os moralistas ao longo do tempo tentaram impor aos outros práticas, ora falando em nome de Deus (os deuses no plural têm menos culpas), ora em nome da Nação, do Estado, da Comunidade, segundo o que eles definem. Defendem um pensamento unidimensional, coisa que abomino.
Detesto os moralistas, os pregadores que não permitem o contraditório, os salvadores que se auto-proclamam.
Fernando Nobre tem feito um trabalho interessante na AMI.
Mas fez uma campanha moralista, até autoritária, contra os "políticos", contra os deputados, contra ... como se fosse ... o salvador. Também Cavaco o fez, sempre, utilizando o sistema político vigente, utilizando sempre o argumento da culpa dos outros, como se nada tivesse a ver com o assunto.
Fernando Nobre afinal aderiu ao partido que tem apoiado todos os PECs menos o último, mas para exigir ainda mais aumentos do IVA e outras coisas, que precipitou a situação obrigando-nos ainda a pagar juros mais altos. Aderiu a um partido que apoiou tudo o que possa ser feito para acabar com os direitos sociais e culturais em nome dos interesse financeiros, dos que lucram. Há-de continuar a dizer que não aderiu. Mas está lá.
Enganou-me? Não! Enganou alguém? Também me parece que não. Nestas situações há que ver se a "culpa" do engano não tem a ver com o próprio que descarta para os outros, como se fosse um ser pequenino, sem responsabilidade.
Como dizia a Sophia:
 Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Se nos juntarmos ela cairá.
"si estirem tots ella caurà
i molt de temps no pot durar!
segur que tomba, tomba, tomba"

domingo, 3 de abril de 2011

Trabalhos de Primavera






A Primavera é a época do despertar da Natureza. São flores mas também ervas. Este fim-de-semana dediquei-me mais às ervas e à limpeza de alguns arbustos. A companhia foram alguns pássaros, um cágado que é excelente a tratar dos caracóis e outros bichinhos e ainda um gato vadio e ranhoso que me ia observando, não sei se por causa de uns restos de bacalhau que dei ao cágado ou apenas a apanhar sol ou talvez ainda a gozar comigo!

Eleitoralismos de curto prazo e irresponsabilidade contínua.

As direitas e as esquerdas continuam a existir.  À direita e à esquerda é possível haver gente que pense a longo prazo. Não falo em valores, que estou farto desses discursos sobre valores que são mais que demagogia quotidiana, nem em nacionalismos, palavra tão gasta neste últimos séculos, tão usada e violentada.
Não se trata só de encontrar culpados, porque a culpa não serve para nada. O estado do Estado a que se chegou continua a exigir medidas e estratégias que não são visíveis para quem procure uma solução. O Estado português foi adquirido essencialmente por três partidos, o PS, o PSD e o CDS, com clientelas que o esvaem, tornando-se difícil distinguir os interesses financeiros dos interesses partidários. Mas, ainda por cima, deixaram de ter sentido de estado, preocupando-se sobretudo com os interesses imediatos de conquista das últimas migalhas do poder.
Percebe-se porque o PSD não apoiou um dia as medidas do governo levando-o à queda, para no dia seguinte vir Pedro Coelho propor o mesmo e até mais aumentos do IVA e ir a correr a Bruxelas a dizer que iria fazer mais do mesmo ou pior, depois de dar tantos avales a este governo e às suas medidas? Percebe-se que o PSD tenha agora proposto o fim do modelo de avaliação dos professores quando poderia tê-lo feito há um ano sem este desgaste sem fim de todos? Percebe-se que um presidente da República tenha dividido o país entre os que são a seu favor e os que são contra e venha agora apelar à conciliação, depois de nada ter feito por isso? Para quê convocar eleições se agora andam esses a defender o mesmo?
Há muitos que compreendem as dificuldades do Estado. Mas é preciso mais e de outra maneira. Porquê reduzir os vencimentos apenas aos funcionários do estado e empresas públicas (e aí com diferenças)? Só esses é que usam os serviços, como a Saúde, Educação etc.? Não haveria alternativas mais igualitárias, salvaguardando os que nada mais podem pagar porque quase nada têm para manter a dignidade? Por que não mexer na Justiça, fazer pagar, se possível, e em tempo útil,  os que têm roubado, e prevenir que não se repitam situações de extorsão dos bens públicos?
É urgente saber o que se passa neste país. A embrulhada de (falta) de informações de nada serve. Muito menos esta zanga de comadres que dizem que vão fazer o mesmo mas não querem assumir. Mas hão-de querer que sejam os do costume a assumir os custos. Eles já os aumentaram.